Dissertação argumentativa: onde vive e do que se alimenta
Por Marina Sestito
Stoodianos,
Agora que vocês já superaram o trauma da redação e já sabem que escrever pode ser muito legal (se não superou ainda, leia o texto anterior e eu prometo que vai ficar tudo bem), vamos começar a falar sobre o que precisa ser feito para escrever uma boa redação de vestibular.
Em primeiro lugar, o que seria um bom texto? Qual seria o critério para dizer se uma redação cumpre – ou não – o seu papel?
Há muitos gêneros discursivos e cada um deles tem um objetivo diferente. Alguns vestibulares, como a Unicamp e a UFPR, trabalham com gêneros discursivos variados, mas a maior parte dos vestibulares adota a famosa, a temida, a assustadora dissertação argumentativa como forma de avaliação.
Isso posto, resta saber: qual o objetivo de um texto tipo dissertativo argumentativo? A dissertação argumentativa tem o objetivo de conduzir o leitor a um ponto de vista; tem, em última análise, o objetivo de “convencer”.
“Ahhhh, mas as pessoas são livres e têm direito a ter a opinião que quiserem. Não sou eu que vou ficar convencendo as pessoas. Além disso, o que eu posso fazer se a pessoa for teimosa e não quiser concordar comigo de jeito nenhum, por melhores que sejam os meus argumentos?”
Você não precisa convencer ninguém. A dissertação não tem os seus propósitos atingidos apenas quando a pessoa que leu o seu texto concordar com você. O convencimento do seu leitor não é o que condiciona a qualidade do seu texto. É importante, no entanto, que você planeje a sua redação tendo em vista esse objetivo, tendo em vista que é isso que você se propõe a fazer.
É muito, muito comum que as pessoas apresentem uma lista de tudo que elas sabem sobre determinado tema, esperando impressionar o leitor com tamanha erudição. Duas ou três citações de filósofos, um trecho de um livro de literatura, uma introdução construída a partir dos conteúdos da aula de História e – pronto! Temos um texto! “O corretor vai ficar impressionado com todos os meus conhecimentos e vai me dar 10 com louvor!”
Não, não vai. Eu não gostaria de ser a pessoa a te dizer isso, mas não é meia dúzia de citações que vai impressionar um corretor de vestibular.
O que nós, corretores torturadores, queremos encontrar na sua redação é solidez de argumentação. Queremos que você nos diga qual é o tema de que você vai tratar em seu texto, qual é o posicionamento que você irá defender acerca desse tema e que você nos apresente razões pra concordarmos com o seu ponto de vista, recorrendo a exemplos concretos, dados estatísticos, casos divulgados pela mídia e tudo que possa fazer com que a sua visão sobre uma determinada questão nos pareça crível e razoável. Apenas isso. Nós queremos te ouvir. Nós queremos saber o que você pensa a respeito de determinada questão e o que te faz acreditar no que você acredita acerca daquela determinada discussão. Nós queremos que você nos convença – ou que tente, pelo menos.
Muito difícil? Impossível, inimaginável? Tortura de corretor malvado?
Deixa disso. Não é pra tanto. Redação dissertativa argumentativa nada mais é do que uma conversa entre pessoas que estão querendo se entender e construir algo bacana juntas, sem recorrer a nada além de argumentos muito bem fundamentados.
E agora vai lá praticar a redação e manda pra gente ler e discutir tudo juntos!
Muitos beijos e até semana que vem 🙂
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Marina Sestito é a Coordenadora de Redação do Stoodi. Formou-se em Filosofia pela FFLCH, na USP – atualmente cursa Licenciatura na FEUSP. Trabalhou em cursinhos pré-vestibulares e hoje comanda a equipe de correção do Stoodi.