O que é crônica: características, principais tipos e mais!

Você sabe o que é uma crônica? Esse é um gênero textual bastante popular no jornalismo. Saiba tudo com o Stoodi!

O que é crônica: características, principais tipos e mais!

Texto contemporâneo apresenta fatos do cotidiano em linguagem simples

Dentre os inúmeros gêneros textuais existentes, um dos mais populares e utilizados para descrever situações do cotidiano é a crônicaMas você sabe identificar esse tipo de texto? Conhece suas principais características? Fica com a gente que vamos te contar tudo o que você precisa saber.

Muito usado em textos jornalísticos publicados em jornais e revistas, é escrita com uma linguagem simples e coloquial, que torna a leitura mais fácil e agradável. E também permite que o leitor se sinta amigo do cronista, já que o texto é desenvolvido em tom de conversa informal.

A crônica é um tipo de texto que tem prazo de validade por se tratar de um assunto contemporâneo, geralmente uma crítica ou comentário sobre algo que está sendo debatido no momento.

Para saber mais sobre as crônicas, continue a leitura!

Características da crônica

Entre as principais características da crônica, é possível destacar a linguagem simples, objetiva e o texto curto. Além de se tratar de uma abordagem que geralmente retrata temas contemporâneos.

Em seu eixo temático, é um texto que retrata acontecimentos do cotidiano, sempre com um caráter crítico (sobre comportamentos sociais, leis, instituições etc). É um gênero textual que passeia entre o jornalístico e o literário, trazendo temas reais trabalhados de forma mais subjetiva.

crônica é um tipo de texto que chama atenção pelo seu tom mais leve, muitas vezes irônico e humorístico, prendendo a atenção do leitor por contar a história de forma rápida e sem grandes detalhamentos.

A essência da crônica é:

  • Trata de assuntos contemporâneos;
  • Utiliza linguagem simples e coloquial;
  • Faz uso de poucos ou nenhum personagem;
  • Tom irônico e humorístico;
  • Bastante usado no jornalismo;
  • Textos rápidos e objetivos.

Principais cronistas

O Brasil tem muitos cronistas populares. Entre os principais nomes, vale destacar os seguintes autores:

  • Antônio Prata;
  • Machado de Assis;
  • Luís Fernando Veríssimo;
  • Carlos Heitor Cony;
  • Rubem Braga.

Tipos de crônica

cronica

Apesar de se tratar de um texto narrativo-descritivo, a crônica pode ser escrita de formas diferentes e tratar os assuntos de formas distintas. Entre os principais tipos de crônica, é possível destacar:

Crônica narrativa

A crônica narrativa sempre contam com fatos do cotidiano, acontecimentos das últimas semanas e ações em geral. O texto conta uma história, seja em 1ª ou 3ª pessoa do singular, relacionada a diferentes fatos.

Crônica descritiva

Como o próprio nome diz, se trata de um texto descritivo sobre uma determinada situação do cotidiano, em algum local, contendo ou não personagens.

É explorar ao máximo os detalhes do objeto, local, pessoa ou animal que o cronista deseja descrever.

Crônica humorística

Essa crônica possui característica voltada ao humor, mas que usa a seu favor a ironia para entreter seu público. Na maioria das vezes, a crônica humorística é utilizada para contar uma acontecimento político, econômico ou cultural de uma forma mais descontraída.

Crônica jornalística

Texto muito utilizado pela imprensa brasileira para retratar e refletir sobre temas da atualidade em uma linguagem um pouco mais leve.

Esse tipo de crônica possui um caráter mais narrativo e argumentativo, mas sempre trazendo a leveza textual.

Crônica na prática

Para entender melhor como é construída uma crônica, segue abaixo um texto escrito por Antônio Prata, referência brasileira nesse tipo de escrita. Perceba como a história transcorre de forma rápida e objetiva, com uma linguagem bastante simples e coloquial.

Exemplos de crônicas

Indo Embora – por Antônio Prata

Como em tantas outras madrugadas, acordo com um chorinho na babá eletrônica. É a Olivia, minha filha mais velha, de um ano e oito meses. Na maioria das vezes, ela vira pro lado e volta a dormir, sozinha. Em algumas noites, contudo -e é o caso desta aqui-, ela senta no berço e começa a gritar “Papai! Papai! Papai!” ou “Mamãe! Mamãe! Mamãe!” até que um de nós apareça para ouvir suas reivindicações.

São dois filhos, duas babás eletrônicas, cujos sinais se embaralham, de modo que não ouço bem se é “Papai!” -e serei eu a sair tropeçando pela noite fria- ou “Mamãe!” -e caberá à Julia explicar que não é hora de mamar, nem de ir pra escola, nem de brincar com o Senhor Batata, nem de ouvir Galinha Pintadinha, mas hora de dormir.

“É papai ou mamãe?”, balbucio, de olhos fechados, ao que minha mulher, sem nenhuma compaixão, sem nem sequer segurar a minha mão ou fazer um cafuné preparatório, dispara: “É ‘Arthur'”. Uma espada samurai atravessa o meu peito.

É claro que eu sabia que esse dia iria chegar: o dia em que aquele bebezinho lindo que embalei em meus braços, na maternidade, aquele serzinho indefeso que eu trouxe pra casa, a 30 km/h, com pisca alerta ligado, pela Raposo Tavares, aquele bumbunzinho rechonchudo que tantas vezes limpei, aqueles olhões deslumbrantes diante dos quais expliquei “esse é o leão”, “essa é a lua”, “esse é o manjericão”, “essa é a chuva”, iriam me trocar por outro homem. Achava, porém, que esse dia só viria lá por 2030 -2027, na previsão mais pessimista.

Pensando bem, nem havia pessimismo na previsão. Imaginava, não sei se do alto do meu narcisismo ou do fundo da minha ingenuidade, que iria encarar tal dia com satisfação. Afinal, eu haveria criado minha filha para o mundo. Que ela saísse por aí se apaixonando e namorando seria um sinal da sua saúde e do nosso acerto.

Um pai enciumado? Coisa mais anos 1950 -e, no entanto, meus amigos, quando descubro que não é a mim que ela implora para salvá-la do escuro e da solidão, mas ao Arthur, colega da escola – um rapaz mais velho, diga-se de passagem, já beirando os três anos- um nó de marinheiro se forma na minha garganta.

Estirado na cama, trêmulo, me dou conta de que, nas últimas semanas, ela já vinha dando sinais daquela paixão, e, pior, eu os vinha recebendo com patente irritação. Eu pegava o “Marcelo, Marmelo, Martelo”, a Olivia punha o dedo na capa e dizia: “Arthur!”. “Não, Olivia, não é o Arthur, é o Marcelo!”. Aparecia o irmão da Peppa, na TV, ela corria até a tela, sorrindo: “Arthur!”. “Não, Olivia, não é o Arthur, é o irmão da Peppa!”. Huguinho, Zezinho, Luizinho? “Arthur! Arthur! Arthur!”. “Não, Olivia, eles são patos, não são o Arthur!”.

“Se você não vai, eu vou!”, resmunga a Julia, saindo da cama, surpreendentemente insensível ao meu cataclismo emocional. Só, vendo a Olivia na telinha da babá eletrônica, compreendo que não é ciúmes o que eu sinto, é solidão, uma solidão inédita e brutal: aquela menininha sentada no berço já começou a sair de casa, está indo embora, minuto a minuto, desde o dia em que a embalei no colo, na maternidade; logo, logo, ela parte, de braços dados com algum Arthur, depois eu fico velho, aí eu morro, então acabou-se o que era doce, ou agridoce, tão rápido, tão rápido, que coisa mais doida é isso tudo.

Agora que você já sabe o que é uma crônica e quais suas características, veja como escrever uma crônica.

As crônicas quase sempre estão presentes no Enem e vestibulares, por isso é muito importante estar afiado no assunto. Para se preparar cada vez mais nessa e outras matérias, acesse nosso plano de estudos e comece estudar! Cadastre-se gratuitamente:

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