Tipos de intertextualidade: saiba tudo sobre as relações entre os textos!

Quando duas obras apresentam intertextualidade, é preciso ir mais fundo na leitura. Saiba tudo sobre o assunto no nosso blog e veja exemplos!

Tipos de intertextualidade: saiba tudo sobre as relações entre os textos!

Stoodi: conheça os tipos de intertextualidade com exemplos!

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Escritores encontram inspiração em uma fontes inesgotáveis de experiências deles mesmos ou de outras pessoas, de acontecimentos, de personagens históricos notáveis e, muitas vezes, também de outros textos. Já havia parado para pensar nisso? Trata-se da intertextualidade, ou a relação existente entre textos. Existem diferentes tipos de intertextualidade e, para mergulhar nesse assunto, você deve conhecer cada um deles.

Para começar, é importante entender que a intertextualidade não existe apenas entre trabalhos de escritores, pois pode acontecer também entre um texto e uma notícia, um poema, uma obra de arte, uma canção etc. É necessário que haja um texto-base para que outro seja inspirado por ele ou criado a partir dele e, assim, aconteça a intertextualidade.

Como falamos, há diferentes categorizações desse conceito linguístico e, se você continuar a leitura, vai ficar por dentro de cada um deles! Vamos lá?

 

Intertextualidade implícita

As intertextualidades dividem-se em duas categorias principais, a implícita e a explícita. A intertextualidade implícita exige uma análise mais aprofundada e atenciosa por parte do leitor. Isso acontece por que, aqui, não há citações ou menções diretas ao texto-base.

A conexão entre os dois textos acontece por meio de referências, discretas ou mais escancaradas. Com isso, você pode até ser capaz de extrair significados do texto secundário sem ter conhecimento da obra original, mas pode ter certeza: você só entenderá todas as nuances do que está sendo dito se compreender também o texto-base, o que fará com que a obra derivada revele-se mais rica e mais complexa.

Você já ouviu falar da Amélia? Ela surgiu na canção de Ataulfo Alves e Mário Lago e, ao longo dos anos, tornou-se sinônimo de uma mulher passiva, dependente e fraca — ou seja, uma figura muito distante da mulher moderna, não é mesmo?

Para exemplificar a intertextualidade implícita, então, vamos analisar trechos de duas canções, aquela na qual a Amélia nasceu e uma na qual o conceito é desconstruído. Primeiro, veja um trecho da canção “Ai que saudade da Amélia”, escrita por Ataulfo Alves e Mário Lago:

Ai meu Deus, que saudade da Amélia

Aquilo sim que era mulher

Às vezes passava fome ao meu lado

E achava bonito não ter o que comer

E quando me via contrariado, dizia:

“Meu filho, o que se há de fazer?”

Amélia não tinha a menor vaidade

Amélia é que era mulher de verdade.

 

Agora, você conseguirá compreender exatamente o que a cantora e compositora Pitty quis explorar com sua canção “Desconstruindo Amélia”:

E eis que de repente ela resolve então mudar

Vira a mesa

Assume o jogo

Faz questão de se cuidar

Nem serva nem objeto

Já não quer ser o outro

Hoje ela é um também.

 

Perceba como é possível perceber que Pitty busca apresentar uma personagem forte e determinada, mesmo que você não saiba o contexto da letra da música. Entretanto, conhecendo o texto-base, é possível perceber exatamente o que a cantora referencia e como analisa a figura da Amélia sobre um viés moderno.

 

Intertextualidade explícita

Tipos de intertextualidade

Na intertextualidade explícita, a conexão entre os textos é intencional e clara. O texto-base é quase sempre citado diretamente por seu título e até mesmo pelo nome de seu autor, reforçando ainda mais o fato de que o texto secundário existe como uma resposta direta ao primeiro.

Se na intertextualidade implícita é preciso mergulhar fundo no texto secundário para compreender a conexão, na intertextualidade implícita, ela se encontra na superfície e é fácil identificar qual é o texto-base por meio das indicações do autor e dos elementos da nova obra.

Por isso, esse tipo de intertextualidade é encontrada principalmente em críticas e resenhas, em resumos, em traduções, em citações e em peças publicitárias.

 

Tipos de intertextualidade

As intertextualidades podem ser separadas em oito diferentes tipos. Conheça-os:

Bricolagem

Você já viu uma obra criada a partir de recortes? Trata-se de uma bricolagem. Esse tipo de intertextualidade é muito comum no mundo da pintura e também na música, em que diversos artistas utilizam trechos e melodias de outras canções em seus novos trabalhos (o que é chamado, nesse caso, de “sample”). Entretanto, a bricolagem aparece também na literatura, quando um texto é criado a partir de fragmentos de outros.

Citação

Um dos questionamentos mais famosos do mundo da literatura é o dilema de Hamlet, que indaga “Ser ou não ser, eis a questão” na peça de William Shakespeare. A frase anterior traz uma citação, que é simplesmente o ato de referenciar uma passagem escrita por outro autor no seu próprio texto. Ela surge entre aspas e identifica o nome do autor original.

Epígrafe

A epígrafe é um tipo de intertextualidade criado para estabelecer a identidade ou o tom da obra que você vai ler a seguir. Ela é um texto inicial de outro autor, utilizado por um escritor para abrir o seu novo texto. Com isso, é possível utilizar a filosofia de outra pessoa para sintetizar a sua própria e, assim, preparar melhor o leitor para o que vem a seguir.

Paráfrase

Quando você parafraseia um texto, você explica o que o autor quis dizer, mas com suas próprias palavras. Assim, a paráfrase pode ser classificada como uma repaginação de um texto preexistente que preserva o sentido e a essência do texto-base.

Paródia

Seja para criticar o texto original, para criar uma obra com tons de ironia, para fazer rir ou apenas para aproveitar a familiaridade do público com o texto original para fins de entretenimento ou de discussão, a paródia é a apropriação do discurso de outro autor. Aqui, ela é, muitas vezes, desvirtuada e desprovida completamente do seu sentido original.

Pastiche

O pastiche é uma colagem ou colcha de retalhos de estilos e outros textos. O que, então, o difere da bricolagem? Na bricolagem, o autor pega trechos (ou pedaços) de outras obras e insere nas suas. No pastiche, ele se apropria de estilos e de formatos, e não diretamente das palavras já escritas previamente.

Referência ou alusão

Você já viu algum casal trágico da ficção, ou mesmo da vida real, ser comparado a Romeu e Julieta? Isso é uma referência ou alusão, ou seja, uma insinuação ou sugestão a outros personagens, pessoas, locais, acontecimentos ou outras obras. A referência não acontece de forma direta, mas por meio de simbolismos.

Ou seja, não é necessário detalhar que o casal trágico remete a Romeu e Julieta por que os personagens de Shakespeare também encontraram um final dramático. Se você conhece o texto-base, é capaz de entender a referência — mas, sem esse conhecimento, a alusão não é percebida ou, pelo menos, não é compreendida.

Tradução

Quando um livro escrito em inglês é traduzido para o português, por exemplo, há um caso de intertextualidade. A obra traduzida é uma recriação da original, preservando ao máximo possível o sentido, o tom e o estilo das palavras do autor.

Agora que você sabe quais são os tipos de intertextualidade, poderá compreender melhor as nuances presentes nos textos que você lê e nas obras que você consome. Com isso, novas interpretações e significados serão possíveis, fazendo com que a experiência seja mais rica e complexa e, ainda, aprimorando suas capacidades de compreensão e de interpretação de texto.

Vamos colocar seus novos conhecimentos em prática? Sim? Aproveite para conferir agora mesmo nossos exercícios sobre literatura!

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