Crise na Venezuela: origem, causas e atual situação!

Entenda como começou a crise na Venezuela, a situação da população, as consequências e como afeta o Brasil e outros países.

Crise na Venezuela: origem, causas e atual situação!

A crise na Venezuela já dura mais de cinco anos. Desde o final de governo de Hugo Chávez, em 2013, o país vem enfrentando a maior recessão de sua história. A retração econômica é tão intensa que a maioria da população está vivendo com recursos mínimos com a faltam alimentos, energia elétrica e insumos básicos.

De 2013 até 2019, o Produto Interno Bruto do País (PIB) já caiu mais de 50%, segundo o Banco Central da Venezuela (BCV). Os números só confirmam o caos em que o país petroleiro vive até hoje.

Quer entender melhor como começou a crise na Venezuela e como esse cenário afeta suas relações com o Brasil e o mundo? Continue a leitura de nosso artigo e fique por dentro de todos os problemas que contribuíram para a atual situação.

Crise na Venezuela: situação atual

A Venezuela é um país com 30 milhões de habitantes e guarda as maiores reservas de petróleo do mundo. A queda dos preços desse recurso natural foi um dos grandes agravantes da crise enfrentada pelos venezuelanos.

O país enfrenta hiperinflação e existe racionamento nos supermercados. No caso de itens básicos, como leite, cada venezuelano pode comprar apenas dois litros por vez. Além disso, o número do RG é o que determina o dia permitido para compras.

A natalidade aumentou na Venezuela, pois não existem anticoncepcionais à venda. Da mesma forma, medicamentos básicos também estão em falta.

Diante de um cenário tão crítico, a criminalidade cresce, assim como a violência na repressão policial. Até mesmo manifestantes populares insatisfeitos com a situação têm sido contidos com violência.

Em maio de 2017, a população foi às ruas em protesto contra a crise na Venezuela e as mudanças políticas ocorridas depois que o presidente Nicolás Maduro retirou os poderes do Congresso, que basicamente é formado por opositores.

Origem da crise na Venezuela

petróleo crise na Venezuela

A crise da Venezuela começou com as políticas populistas adotadas por Hugo Chávez, na chamada Revolução Bolivariana. Esse foi o nome dado pelo então presidente da Venezuela às suas políticas de governo, inspiradas nas ideias de Simón Bolívar.

Porém, o estopim da crise foi a queda das cotações de petróleo, a partir de 2015. Em função das grandes reservas de petróleo que a Venezuela possuía, o país baseou sua economia ancorada na cadeia petrolífera e não diversificou a economia do país para outros ramos.

Quando houve a queda de preço do petróleo no mercado internacional, entre 2014 e 2015, a economia venezuelana despencou drasticamente, reduzindo as suas receitas e as importações. Além disso, a produção sofreu queda, em função da restrição de investimentos e também por causa da má gestão e corrupção na estatal Petróleos de Venezuela (PDVSA).

Quando Hugo Chávez assumiu a presidência da Venezuela pela primeira vez, em 1999, a produção de petróleo era superior a 3 milhões de barris diários. Atualmente, conforme dados da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), é de cerca de 1,5 milhão de barris por dia.

Crise do petróleo

No início dos anos 2000, a cotação do barril superava os US$ 100. Em 2008, o preço atingiu US$ 138. No entanto, a partir de 2014 as cotações do produto começaram a cair. Em janeiro de 2015 o valor era de US$ 50, e em janeiro de 2016 caiu para menos de US$ 30.

Essa desvalorização aconteceu por várias razões, entre elas destacam-se:

  • desaceleração da economia chinesa e crise na Europa, resultando em menor demanda pelo produto;
  • descoberta e extração de gás e óleo de xisto, especialmente nos Estados Unidos, competindo diretamente com o petróleo;
  • crise diplomática entre Irã e Arábia Saudita, depois da invasão da embaixada saudita na cidade de Teerã, em 2016;
  • recusa dos países da OPEP em reduzir a produção. Os integrantes da Organização preferiram vender o produto por valores baixos e, com isso, inviabilizar a concorrência de outros produtores ou de produtos como o xisto.

Dependência das importações

Como a economia da Venezuela sempre se baseou no petróleo, não houve desenvolvimento de outras atividades, como a indústria ou agricultura. Como se não bastasse isso, Chávez nacionalizou algumas indústrias, como as de cimento e aço, e retirou propriedades rurais.

Dessa forma, a produção nacional foi substituída pela importação, deixando a nação cada vez mais dependente do mercado externo. Alimentos, medicamentos e outros insumos essenciais precisavam ser importado de outros países, já que não havia produção interna.

Com o agravamento da crise na Venezuela (2017), faltou dinheiro para importar. Com isso, a população passou a enfrentar sérios problemas de desabastecimento. A consequência foi o racionamento de itens essenciais e a elevação de preços dos produtos, comprometendo ainda mais a qualidade de vida dos venezuelanos. A população empobreceu significativamente e o índice de pessoas na chamada linha de pobreza atingiu 87%.

Hiperinflação

A inflação na Venezuela alcança números absurdos. Em 2017, o BC venezuelano registrou uma taxa de inflação de 862,6%, em 2018 atingiu os 130.060%, e a previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o fechamento de 2019 é de 10.000.000%.

Para tentar controlar a inflação, o governo adotou políticas equivocadas, como restrições à compra de dólares pela população e emissão de papel-moeda para cobrir o rombo das contas públicas. O impacto disso foi o aumento da inflação.

A hiperinflação levou à falta de dinheiro em circulação, uma vez que as pessoas precisam de muito mais bolívares para comprar qualquer coisa. Quem não utiliza meios eletrônicos de pagamento precisa levar pilhas de notas para as compras.

Crise política

Atualmente, o país está dividido entre os chavistas e seus opositores. O chavismo defende a maior participação social na política e tem um viés socialista. O principal partido político que representa esse pensamento é o Partido Socialista Unido de Venezuela.

Esse partido vem se mantendo no poder em função de uma alteração constitucional promovida por Chávez, em 2009, estabelecendo que não há limite para a reeleição do presidente. Ele presidiu o país até sua morte, em 2013, quando o vice Nicolás Maduro foi eleito com a promessa de dar continuidade às políticas do antecessor.

Com a crise e as medidas equivocadas adotadas por Maduro para controlá-la, houve vários protestos populares. Em 2015, o presidente perdeu o controle do parlamento. Em resposta, convocou uma Assembleia Nacional Constituinte, reduzindo o poder do legislativo.

Maduro foi reeleito, mas as eleições foram contestadas dentro e fora do país, pois o índice de abstenção atingiu 54%. O principal opositor passou a acusar o governo de coagir os mais pobres, uma vez que Maduro prometeu um benefício extra concedido pelo Estado para as pessoas comparecerem ao pleito.

A atitude resultou na suspensão da Venezuela na Organização dos Estados Americanos (OEA), por ilegitimidade nas eleições e desrespeito à Carta Democrática Interamericana. Por sua vez, o presidente Donald Trump (EUA) decretou sanções econômicas à Venezuela.

O Brasil e a Venezuela

Com a crise social e política, muitos venezuelanos passaram a migrar para o território brasileiro. Em algumas cidades de fronteira, a entrada dessas pessoas trouxe problemas como falta de moradia e dificuldade de atendimento nos serviços públicos.

O estado de Roraima, inclusive, solicitou, em agosto de 2018, ao Supremo Tribunal Federal (STF) o fechamento temporário das fronteiras com a Venezuela.

Mas nem todos os estados brasileiros adotam atitudes tão drásticas em relação aos venezuelanos. Várias cidades de Santa Catarina, por exemplo, estão recebendo os imigrantes, levados de Roraima para lá por aviões da Força Aérea Brasileira, que participa da Operação Acolhida.

Os venezuelanos são encaminhados para abrigos, recebem atendimento médico, vacinação e documentos, como carteira de trabalho. Porém, o Brasil também enfrenta retração econômica, que se reflete em altos índices de desemprego. E a crise na Venezuela não dá sinais de estar próxima ao fim.

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