Movimento Negro: história, objetivos e conquistas!

Descubra o que é o Movimento Negro e sua importância histórica para a sociedade!

Movimento Negro: história, objetivos e conquistas!

O que hoje conhecemos como Movimento Negro é uma forma de sintetizar todas as reivindicações ao longo da História pelos direitos da população negra, que sofre há séculos com o racismo estrutural e suas consequências.

Espalhado de diversas formas no mundo inteiro, o Movimento Negro mobiliza milhões de pessoas em busca da igualdade e do respeito ao povo negro. Quer saber mais sobre esse movimento? Então continue lendo este post!

O que é Movimento Negro

O Movimento Negro, na forma como o conhecemos hoje, é uma síntese de um fenômeno que vem de séculos, o qual luta pela reivindicação dos direitos da população negra ao redor do mundo.

Muito presente, principalmente, nos países que a população negra sofreu com a escravidão, o Movimento Negro é uma força histórica que sempre buscou alterar a situação de opressão vivida por essas pessoas.

Atualmente, o Movimento Negro é considerado plural, levantando bandeiras progressistas que vão do combate ao racismo a diversas outras vertentes, como feminismo, causa LGBT e tolerância religiosa.

Movimento Negro: objetivos

Ao redor do mundo, os movimentos negros sempre buscaram uma coisa em comum: o respeito aos direitos civis da população negra e o combate ao racismo — enraizado até hoje na sociedade.

Com diferentes abordagens, cada Movimento Negro busca particularidades que fazem parte da realidade de cada país. No Brasil, por exemplo, a luta da população negra gira em torno do reconhecimento do racismo como crime, da dívida histórica dos mais de 300 anos de escravidão e da igualdade de oportunidades e inclusão social.

História do Movimento Negro

O início das lutas do Movimento Negro se deu há muito tempo, desde as revoltas de escravos na época do Brasil colonial, por exemplo. Entretanto, foi reconhecido e estruturado com um fenômeno organizado apenas no século XX, principalmente com os expoentes norte-americanos de lideranças, como Malcolm X Rosa Parks e Martin Luther King Jr.

Principalmente nas décadas de 1950 e 1960, o Movimento Negro ganhou maior visibilidade, trazendo à luz a pauta do racismo estrutural e difundido em vários setores da sociedade. Nos Estados Unidos, em 1955, Rosa Parks, negra, foi presa por se recusar a dar seu lugar em um ônibus de Montgomery para uma mulher branca. Esse estopim levou a uma série de protestos que, aos poucos, se moldaram em um dos maiores levantes da população negra do século XX.

Líderes do movimento negro

São vários os líderes do Movimento Negro no Brasil e no mundo. Entre os principais, podemos citar:

  • Zumbi dos Palmares (Brasil);
  • José do Patrocínio (Brasil);
  • André Rebouças (Brasil);
  • João Cândido (Brasil);
  • Nelson Mandela (África do Sul);
  • Amelia Boynton Robinson (Estados Unidos);
  • Angela Davis (Estados Unidos);
  • Bayard Rustin (Estados Unidos);
  • James Bevel (Estados Unidos);
  • James Meredith (Estados Unidos);
  • Malcolm X (Estados Unidos);
  • Martin Luther King Jr. (Estados Unidos);
  • Mumia Abu-Jamal (Estados Unidos);
  • Rosa Parks (Estados Unidos);
  • W. E. B. Du Bois (Estados Unidos).

Conquistas e lutas do Movimento Negro

A luta do Movimento Negro resultou, a duras penas, em várias conquistas para a população negra ao redor do mundo. Na África do Sul, por exemplo, o ativismo negro liderado pelo Nobel da Paz Nelson Mandela resultou, após décadas de luta e prisão de seu líder, no fim do Apartheid institucionalizado no país.

Não apenas na África do Sul, mas em todo mundo a população negra sofreu e ainda sofre com cenários de segregação, racismo estrutural e explícito, além da falta de oportunidades e igualdade de condições entre os cidadãos.

No Brasil, apesar de algumas conquistas, essa igualdade caminha a passos de tartaruga, principalmente quando são analisadas algumas estatísticas que comprovam uma realidade social ainda muito discriminatória. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística):

  • a cada 3 assassinatos no Brasil, 2 são de jovens negros, com idades entre 15 e 24 anos, considerando ainda que a discriminação e o preconceito racial são fortes componentes desta realidade;
  • apesar de a população negra representar cerca de dois terços de todos os cidadãos economicamente ativos no Brasil, os negros permanecem relegados a serviços de base, com salários menores. Na média do país, cerca de 60% dos desempregados são negros;
  • a população negra corresponde à maioria (78,9%) da parcela dos 10% de indivíduos com maiores chances de serem vítimas de assassinatos;
  • mulheres negras são as mais vitimadas nos casos de violência doméstica (58,68%), violência obstétrica (65,4%) e mortalidade materna (53,6%);
  • apenas 10% dos livros publicados de 1965 a 2014 foram escritos por autores negros. Além disso, 60% dos protagonistas são homens e 80% são brancos.

Apesar de um quadro ainda muito desfavorável à população negra, é possível apontar algumas conquistas, como:

  • criação do Dia da Consciência Negra (20 de novembro);
  • Lei 10.639/2013, que inclui a comemoração do Dia da Consciência Negra no calendário escolar, trazendo a discussão da história e da cultura afro-brasileiras, além da valorização dos africanos e afro-brasileiros nos currículos escolares da rede pública de ensino;
  • Lei 12.711/2012, que criou as cotas para ingresso em cursos superiores, aos poucos difundidas nas maiores universidades do país, sejam elas federais, estaduais ou até mesmo privadas;
  • criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), em março de 2013;
  • Diversas ações afirmativas de combate à discriminação racial por meio de transformações culturais e políticas de representatividade.

Como é possível perceber, os números comprovam que as conquistas alcançadas em prol da população negra, principalmente no Brasil, ainda são muito tímidas. O Movimento Negro no Brasil ainda luta para que se cumpra o plano de ação da ONU, de 2001, em combate ao Racismo, à Discriminação Racial, à Xenofobia e à Intolerância Correlata, além das propostas das Conferências de Promoção de Igualdade Racial de 2005 e 2009, promovidas pelo próprio Governo Brasileiro.

Movimento Negro no Brasil

manifestantes movimento negro

No Brasil, o Movimento Negro corresponde a vários fenômenos e ações executados por pessoas que lutam contra o racismo e pelos direitos para os cidadãos negros. Vários movimentos na história do Brasil possuem destaque relevante.

Entretanto, até a abolição da escravatura, que se deu apenas no ano de 1888, todo e qualquer movimento pela população negra era considerado clandestino, além de possuir caráter específico, sempre em busca da libertação de negros escravizados.

A principal maneira de expressão dos movimentos negros rebeldes antes da abolição foi a quilombagem, que corresponde à rebeldia permanente organizada e dirigida pelos próprios escravos fugidos, presente em todo o período de escravismo no Brasil.

Quilombos eram centros que recebiam os escravos fugidos, mas que também englobavam várias outras formas de protesto, como as insurreições e o bandoleirismo, o qual correspondia a grupos de guerrilha de escravos fugidos contra povoados e viajantes.

Com exceção do Quilombo dos Palmares, que teve como último líder o icônico Zumbi dos Palmares e durou mais de um século, a maioria desses centros de resistência era fortemente combatida e dizimada pelo aparelho opressor do governo, que buscava apenas a violência como forma de resolução.

Se na Inconfidência Mineira os negros estiveram praticamente ausentes do movimento, a Conjuração Baiana de 1798 tinha como principal objetivo a proposta de libertação de todos os escravos, contando com negros na liderança do próprio movimento.

Muitos negros de destaque participaram de diversos movimentos populares, entre eles a Revolta da Chibata de 1910, encabeçada pelo marinheiro negro João Cândido. Sua principal conquista foi a revogação da pena de açoite aos marinheiros (em sua maioria negros) da Marinha de Guerra do Brasil. Apesar da vitória da Revolta e da promessa de anistia, o movimento foi praticamente dizimado pouco tempo depois, sendo que o próprio líder João Cândido foi deixado à miséria.

A Revolta da Chibata foi o último movimento organizado e armado da rebelião negra no Brasil. A partir de então, vários centros de mobilização em São Paulo e no Rio de Janeiro buscaram trilhar novos caminhos, com o objetivo de luta pela cidadania recém-conseguida após a abolição.

Em 1915, por exemplo, surge o primeiro jornal da imprensa negra paulista, O Menelick, que foi seguido por várias outras publicações de mesmo teor. Graças a esse estopim, os anos de 1930 trouxeram a Frente Negra Brasileira (FNB), que se organizou até chegar à fundação de um partido político, infelizmente dissolvido com o Estado Novo de Getúlio Vargas.

Os anos de Ditadura Militar inviabilizaram qualquer tipo de organização e manifestação de cunho racial. Os militares propagandeavam a “democracia racial” como parte de sua agenda de publicidade, marginalizando qualquer tipo de manifestação.

Apenas nos anos 1970 o movimento ressurgiu, principalmente com a origem do Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial (MNU), em 7 de julho de 1978, que resultou na criação de alguns órgãos como o Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra, além da criminalização da discriminação racial na Constituição de 1988. Além disso, a Lei Caó, de 1989, tipificou o racismo como crime.

Após a redemocratização do Brasil, o movimento negro juntou-se a diversas outras causas progressistas. Entretanto, o Governo Lula (2003-2010) foi um dos que mais trouxe conquistas à sociedade civil em geral e também ao movimento negro, em particular.

Como citado anteriormente, no início do Governo Lula foi criada a SEPPIR, sem contar a Lei das Cotas para inclusão da população negra no ensino superior, aprovada em 2006.

Movimento Negro nos EUA

No Estados Unidos, a escravização de negros africanos iniciou um pouco mais tarde que no Brasil, no ano de 1619, acabando 25 anos antes, em 1863, principalmente com o fim da Guerra Civil e a Proclamação de Emancipação.

Muito forte nos estados do Sul dos Estados Unidos, a escravidão foi a base da economia dessa região, afetando profundamente até hoje as relações sociais e o racismo exacerbado que ainda atinge a população negra estadunidense.

Apesar do fim da escravidão nos Estados Unidos, a situação legal da população negra ainda era muito inferior àquela dos demais cidadãos, principalmente os brancos. As leis Jim Crow (institucionalizando a segregação), a doutrina “separados, mas iguais” e até a atuação da Ku Klux Klan consistiram em fortes atrasos no combate ao racismo.

Grandes movimentos foram retomados, principalmente, em meados do século XX, com ativistas como Rosa Parks, Malcolm X, W. E. B. Du Bois e Martin Luther King Jr., que posteriormente veio a ganhar um Prêmio Nobel da Paz, em 1964.

A Lei dos Direitos Civis, de 1960, e a Lei dos Direitos ao Voto, de 1965, marcaram legalmente o fim da segregação racial em espaços públicos, mesmo que propriedade privada. Tornaram também o voto universal, sem discriminação de escolaridade, raça ou condição social.

Entretanto, ainda hoje as questões de combate ao racismo são muito presentes na realidade dos norte-americanos. Recentemente, no ano de 2013, surgiu o movimento Black Lives Matter (ou “Vidas Negras Importam”, na tradução literal). Com origem na comunidade afro-americana, o que veio a se tornar um movimento internacional surgiu como protesto contra a violência contra os cidadãos estadunidenses negros.

O movimento se iniciou com a hashtag #BlackLivesMatter nas redes sociais, após a absolvição de George Zimmerman, que assassinou a tiros o adolescente negro Trayvon Martin. O movimento ganhou ainda mais força após a morte de dois cidadãos afro-americanos em 2014: Michael Brown e Eric Garner.

Desde então, o Movimento Negro ganhou força nos Estados Unidos, manifestando-se contra a ação truculenta da polícia estadunidense contra a população negra, principalmente nos homicídios de Tamir Rice, Eric Harris, Walter Scott, Jonathan Ferrell, Sandra Branda, Samuel DuBose, e Freddie Gray. Desde 2015, o Black Lives Matter passou a questionar também as ações de políticos, principalmente durante a corrida eleitoral para presidente de 2016.

Apesar de apresentar várias ações e manifestações, o Black Lives Matter não é um movimento organizado hierarquicamente ou com alguma estrutura formal, o que de certa forma reforça o seu caráter popular e descentralizado, dando força para as manifestações.

Sem dúvidas, a questão da discriminação racial ainda precisa ser muito discutida e combatida não só no Brasil, mas em todo o planeta. São frequentes as notícias de casos de racismo, principalmente contra negros de destaque, como jogadores de futebol, atores, jornalistas e outros.

Nesse sentido, o Movimento Negro precisa se fortalecer ainda mais, sempre em busca da igualdade racial e da defesa por penas mais pesadas aos crimes de racismo e injúria racial, além, é claro, de políticas educacionais que visem, a longo prazo, a erradicação de um pensamento tão atrasado.

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1 comment
  1. Diante de tantas matanças descabidas de negros inocentes temos que tomar uma atitude através de enfrentamentos, passeatas, protestos para exigir respeitos aos nossos irmãos que estão sendo mortos de maneira covarde pelo o Estado.
    Não podemos mais ficar de braços cruzados esperando solução prometidas por brancos.
    VAMOS TOMAR AS RUAS MOSTRAR NOSSA FORÇA.

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