Ativismo nas redes sociais: o que é, como ocorre e redação!

Entenda como ocorre o ativismo nas redes sociais, suas características e os impactos em nossa sociedade. Veja também como o tema pode ser abordado no Enem!

Ativismo nas redes sociais: o que é, como ocorre e redação!

Há alguns anos, o surgimento da internet fez com que as pessoas se vissem muito mais envolvidas na comunicação. E, nos últimos tempos, as redes sociais influenciaram fortemente o contexto da própria sociedade.

O ativismo nas redes sociais é um dos aspectos que mais ganharam força nesse sentido. Quer saber como ele funciona e como pode cair na prova de redação do Enem? Então continue lendo este artigo!

O que é ativismo nas redes sociais?

Atualmente é muito fácil para qualquer pessoa se engajar em uma causa no mundo digital. Basta ter um perfil nas redes sociais para compartilhar posicionamentos, utilizar hashtags e assinar petições.

Nesse sentido, as transformações políticas em todo o mundo são diretamente afetadas justamente pelas opiniões emitidas pelo público no ambiente virtual. Nos últimos anos, os agentes políticos também vêm utilizando esse tipo de meio de comunicação para influenciar fenômenos sociais, como eleições, e manipular as pessoas.

No ano de 2010, cidadãos de vários países do Oriente Médio foram para as ruas protestar contra os respectivos governos e regimes políticos. Passeatas foram divulgadas em redes como Facebook e Twitter, expandindo-se exponencialmente até o ponto em que se tornaram movimentos internacionais.

Essa revolução, conhecida como Primavera Árabe, teve como principal impulso o ativismo nas redes sociais. Sem esse meio de comunicação, dificilmente as pessoas teriam tido acesso à informação, de modo que as manifestações seriam mais esvaziadas.

Outro importante momento de ativismo online aconteceu no ano de 2013, aqui mesmo no Brasil. Muitas pessoas foram às ruas protestar contra o governo da época, inicialmente questionando o acréscimo nas passagens do transporte público. Por conta da influência das redes sociais, as pessoas passaram a se informar e transformaram essas manifestações em algo sem uma liderança específica, agregando sentimentos de insatisfação generalizados.

História do ciberativismo

O primeiro registro de ativismo online de que se tem notícias aconteceu praticamente junto ao surgimento da própria internet, em meados da década de 1980. Eram distribuídos, via e-mail, listas e sites voltados para a distribuição de informações sobre direitos e conciliação de discussões internacionais.

Desde então, vários outros casos de ciberativismo tomaram lugar no mundo, principalmente nas décadas de 1990 e 2000. Em abril de 1990, um grupo de ativistas pronunciou-se de maneira contrária à formação e manutenção de um banco de dados com informações pessoais de compras de mais de 120 milhões de estadunidenses.

Assim como acontecia na década anterior, as campanhas de e-mail foram fundamentais para a disseminação das informações sobre as intenções da empresa. Isso culminou numa inundação de ligações à central da mesma, exigindo a retirada das informações pessoais do banco de dados.

O acesso à informação foi pauta de várias ações de ativismo na internet, desde o ataque de hackers ao governo mexicano, em 1994, até o surgimento do WikiLeaks, no começo dos anos 2010, quando foram vazados vários documentos sensíveis ao governo dos Estados Unidos.

Mas, na última década, as ações de ativismo online ganharam outra proporção, principalmente com a popularização dos smartphones e do acesso às redes sociais. Com eles, foi possível participar desse processo de qualquer lugar do mundo, atualizando-se constantemente.

Como acontece o uso das redes sociais como meio de ativismo?

Sandor Vegh, autor do livro “Classificações das formas de ativismo online: o caso dos ciberprotestos contra o Banco Mundial” (tradução livre), de 2013, é considerado uma das referências sobre o assunto. Ele divide o ativismo online em três grandes grupos de acordo com as ferramentas utilizadas para se atingir os objetivos propostos.

Em sua maioria, as ferramentas utilizadas lançam mão da manipulação de sistemas de informação ou, então, engajamento sociopolítico. Os grupos de Vegh são:

Conscientização e prática política

Nesse grupo, são utilizadas ferramentas de mais fácil acesso e alcance, como:

  • campanhas de publicidade;
  • foto oportunidade;
  • manifestos de artistas, intelectuais e tecnologia;
  • workshops na internet;
  • ambientes de troca de informações (fóruns, sites, blogs, etc.)

Organização e mobilização

Vegh descreve aqui as ferramentas utilizadas para organizar movimentos offline. São elas:

  • redes sociais;
  • organização de eventos;
  • petições;
  • chats online;
  • listas de e-mail;
  • hashtags (utilizadas principalmente no Twitter como forma de provocar mobilização).

Ação e reação

Por fim, Vegh enumera nesse grupo as ferramentas que são utilizadas para colocar ações em prática, principalmente por desenvolvedores e hackers, como:

  • ataques DDoS;
  • desenvolvimento de programas de código aberto contra monopólios;
  • invasões de sites para publicações de mensagens de protesto;
  • espelhamento de sites (replicação de domínios para burlar proibições a certos sites);
  • criptografia;
  • programação, códigos e rotinas computacionais visando fins mais específicos.

Redes sociais e o ativismo online

Como citamos anteriormente, vários movimentos lançaram mão das redes sociais como plataformas de disseminação de informações sobre protestos, manifestações e organizações populares.

A já citada Primavera Árabe, por exemplo, envolveu principalmente as nações da Líbia, Tunísia, Iêmen e Egito. Utilizava a organização de eventos em plataformas como Facebook, Twitter e YouTube, por meio das quais o povo (dentro e fora do país) se informava das repercussões e locais e horários dos protestos. Isso foi particularmente muito importante, uma vez que a maioria dos veículos tradicionais de imprensa eram censurados, como as redes de televisão e rádio.

Mais recentemente, em 2016, os Estados Unidos observaram a utilização negativa das redes sociais como uma forma de ativismo online. O até então candidato à presidência, Donald Trump, contou com o auxílio de centenas de páginas conservadoras no Facebook. Trump e as páginas cresceram exponencialmente ao utilizar táticas de disseminação de notícias falsas, as famosas fake news.

Uma infinidade de notícias a favor (mas nem sempre verdadeiras) sobre Donald Trump inundaram a internet, em conjunto com teorias da conspiração sobre sua adversária, Hillary Clinton. A eleição presidencial dos Estados Unidos foi fortemente influenciada por esse ativismo.

Em 2018, o Brasil passa por um momento semelhante. As eleições presidenciais sofrem forte influência da disseminação de notícias falsas nas redes sociais, principalmente em grupos de WhatsApp e Facebook. Com isso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) se viu na posição de tomar medidas para precaver esse tipo de ação. Entretanto, isso aconteceu apenas na corrida do segundo turno, de modo que o resultado da eleição se mantém fortemente influenciado por essas táticas.

Grupos de ativismo online

Vários grupos organizados ganharam destaque justamente por seu ativismo online. No exterior, os grupos Anonymous e LulzSec atuaram principalmente ao atacar organizações governamentais contra estratégias de abuso de autoridade e desinformação. Da mesma maneira, surgiu o WikiLeaks, plataforma de vazamento de documentos sobre operações governamentais antidemocráticas.

No Brasil, destaca-se o surgimento do Movimento Brasil Livre (MBL), grupo de alinhamento político de direita que atuou fortemente no impeachment de Dilma Rousseff, utilizando táticas semelhantes às de Donald Trump na eleição de 2016. Atualmente, vários membros do MBL lançaram candidaturas a cargos públicos.

Por fim, pode-se destacar também a criação da Operação Serenata de Amor, que hoje se tornou um projeto de inteligência artificial para analisar os gastos públicos dos políticos brasileiros. Trabalhando completamente com toneladas de dados disponibilizados nos sistemas do governo, a Operação Serenata de Amor analisa cada gasto, gerando relatórios recorrentes, com acesso livre pela população.

Ativismo nas redes sociais e democracia

A possibilidade de livre manifestação trazida pelas redes sociais é um importante fruto do sistema democrático. Se hoje é possível emitir as mais variadas opiniões na internet, isso se deve à reconquista da democracia, após o período de Ditadura Militar no Brasil.

Durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) era responsável pela censura e manipulação das informações a serem divulgadas pela imprensa. O mesmo se repetiu durante o Golpe Militar, com o Serviço Nacional de Informações (SNI) e o Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), que regulavam a imprensa e até mesmo a livre expressão dos cidadãos.

Portanto, podemos observar que o atual processo de ativismo nas redes sociais é a maior expressão de liberdade democrática dos dias de hoje. Afinal de contas, qualquer cidadão é capaz de se posicionar e emitir suas opiniões livremente.

pessoas ativismo nas redes sociais

Ativismo nas redes sociais: Redação – como pode cair e como fazer?

Como você provavelmente já sabe, a redação do Enem tem como principal característica a cobrança de elaboração de um texto dissertativo-argumentativo. O tema, revelado apenas na hora da prova, sempre tem como foco questões sociais, políticas, ambientais ou de atualidades.

No caso do ativismo nas redes sociais, as possibilidades são grandes de este ser o tema da redação em 2018. Afinal de contas, como mostramos acima, esse é um assunto muito atual, sendo que o próprio processo político brasileiro em 2018 foi fortemente influenciado pelo ativismo online.

Nesse caso, o Enem pode cobrar o tema de algumas maneiras. É possível abordar uma lógica de regulação de fake news, solicitando do estudante propostas de controle da disseminação de notícias falsas. Aqui, é provável que alguns textos de referência sejam baseados em notícias recentes, como as sentenças de retirada de fake news de circulação.

Uma outra abordagem do assunto também é possível, levando em consideração o alcance e as consequências do ativismo nas redes sociais no Brasil e no mundo. Existem duas possibilidades. Primeiramente, pode-se falar que do ponto positivo que é aumentar o acesso às discussões sobre política e sociedade, tão importantes para a população.

Nesse sentido, o maior acesso às ferramentas online e à própria internet constituem grandes vantagens para a sociedade, que encontra nas redes sociais um importante meio para se posicionar e opinar.

Entretanto, nem sempre esse grande ativismo nas redes sociais é positivo. Isso porque o algoritmo de plataformas como Facebook, Instagram e Twitter é voltado para que as pessoas recebam apenas postagens de pessoas e empresas que se identificam com a sua linha de pensamento. Enquanto mercadologicamente isso é muito funcional, facilitando o engajamento de públicos-alvo de marcas, por exemplo, do ponto de vista político é um desastre.

Com o crescimento das discussões políticas nas redes sociais nos últimos tempos, surgiu o conceito de “bolha social”. Ele diz respeito, basicamente, à criação de pequenos círculos de discussão e acesso à informação, nos quais os participantes têm o mesmo posicionamento. Se isso pode ser interessante para aproximar iguais, politicamente retira o incentivo à troca de ideias entre pessoas que pensam de maneira diferente.

A política é, nada mais nada menos, que a convivência harmoniosa entre pessoas com pensamentos e posicionamentos divergentes sobre a sociedade em que estão inseridas. Como a maioria da população com acesso à internet utiliza as redes sociais para se informar, a presença dessas bolhas faz com que os raros contatos com posicionamentos opostos sejam encarados como enfrentamentos inimigos.

No atual cenário sociopolítico brasileiro, isso constitui um perigo ainda maior, já que o sentimento de polarização política nunca esteve tão exacerbado. Assim, as pessoas trocam cada vez menos ideias e opiniões, restringindo-se cada vez mais às suas bolhas sociais.

Além desses fatores, o uso em excesso das redes sociais como ferramenta de ativismo tira a população das ruas, sendo que as manifestações públicas de maior relevância sempre tiveram a rua como local de reunião do povo. E, apesar de serem meios de fala muito importantes para a população, nada substitui o alcance de um protesto no mundo real.

As redes sociais vieram de maneira definitiva para mudar a forma como se comunica e se faz política no mundo de hoje. Sua penetração na sociedade se deu de tal forma que é impossível ignorar a importância dessas redes na definição das ações e estratégias tomadas pelos governos e pelas próprias manifestações populares.

Mais do que ferramentas de comunicação, as mídias sociais são verdadeiros ambientes de discussão, onde se criam heróis e vilões, elegem-se e destituem-se presidentes e definem-se os rumos de uma nação. Se sua influência na forma como se faz política atualmente ainda é muito recente, é melhor se acostumar. O ativismo nas redes sociais veio para ficar.

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