Redação precisa ser criativa?

Por Marina Sestito

Redação precisa ser criativa?

Por Marina Sestito

Stoodianos,

Quando somos mais novos, a criatividade parece ser algo muito importante nas redações. Em todos os textos que produzimos, somos incentivados a ser criativos. Então vamos crescendo, o vestibular vai se aproximando, as aulas de Redação parecem ir limando o nosso espírito criativo e tentando nos encaixar num modelinho pronto, seguro, estático, quadrado e… chato.

Aí a gente aprende e deixar a criatividade de lado e focar na técnica. Precisa fazer isso, é importante fazer aquilo, procure sempre fazer aquilo outro, junte tudo, relacione, cite filósofo, ponha pontos, use vírgulas, cuidado com a progressão textual, recorra à História, faça tudo isso e ainda tenha um ponto de vista muito bem delimitado. Ufa. Será que todos esses recursos vão ser suficientes para tirar uma boa nota? Será que é isso que o vestibular espera que a gente faça? Afinal de contas, uma redação precisa ser criativa? Ou criatividade é coisa de criança e vestibular é algo sério demais para que possamos nos colocar ali, naquele texto, apresentando aquilo em que a gente acredita e utilizando recursos lúdicos para construir a argumentação?

Antes de qualquer coisa, é importante definirmos o que estou tomando por “criatividade”. Numa redação, ser criativo é sair do óbvio, sair do senso comum, sair dos mesmos e cansativos exemplos que todo mundo está cansado de usar para sustentar suas posições, sair do mesmo e cansativo jeito de começar uma redação, sair da mesma e cansativa argumentação que não convence nem mesmo quem está escrevendo o texto, quanto mais um leitor que não tem nada a ver com aquilo e que talvez já esteja entediado de ler sempre aquelas mesmas coisas em todos os textos.

Criatividade em uma redação seria, portanto, a capacidade de articular aquilo tudo que você conhece, aquilo tudo que faz parte da sua vivência, aquilo tudo que você aprendeu mas que nem sabe que sabe, até se deparar com uma situação em que precisa sustentar seu ponto de vista de alguma forma. Isso seria ter criatividade em uma redação. Isso seria algo desejável em um texto.

“Mas que ponto de vista? E se eu não tiver um ponto de vista? E se eu não souber ser criativo? E se eu não souber como relacionar todas as coisas que eu estudei na escola e todas as coisas que eu vivenciei e observei no cotidiano?”

Eu parto do pressuposto de que ninguém é burro, ninguém é incapaz, ninguém é incompetente, mas também de que ninguém nasce sabendo. Você não sabia ler, até que aprendeu. Você não sabia fazer contas, e hoje deve fazer até equações. Para que tenhamos alguma habilidade, precisamos desenvolvê-la e aprimorá-la. Se você nunca treinou sua criatividade, será que ela vai aparecer, como se viesse do além, na hora de escrever a redação do vestibular? Se sua criatividade foi repetidamente freada desde que você começou a construir esse monstro de sete cabeças chamado dissertação argumentativa, será que ela vai aparecer assim, facilmente, como se nada tivesse acontecido e como se você nunca tivesse sido forçado a caber numa caixinha de introdução, desenvolvimento, conclusão, tópico frasal, proposta de intervenção e todas essas coisas chatas com nomes complicados? Pode até ser que sim, mas infelizmente não é assim que costuma acontecer.

Para despertar nossa tão reprimida criatividade, para deixar aflorar a criticidade tão importante à construção de uma boa redação, que convença o leitor do seu ponto de vista, é necessário ter mais do que técnica: é preciso ousar. É preciso experimentar. É preciso ter plena consciência do que você esta fazendo, e fazê-lo com propriedade.

Com tudo isso, não estou dizendo que de uma hora para outra você precisa esquecer tudo que aprendeu até aqui e inventar um jeito novo de escrever. Não é isso. Estou dizendo que escrever precisa ser algo divertido, precisa ser algo que diga respeito a você, ao que você pensa, ao que te faz pensar aquilo que você pensa. Escrever precisa ser gostoso. Redação não é pura técnica e, se for, o texto fica chato, insosso. Não fica convincente.

Tudo bem? Divirtam-se bastante e experimentem.

Muitos beijos e até semana que vem.

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Marina Sestito é a Coordenadora de Redação do Stoodi. Formou-se em Filosofia pela FFLCH, na USP – atualmente cursa Licenciatura na FEUSP. Trabalhou em cursinhos pré-vestibulares e hoje comanda a equipe de correção do Stoodi.

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