Tia Lurdinha e o trauma da redação

Por Marina Sestito Stoodianos, Redação não é só técnica e está longe de ser só inspiração. Um bom texto envolve suor e sangue. Explico: para escrever bem, é preciso muito trabalho, muita paciência e algum nível de desapego para que o autor consiga abrir mão de argumentos que não funcionam…

Tia Lurdinha e o trauma da redação

 

Por Marina Sestito

Stoodianos,

Redação não é só técnica e está longe de ser só inspiração. Um bom texto envolve suor e sangue. Explico: para escrever bem, é preciso muito trabalho, muita paciência e algum nível de desapego para que o autor consiga abrir mão de argumentos que não funcionam tão bem quanto a gente gostaria. Pra tratar de assuntos um pouco mais cabeludos, fazer algumas reflexões sobre o que sempre nos pareceu óbvio e receber dicas de como escrever uma boa redação, acompanhe mais esse projeto do Stoodi: uma coluna todinha só pra mim, pra gente falar de tudo que envolve vestibular e produção textual.

Análise crítica, autoralidade, coesão, coerência, progressão textual. Já ouviu falar de tudo isso? Sabe o que esse monte de termos tem a ver com redação?

Você deve se lembrar da Tia Lurdinha, professora de Português da oitava série, que pedia pra você fazer aquelas chatíssimas redações dissertativas, sobre temas que nada tinham a ver com a sua vida e com o seu cotidiano. Mas será que não tinham mesmo? Será que todas aquelas coisas sobre as quais você tinha que escrever nada tinham a ver com a sua vida? Será que redação precisa necessariamente ser aquela coisa chata, quadrada, podada, cheia de vírgulas e de pontos e de aspas e de informações que você copiou do caderno de História sem nem saber do que estava falando e sem nem imaginar uma relação possível com o que você vive?

Pois é. Era chato. Era inútil.

Mas era chato e era inútil porque a Tia Lurdinha tinha mais um monte de alunos na sala e não podia sentar ao seu lado e te perguntar o que aquilo tinha a ver com a sua vida. Se ela o tivesse feito e vocês tivessem conversado sobre todas aquelas coisas, eu aposto três paçocas e um chocolate como você teria gostado de escrever redações no seu Ensino Médio.

Não foi culpa da Tia Lurdinha. Tenho certeza de que ela também teria adorado conversar horas com você, mas não foi possível na época e é pra isso que estamos aqui agora: pra acabar com essa má impressão que você tem sobre redação e te mostrar que escrever pode ser muito legal – ou você não gosta de conversar com as pessoas e defender suas ideias?

O texto dissertativo é exatamente isso: defender uma posição. Sentar num boteco (ou na cantina da escola), abrir uma cerveja (ou um Toddynho) e conversar com os coleguinhas sobre o que você acredita, sobre o que te parece mais razoável, sobre o que você acha mais interessante, mais justo e mais verdadeiro. Essa situação te parece muito ruim? Te parece muito chato e muito fora da sua realidade conversar, discutir, defender sua posição?
Se não, vem com a gente discutir os mais variados temas e ganhar autonomia sobre o seu próprio texto. Se sim, faz um esforço e vem com a gente também, porque se você leu esse texto até aqui é porque talvez textos não te pareçam algo tão ruim assim.

Combinado? Nos vemos, então, uma vez por semana nessa coluna semanal?

Espero vocês. Não me abandonem.

Um beijo e até semana que vem.

Você sabia que o Stoodi tem Correção de Redação? Conheça 

Marina Sestito é a Coordenadora de Redação do Stoodi. Formou-se em Filosofia pela FFLCH, na USP – atualmente cursa Licenciatura na FEUSP. Trabalhou em cursinhos pré-vestibulares e hoje comanda a equipe de correção do Stoodi. ​

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