CESGRANRIO 1994

1 A fisionomia da sociedade brasileira neste final de século está irreconhecível. A violência e a crueldade viraram fenômenos de massa. Antes, e até há não muito tempo, elas apareciam como sintoma de patologias individuais. Os "monstros" - um estuprador é assassino de crianças, uma mulher que esquartejou o amante - eram motivo de pasmo e horror para uma comunidade onde a violência ficava confinada a um escaninho de modéstas proporções. Hoje, é uma guerrilha e faz parte do nosso cotidiano.
2 Em pouco tempo a imagem do Brasil, para uso externo e sobretudo para si mesmo, ficou marcada pela reiteração rotineira da crueldade. A onda não é o simples homicídio, é o massacre. E, para não ficarmos no saudosismo dos anos dourados, ressurge uma forma de massacre que tem raízes históricas profundas: o genocídio, essa mancha na formação de uma nacionalidade argamassada pelo sangue de índios e negros.
3 Os episódios brutais estão aí. (...)
4 A violência costuma ser associada à urbanização maciça, que gera miséria, desordem e conflitos.
5 Não vamos procurar desculpa invocando similes de outros países - no Peru, na Bósnia ou onde quer que seja. Estamos dizendo "adeus" ao mito da cordialidade brasileira, da "índole pacífica do nosso povo". Estamos transformados - irreconhecíveis. Convertida em face do monstro, desfigurou-se a nossa fisionomia de povo folgazão, inzoneiro, que tem como símbolos o carnaval, o samba e o futebol. (...)
6 A miséria e a fome do povo são um caldo de cultura a favorecer a disseminação da violência, que se torna balcão de comércio nas mãos de empresários inescrupulosos.

(Moacir Werneck de Castro. Jornal do Brasil, 28/08/93, p. 11.)

Assinale o item em que NÃO há correspondência de sentido no desenvolvimento da oração reduzida em: "Convertida em face do monstro, desfigurou-se..." (50. parágrafo)

Escolha uma das alternativas.