ENADE 2008

Canção

Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente palavra,
deixou ficar o sentido.

O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.

Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem...
Só se aquele mesmo vento
fechou os teus olhos, também...

MEIRELES, Cecília Meireles. Poesia completa: Volume 1. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira, 2001.


Com base no poema acima, assinale a opção correta no que diz respeito à especificidade da linguagem literária.

Escolha uma das alternativas.