EPCAR 2008

Foi no pátio da escola, à hora do recreio. Eugênio abaixou-se para apanhar a bola de pano, e de repente atrás dele alguém gritou:

 

– O Genoca tá com as carça furada no fiofó!

 

Os outros rapazes cercaram Eugênio numa algazarra. Houve pulos, atropelos, pontapés, cotoveladas, gritos e risadas: eram como galinhas correndo cegas a um tempo para bicar o mesmo punhado de milho. No meio da roda, atarantado e vermelho, Eugênio tapava com ambas as mãos o rasgão da calça, sentindo um calorão no rosto, que lhe ardia num formigamento. Os colegas romperam em vaia frenética:

 

Calça furada!

Calça furada!

Calça furada-dá!

 

Gritavam em cadência uniforme, batendo palmas. Eugênio sentiu os olhos se encherem de lágrimas. Balbuciava palavras de fraco protesto, que se sumiam devoradas pelo grande alarido.

 

Calça furada-dá!

No fio-fó-fó-fó!

Oia as calça dele, vovó!

Calça furada-dá!

(VERISSIMO, Erico. Olhai os lírios do campo. 42. ed. Porto Alegre: Globo, 1978, p. 7.)

 

Em relação ao texto, só é possível inferir que

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