Exercícios de Gramática
Listagem de exercíciosFCMMG 2015
Sobre a medicina tradicional (o poder da cura)
A medicina tradicional sempre será a antítese de tudo o que aprendi durante a minha formação como médico, desde a objetividade das dissecações anatômicas ou dos cães de Pavlov dos primeiros anos de faculdade até as intermináveis cirurgias digestivas com suas vogais elípticas e os sintomas dos pacientes desordenados que não estavam nos tratados durante a residência médica. Não que eu tenha deixado de aprender. Aliás, sempre, e muito, ainda agora deste lado de cá. Antítese porque esta medicina que aprendo continuamente, baseada em conceitos bioquímicos, na farmacologia das drogas, na história natural das doenças (final feliz este o das doenças infecciosas pré-aids, quando na maioria das vezes os pacientes curavam-se ou ficavam com sequelas mínimas) e baseada em evidências e que quer ser a mais racional possível, vem agora a se juntar com o poder da cura de uma outra medicina, a medicina tradicional, a que sempre quis negar (embora de interesse sociológico e cultural) e que agora tenho que aprender. Medicina baseada em conceitos muito menos palpáveis (alguns não), como a fé (sim, é preciso ter), o "acreditar no sagrado", nas raízes milenares e nas raízes trituradas no pilão de pedra, nos simbolismos e nos arquétipos, nos xamãs, nas dançarinas mukanda e seus rituais de circuncisão (nada mais que ritos de passagens), no poder das pedras, nas cabeças secas de animais dependuradas no kimbandeiro, nos emplastros, nos chás abortivos, nas escarificações terapêuticas, nas agulhas comunitárias, nas mutilações femininas, imaginar-se tentando explicar a uma mãe de cinco filhos HIV positiva, analfabeta, que precariamente esboça o português (ou serei eu o analfabeto, que mal consigo esboçar um "você está bem" em kimbundo?), cuja renda mensal é menor que 100 dólares, explicar que o ideal é não amamentar o seu filho recém-nascido no seio e sim alimentá-lo preferencialmente com leite artificial (uma lata sai por 30 dólares e não é suficiente para uma semana) é esforçar-se muito, não era esta a medicina que eu conhecia, aprender, a criança não morre de aids porque a história natural desta doença é interrompida pelo banho de cólera, quem lembrou de garantir a água filtrada no preparo do leite? E então eu deixo de racionalizar e fico consternado, aprender, quando abro o Jornal e leio que uma distinta senhora dita "doutora em medicina" cura os pacientes soropositivos [VIH positivos] com injeções de pentamidina, seguido de depoimentos dos projetos de Lázaros incentivando charlatanices para todas as direções, doenças e mau olhados. Porque são muitas as vezes que estes ditos usam-se das práticas tradicionais, julgando-se doutores kimbandeiros, para afirmarem terem a cura de doenças cujo horizonte clínico não são mais do que tênues linhas alaranjadas no céu das seis da tarde. Aprender. Mais algumas vezes.
(TOLEDO, João Paulo. http://angolajpt.blogspot.eom.br/ Acesso em 21/07/2014.)
Releia o trecho final do texto:
"( ... ) julgando-se doutores kimbandeiros, para afirmarem terem a cura de doenças cujo horizonte clínico não são mais do que tênues linhas alaranjadas no céu das seis da tarde. Aprender. Mais algumas vezes."
A metáfora presente nesse trecho sugere que
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