FGV-SP 2009
O território
O trem de ferro partia cedo, acordando Ilhéus, os trilhos na terra esbranquiçada do mar.
Rompia léguas, a máquina fervendo, as vilas e arruados ficando atrás. Internava-se pouco a pouco na mata, fumaça e pó nos vagões, seu apito gritando nos campos. Os cacaueiros escuros, casas em solidão, bolsões de capim alto. Ele passava, homens a sua carga, a selva ainda como nascera, virgem e sem caminhos. Estacava na ponta dos trilhos, o rio ali se alargava, os grapiúnas* esperavam. A última estação, um arruado de casas pobres, casebres arruinados, cor-de-chumbo a terra. Sequeiro, lugar de guerras, muito sangue no chão, as balas dos rifles nas paredes, cheiro de cacau no calor pesado.
— Aqui começa o território – o menino sabia.
............................................................................................
Grande e selvagem o território. Viajar, percorrendo-o nos vales e nos flancos da selva, era conhecer lajedos fechando as passagens e deter-se para vê-lo melhor. Sua aspereza, a força, seus viventes. Ninguém fraco em suas fronteiras, nem mesmo os pássaros, muito menos os homens. A pólvora na aguardente uma bebida, o domador tão selvagem quanto o cavalo, o gavião se fazia rei porque matava. Era assim o território.
Adonias Filho, Léguas da promissão. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1968.
*grapiúna: nome dado pelos sertanejos aos habitantes do litoral.
Um dos principais recursos utilizados pelo autor para descrever o espaço em que se dá a ação é o uso reiterado de:
Quem é TIM estuda de graça com nosso Cronograma de Estudos!
Você que é cliente TIM já tem acesso ilimitado às videoaulas e exercícios de todas as disciplinas do Stoodi, sem consumir seu pacote de dados. Agora, que tal aproveitar acesso gratuito ao nosso Cronograma de Estudos?
Para habilitar seu benefício é preciso:
- Fazer o cadastro ou login no site Stoodi pelo celular
- Estar conectado a uma rede móvel da TIM
Vamos lá? :)