G1 - C

A terra dos meninos pelados
1Graciliano Ramos

2Havia um menino diferente dos outros meninos: tinha o olho direito preto,
o esquerdo azul e a cabeça pelada. Os vizinhos mangavam dele e gritavam:
4Ó pelado!
Tanto gritaram que ele se acostumou, achou o apelido certo, deu para se
 assinar a carvão, nas paredes: Dr. Raimundo Pelado. 5Era de bom gênio e não se
zangava; mas os garotos dos arredores fugiam ao vê-lo, escondiam-se por detrás
das árvores da rua, mudavam a voz e perguntavam que fim tinham levado os
cabelos dele. 6Raimundo entristecia e fechava o olho direito. 7Quando o 8aperreavam
demais, aborrecia-se, fechava o olho esquerdo. E a cara ficava toda escura.
10Não tendo com quem entender-se, Raimundo Pelado falava só, e os
outros pensavam que ele estava malucando.
Estava nada! Conversava sozinho e desenhava na calçada coisas
maravilhosas do país de Tatipirun, onde não há cabelos e as pessoas têm um
 olho preto e outro azul.

RAMOS, Graciliano. Alexandre e outros heróis. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 104.

¹ O alagoano Graciliano Ramos é um dos autores mais importantes da Literatura Brasileira.
²aperreavam – chateavam.

Qual das alternativas a seguir poderia substituir a interjeição sublinhada em “Ó pelado!” (linha 4)?

Escolha uma das alternativas.