UFRGS 1997

LIRA III

Tu não verás, Marília, cem cativos
Tirarem o cascalho, e a rica terra,
Ou dos cercos dos rios caudalosos,
    Ou da minada serra.

Não verás separar ao hábil negro
Do pesado esmeril a grossa areia,
E já brilharem os granetes de ouro
    No fundo da bateia.

Não verás derrubar os virgens matos;
Queimar as capoeiras ainda novas;
Servir de adubo à terra a fértil cinza;
    Lançar os grãos nas covas.

Não verás enrolar negros pacotes
Das secas folhas do cheiroso fumo;
Nem espremer entre as dentadas rodas
    Da doce cana o sumo.

Verás em cima da espaçosa mesa
Altos volumes de enredados feitos:
Ver-me-ás folhear os grandes livros,
    E decidir os pleitos.

Enquanto revolver os meus consultos,
Tu me farás gostosa companhia,
Lendo os fastos da sábia mestra história,
    E os cantos da poesia.

Lerás em alta voz a imagem bela,
E eu, vendo que lhe dás o justo apreço,
Gostoso tornarei a ler de novo
    O cansado processo.
                (...)

NOTA: fastos = anais, registros.


O autor dos versos citados é

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