UEMS 2008

Capítulo XVII

 

Os Vermes

 

“Ele fere e cura”! Quando, mais tarde, vim a saber que a lança de Aquiles também curou uma ferida que fez, tive tais ou quais veleidades de escrever uma dissertação a este propósito. Cheguei a pegar em livros velhos, livros mortos, livros enterrados, a abri-los, a compará-los, catando o texto e o sentido, para achar a origem comum do oráculo pagão e do pensamento israelita. Catei os próprios vermes dos livros, para que me dissessem o que havia nos textos roídos por eles. – Meu senhor, respondeu-me um longo verme gordo, nós não sabemos absolutamente nada dos textos que roemos, nem escolhemos o que roemos, nem amamos ou detestamos o que roemos; nós roemos. Não lhe arranquei mais nada. Os outros todos, como se houvessem passado palavra, repetiam a mesma cantilena. Talvez este discreto silêncio sobre os textos roídos fosse ainda um modo de roer o roído.

 

 

Observe os excertos:


I. O texto constitui-se como uma narrativa em primeira pessoa, por meio de recursos lingüísticos que lhe conferem alto teor subjetivo.
II. A fala do “longo verme gordo” encontra-se retomada na forma de discurso indireto.
III. A frase final do texto apresenta uma reflexão pessoal do narrador, e não um simples relato dos fatos.

 


Está(-ão) correto(s) o(s) excerto(s):

 

Escolha uma das alternativas.