UNIR 2011

Vila Rica


O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre:
E cada cicatriz brilha como um brasão.
O ângelus plange ao longe em doloroso dobre,
O último ouro de sol morre na cerração.
E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião, que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,
Como uma procissão espectral que se move...
Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.
(BILAC, O. Poesias. São Paulo: Ed. Martim Claret, 2002.)

 

Cancioneiro da Inconfidência

(Excerto Canto XXXI)

 

Por aqui passava um homem

– e como o povo se ria! –

que reformava este mundo

de cima da montaria.

 

Tinha um machinho rosilho.

Tinha um machinho castanho.

Dizia: "Não se conhece

país tamanho!‟ 

 

'Do Caeté a Vila Rica,

tudo ouro e cobre!

O que é nosso, vão levando...

E o povo aqui sempre pobre!' 

 

Por aqui passava um homem

– e como o povo se ria! –

que não passava de Alferes

de cavalaria! 

 

'Quando eu voltar – afirmava –

outro haverá que comande.

Tudo isto vai levar volta,

e eu serei grande!' 

 

'Faremos a mesma coisa

que fez a América Inglesa!'

 E bradava: "Há de ser nossa

tanta riqueza!"

 

Por aqui passava um homem

– e como o povo se ria! –

'Liberdade ainda que tarde'

nos prometia.


(MEIRELES, C. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar S.A., 1987.)

 

Da leitura dos textos, pode-se depreender que

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