UEFS 2015

TEXTO:


A Grécia clássica, a que deu certo e ficou como
berço da civilização ocidental, foi feita por povos? Ou foi
feita por grandes homens? Os veios subterrâneos da
sociedade se expressam por meio dos heróis, tanto nas
5 artes como na política. Ninguém mais alheio à República
do que o Marechal Deodoro (1827-1892).


Mas o instinto nacional precisou de um alienado
metido a herói que invadisse o quartel-general,
sustentáculo do Império, ordenando: “Abram isso! Abram
10 isso!”, e depusesse o amigo e imperador.


O verdadeiro herói, o herói de Carlyle (1795-1881),
é um Frankenstein, feito de pedaços.


É preciso juntar vários cadáveres do pensamento
e do ideal humano para formar um Frankenstein
15 articulado. Mas é ele que na hora exata amedronta a
força contrária, aparece no quartel-general e grita: “Abram
isso!”. Frankenstein colado com pedaços de Benjamim
Constant (1837-1891), de Quintino Bocaiúva (1836-1912),
Joaquim Nabuco (1849-1910) e outros republicanos.


20 Estou citando Ezra Pound (1885-1972), quando fala
em “punti luminosi”, pontos luminosos. Na massa
amorfa, inerte, de repente alguma coisa brilha, cintila.


É comum na obra de arte, numa sinfonia, num
romance, num quadro, cheio de pontos mortos, de
25 clichês, surgir inesperadamente aquele brilho que salta,
que se destaca, que interfere na obra inteira e a marca.


O herói é um ponto luminoso que se destaca, é o
jogador que fica parado em campo e, em meio minuto,
arma ou finaliza uma jogada de gênio e decide a partida.


30 No plano da história, o herói é também inesperado.

Veja o caso da Inconfidência Mineira. Os
Inconfidentes eram intelectuais, padres, poetas, mas o
herói foi mesmo Tiradentes (1746-1792), que aguentou
a barra até o fim. E terminou na forca.

CONNY, Carlos Heitor. Heróis. Folha de S. Paulo. Disponível em: 074-herois.shtml>. Acesso em: 5 nov. 2014.

 

O fragmento que evidencia um conceito metafórico de herói, na perspectiva de Carlos Heitor Cony, está presente em

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