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  1. 61

    UERJ 2009

    Piaimã1 A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagüi-açu2 (...) não era sagüim não, chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons3 campainhas apitos buzinas e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés dodges mármons e eram máquinas. Os tamanduás os boitatás4 as inajás5 de curuatás6 de fumo, em vez eram caminhões bondes autobondes anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas postes chaminés... Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina! O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa de deveras forçuda, Tupã7 famanado que os filhos da mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira que a Mãe-d’água8, em bulhas9 de sarapantar10. Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser também imperador dos filhos da mandioca. Mas as três cunhãs11 deram muitas risadas e falaram que isso de deuses era gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém não brinca porque ela mata. A máquina não era deus não, nem possuía os distintivos femininos de que o herói gostava tanto. Era feita pelos homens. Se mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os homens aproveitando as forças da natureza. Porém jacaré acreditou? nem o herói! (...) Macunaíma passou então uma semana sem comer nem brincar só maquinando nas brigas sem vitória dos filhos da mandioca com a Máquina. A Máquina era que matava os homens porém os homens é que mandavam na Máquina... Constatou pasmo que os filhos da mandioca eram donos sem mistério e sem força da máquina sem mistério sem querer sem fastio, incapaz de explicar as infelicidades por si. Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum arranhacéu com os manos, Macunaíma concluiu: — Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate. Não concluiu mais nada porque inda não estava acostumado com discursos porém palpitava pra ele muito embrulhadamente muito! que a máquina devia de ser um deus de que os homens não eram verdadeiramente donos só porque não tinham feito dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento dele sacou bem clarinha uma luz: os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens. Macunaíma deu uma grande gargalhada. Percebeu que estava livre outra vez e teve uma satisfa mãe. MÁRIO DE ANDRADE Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. Vocabulário: 1 Piaimã – personagem do romance 2 sagüi-açu, sagüim – macacos pequenos 3 cláxon – buzina externa nos automóveis antigos 4 boitatá – cobra-de-fogo, na mitologia tupi-guarani 5 inajá – palmeira de tamanho médio 6 curuatá – flor de palmeira 7 Tupã – entidade da mitologia tupi-guarani 8 Mãe-d’água – espécie de sereia das águas amazônicas 9 bulha – confusão de sons 10 sarapantar – espantar 11 cunhã – mulher jovem, em tupi   Toda narrativa de heroísmo costuma ter um personagem que se torna o antagonista do herói. O antagonista de Macunaíma no fragmento lido é a Máquina. Para poder combatê-la, o herói simultaneamente a humaniza e a diviniza. Esse movimento do personagem é contestado no seguinte trecho:

  2. 62

    PUC-RS

    "O fazendeiro criara filhos Escravos escravas Nos terreiros de pitangas e jabuticabas Mas um dia trocou O ouro da carne preta e musculosa As gabirobas e os coqueiros Os monjolos e os bois Por terras imaginárias Onde nasceria a lavoura verde do café." Este poema de Oswald de Andrade exemplifica o movimento nativista... . O poeta, através de uma poesia reduzida ao ...., buscou uma interpretação de seu país.

  3. 63

    UNESPAR 2011

    Leia atentamente o texto que segue e responda ao que se pede.   Casamento   Há mulheres que dizem: Meu marido, se quiser pescar, pesque, mas que limpe os peixes. Eu não. A qualquer hora da noite me levanto, ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar. É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha, de vez em quando os cotovelos se esbarram, ele fala coisas como “este foi difícil” “prateou no ar dando rabanadas” e faz o gesto com a mão. O silêncio de quando nos vimos a primeira vez atravessa a cozinha como um rio profundo. Por fim, os peixes na travessa, vamos dormir. Coisas prateadas espocam: Somos noivo e noiva.   Pode-se afirmar que o poema de Adélia Prado é:   I) da primeira fase modernista. II) da poesia contemporânea (dos anos 80 aos nossos dias). III) da segunda fase modernista. IV) emoção pura, refletindo a vida cotidiana, os medos, as tristezas, a presença do amor e do sonho. V) combativo, preocupado com os problemas da sociedade capitalista, com o desconcerto do mundo, em virtude dos conflitos da época. VI) irreverente, em busca da liberdade formal e temática, da linguagem coloquial, negando o passado e redescobrindo a realidade brasileira.   Está(ão) correta(s):

  4. 64

    FATEC 2011

    O parnasianismo, entre nós, foi especialmente uma reação de cultura. É mesmo isso que o torna simpático... As academias de arte, algumas delas, até ridículas superfetações1 em nosso meio, como a de Belas Artes da Missão Lebreton, mesmo criadas muito anteriormente, só nesse período começam a produzir verdadeiros frutos nativos, na pintura, na música. Se dava  então um progresso cultural verdadeiramente fatal, escolas que tradicionalizavam seu tipo, maior difusão de leitura, maior difusão da imprensa. Essa difusão de cultura atingiu também a poesia. Excetuado um Gonçalves Dias, a nossa poesia romântica é fundamentalmente um lirismo inculto. Todo o nosso romantismo se caracteriza bem brasileira mente por essa poesia analfabeta, canto de passarinho, ou melhor, canto de cantador; em sensível oposição à poética culteranista anterior. Mesmo da escola mineira, que, se não se poderá dizer culteranista, era bastante cultivada, principalmente com Cláudio Manuel e Dirceu. É possível reconhecer que os nossos românticos liam muito os poetas e poetastros estrangeiros do tempo. Isso lhes deu apenas uma chuvarada de citações para epígrafe de seus poemas; por dentro, estes poemas perseveraram edenicamente analfabetos. A necessidade nova de cultura, se em grande parte produziu apenas, em nossos parnasianos, maior leitura e consequente enriquecimento de temática em sua poesia, teve uma consequência que me parece fundamental. Levou poetas e prosadores em geral a um.... culteranismo novo, o bem falar conforme às regras das gramáticas lusas. Com isso foi abandonada aquela franca tendência pra escrever apenas pondo em estilo gráfico a linguagem falada, com que os românticos estavam caminhando vertiginosamente para a fixação estilística de uma língua nacional. Os parnasianos, e foi talvez o seu maior crime, deformaram a língua nascente, “em prol do estilo”. [...]    Essa foi a grande transformação. Uma necessidade de maior extensão de cultivo intelectual para o poeta, atingiu também a poesia. Da língua boa passou-se para a língua certa.   superfetações1: A palavra significa, literalmente, fecundação de um segundo óvulo, no curso de uma gestação. Mário de Andrade a emprega em sentido figurado.   À vista do texto e das teses correntes sobre os estilos de época em nossa literatura, é correto afirmar que, nesse texto, Mário de Andrade  

  5. 65

    ENEM PPL 2012

    A rua   Bem sei que, muitas vezes, O único remédio É adiar tudo. É adiar a sede, a fome, a viagem, A dívida, o divertimento, O pedido de emprego, ou a própria alegria. A esperança é também uma forma De contínuo adiamento. Sei que é preciso prestigiar a esperança, Numa sala de espera. Mas sei também que espera significa luta e não, apenas, Esperança sentada. Não abdicação diante da vida.   A esperança Nunca é a forma burguesa, sentada e tranquila da espera. Nunca é figura de mulher Do quadro antigo. Sentada, dando milho aos pombos. RICARDO, C. Disponível em: www.revista.agulha.nom.br. Acesso em: 2 jan. 2012.   O poema de Cassiano Ricardo insere-se no Modernismo brasileiro. O autor metaforiza a crença do sujeito lírico numa relação entre o homem e seu tempo marcada por

  6. 66

    UEL 2006

    A questão refere-se aos parágrafos iniciais do IX capítulo de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928), de Mário de Andrade (1893-1945), intitulado “Carta Pràs Icamiabas”. Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas.   Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis, São Paulo.       Senhoras:   Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudades e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós se afirma cavalgardes belígeros ginetes e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperador vosso, tais dislates da erudição, porém heis de convir conosco que, assim, ficais mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa pátina respeitável da tradição e da pureza antiga.       Mas não devemos esperdiçarmos vosso tempo fero, e muito menos conturbarmos vosso entendimento, com notícias de mau calibre; passemos, pois, imediato, ao relato dos nossos feitos por cá.   Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita pesou sobre nós. Por uma bela noite dos idos de maio do ano translato, perdíamos a muiraquitã; que outrem grafara muraquitã, e, alguns doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam muyrakitam e até mesmo muraqué-itã, não sorriais! Haveis de saber que este vocábulo, tão familiar a vossas trompas de Eustáquio, é quasi desconhecido por aqui. Por estas paragens mui civis, os guerreiros chamam-se polícias, grilos, guardas-cívicas, boxistas, legalistas, mazorqueiros, etc.; sendo que alguns desses termos são eologismos absurdos – bagaço nefando com que os desleixados e petimetres conspurcam o bom falar lusitano. Mas não nos sobra já vagar para discretearmos “sub tegmine fagi”, sobre a língua portuguesa, também chamada lusitana. O que vos interessará, por sem dúvida, é saberdes que os guerreiros de cá não buscam mavórticas damas para o enlace epitalámico; mas antes as preferem dóceis e facilmente trocáveis por voláteis folhas de papel a que o vulgo chamará dinheiro – o “curriculum vitae” da civilização, a que hoje fazemos ponto de honra em pertencermos.       Com base no texto, considere as afirmativas a seguir. I. O emissor da carta é Macunaíma e encontrase em São Paulo. Dirige-se formalmente às icamiabas, fazendo uso, para si, de plural majestático, “nós”, e, para elas, de segunda pessoa do plural, “vós”. A comunicação torna-se, através desse procedimento, marcadamente formal. II. A formalidade da linguagem presente na carta é bastante artificial. O léxico e a sintaxe mostramse preciosistas e arcaizantes, revelando opção do emissor por valores estranhos àqueles que unem emissor e destinatárias, membros do Uraricoera. III. A carta deixa transparecer a falta de conhecimento da língua pela qual a personagem Macunaíma optou, pois emprega indevidamente a flexão verbal (“não devemos esperdiçarmos”; “fazemos ponto de honra pertencermos”). IV. Há tentativa de enraizamento da carta na tradição latina, conforme demonstram o emprego de palavras provenientes diretamente do latim (“icamiabas”, “muiraquitã”) e a paródia do episódio do velho do Restelo presente em “Nem cinco sóis eram passados”.   Estão corretas apenas as afirmativas: 

  7. 67

    UERJ 2009

    TEXTO I Herói na contemporaneidade Quando eu era criança, passava todo o tempo desenhando super-heróis. Recorro ao historiador de mitologia Joseph Campbell, que diferenciava as duas figuras públicas: o herói (figura pública antiga) e a celebridade (a figura pública moderna). Enquanto a celebridade se populariza por viver para si mesma, o herói assim se tornava por viver servindo sua comunidade. Todo super-herói deve atravessar alguma via crucis. Gandhi, líder pacifista indiano, disse que, quanto maior nosso sacrifício, maior será nossa conquista. Como Hércules, como Batman. Toda história em quadrinhos traz em si alguma coisa de industrial e marginal, ao mesmo tempo e sob o mesmo aspecto. Os filmes de super-herói, ainda que transpondo essa cultura para a grande e famigerada indústria, realizam uma outra façanha, que provavelmente sem eles não ocorreria: a formação de novas mitologias reafirmando os mesmos ideais heróicos da Antigüidade para o homem moderno. O cineasta italiano Fellini afirmou uma vez que Stan Lee, o criador da editora Marvel e de diversos heróis populares, era o Homero dos quadrinhos. Toda boa história de super-herói é uma história de exclusão social. Homem-Aranha é um nerd, Hulk é um monstro amaldiçoado, Demolidor é um deficiente, os X-Men são indivíduos excepcionais, Batman é um órfão, Super-Homem é um alienígena expatriado. São todos símbolos da solidão, da sobrevivência e da abnegação humana. Não se ama um herói pelos seus poderes, mas pela sua dor. Nossos olhos podem até se voltar a eles por suas habilidades fantásticas, mas é na humanidade que eles crescem dentro do gosto popular. Os superheróis que não sofrem ou simplesmente trabalham para o sistema vigente tendem a se tornar meio bobos, como o Tocha-Humana ou o Capitão América. Hulk e Homem-Aranha são seres que criticam a inconseqüência da ciência, com sua energia atômica e suas experiências genéticas. Os X-Men nos advertem para a educação inclusiva. Super-Homem é aquele que mais se aproxima de Jesus Cristo, e por isso talvez seja o mais popular de todos, em seu sacrifício solitário em defesa dos seres humanos, mas também tem algo de Aquiles, com seu calcanhar que é a kriptonita. Humano e super-herói, como Gandhi. Não houve nenhuma literatura que tenha me marcado mais do que essas histórias em quadrinhos. Eu raramente as leio hoje em dia, mas quando assisto a bons filmes de super-heróis eu lembro que todos temos um lado ingênuo e bom, que pode ser capaz de suportar a dor da solidão por um princípio. FERNANDO CHUÍ. Adaptado de http://fernandochui.blogspot.com TEXTO II Piaimã1 A inteligência do herói estava muito perturbada. Acordou com os berros da bicharia lá em baixo nas ruas, disparando entre as malocas temíveis. E aquele diacho de sagüi-açu2 (...) não era sagüim não, chamava elevador e era uma máquina. De-manhãzinha ensinaram que todos aqueles piados berros cuquiadas sopros roncos esturros não eram nada disso não, eram mas cláxons3 campainhas apitos buzinas e tudo era máquina. As onças pardas não eram onças pardas, se chamavam fordes hupmobiles chevrolés dodges mármons e eram máquinas. Os tamanduás os boitatás4 as inajás5 de curuatás6 de fumo, em vez eram caminhões bondes autobondes anúncios-luminosos relógios faróis rádios motocicletas telefones gorjetas postes chaminés... Eram máquinas e tudo na cidade era só máquina! O herói aprendendo calado. De vez em quando estremecia. Voltava a ficar imóvel escutando assuntando maquinando numa cisma assombrada. Tomou-o um respeito cheio de inveja por essa deusa de deveras forçuda, Tupã7 famanado que os filhos da mandioca chamavam de Máquina, mais cantadeira que a Mãe-d’água8, em bulhas9 de sarapantar10. Então resolveu ir brincar com a Máquina pra ser também imperador dos filhos da mandioca. Mas as três cunhãs11 deram muitas risadas e falaram que isso de deuses era gorda mentira antiga, que não tinha deus não e que com a máquina ninguém não brinca porque ela mata. A máquina não era deus não, nem possuía os distintivos femininos de que o herói gostava tanto. Era feita pelos homens. Se mexia com eletricidade com fogo com água com vento com fumo, os homens aproveitando as forças da natureza. Porém jacaré acreditou? nem o herói! (...) Macunaíma passou então uma semana sem comer nem brincar só maquinando nas brigas sem vitória dos filhos da mandioca com a Máquina. A Máquina era que matava os homens porém os homens é que mandavam na Máquina... Constatou pasmo que os filhos da mandioca eram donos sem mistério e sem força da máquina sem mistério sem querer sem fastio, incapaz de explicar as infelicidades por si. Estava nostálgico assim. Até que uma noite, suspenso no terraço dum arranhacéu com os manos, Macunaíma concluiu: — Os filhos da mandioca não ganham da máquina nem ela ganha deles nesta luta. Há empate. Não concluiu mais nada porque inda não estava acostumado com discursos porém palpitava pra ele muito embrulhadamente muito! que a máquina devia de ser um deus de que os homens não eram verdadeiramente donos só porque não tinham feito dela uma Iara explicável mas apenas uma realidade do mundo. De toda essa embrulhada o pensamento dele sacou bem clarinha uma luz: os homens é que eram máquinas e as máquinas é que eram homens. Macunaíma deu uma grande gargalhada. Percebeu que estava livre outra vez e teve uma satisfa mãe. MÁRIO DE ANDRADE Macunaíma, o herói sem nenhum caráter. Belo Horizonte: Itatiaia, 1986. Vocabulário: 1 Piaimã – personagem do romance 2 sagüi-açu, sagüim – macacos pequenos 3 cláxon – buzina externa nos automóveis antigos 4 boitatá – cobra-de-fogo, na mitologia tupi-guarani 5 inajá – palmeira de tamanho médio 6 curuatá – flor de palmeira 7 Tupã – entidade da mitologia tupi-guarani 8 Mãe-d’água – espécie de sereia das águas amazônicas 9 bulha – confusão de sons 10 sarapantar – espantar 11 cunhã – mulher jovem, em tupi   No texto Herói na contemporaneidade, o autor valoriza um determinado perfil de herói, em contraposição a outro por ele considerado “bobo”, sem importância. O perfil de Macunaíma difere desses dois tipos de herói. Tal diferença pode ser verificada na seguinte caracterização de Macunaíma:

  8. 68

    UFMG

    Todos os seguintes poemas, extraídos de Pau-Brasil, de Oswald de Andrade, são marcados pela visualidade e pela síntese verbal, exceto

  9. 69

    ITA 2013

    As personagens desta obra, que anunciam um movimento literário posterior, são quase caricaturas de tipos do estrato socioeconômico médio da sociedade da época – o mestre de rezas, a cigana, o barbeiro, dentre outras. Elas agem conforme as necessidades de sobrevivência, sem moralismos ou escrúpulos. As personagens, de certa forma, representam aspectos da cultura brasileira, entre os quais se destaca o “jeitinho brasileiro”. Trata-se de:

  10. 70

    UFMG

    Todos os seguintes fragmentos, retirados de manifestos do Modernismo brasileiro, apresentam princípios também contidos na obra Pau-Brasil, exceto

  11. 71

    MACKENZIE 2009

    A descoberta   Seguimos nosso caminho por este mar de longo Até a oitava Páscoa Topamos aves E houvemos vista de terra   Oswald de Andrade, Pero Vaz Caminha   O texto exemplifica a seguinte característica da poesia de Oswald de Andrade:

  12. 72

    MACKENZIE 2014

    Poema Tirado de uma Notícia de Jornal João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da Babilônia num barracão sem número Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro Bebeu Cantou Dançou Depois se atirou na lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado. Manuel Bandeira   Sobre a poesia de Manuel Bandeira, é INCORRETO afirmar que o autor:

  13. 73

    FATEC 2011

    O parnasianismo, entre nós, foi especialmente uma reação de cultura. É mesmo isso que o torna simpático... As academias de arte, algumas delas, até ridículas superfetações1 em nosso meio, como a de Belas Artes da Missão Lebreton, mesmo criadas muito anteriormente, só nesse período começam a produzir verdadeiros frutos nativos, na pintura, na música. Se dava  então um progresso cultural verdadeiramente fatal, escolas que tradicionalizavam seu tipo, maior difusão de leitura, maior difusão da imprensa. Essa difusão de cultura atingiu também a poesia. Excetuado um Gonçalves Dias, a nossa poesia romântica é fundamentalmente um lirismo inculto. Todo o nosso romantismo se caracteriza bem brasileira mente por essa poesia analfabeta, canto de passarinho, ou melhor, canto de cantador; em sensível oposição à poética culteranista anterior. Mesmo da escola mineira, que, se não se poderá dizer culteranista, era bastante cultivada, principalmente com Cláudio Manuel e Dirceu. É possível reconhecer que os nossos românticos liam muito os poetas e poetastros estrangeiros do tempo. Isso lhes deu apenas uma chuvarada de citações para epígrafe de seus poemas; por dentro, estes poemas perseveraram edenicamente analfabetos.   A necessidade nova de cultura, se em grande parte produziu apenas, em nossos parnasianos, maior leitura e consequente enriquecimento de temática em sua poesia, teve uma consequência que me parece fundamental. Levou poetas e prosadores em geral a um.... culteranismo novo, o bem falar conforme às regras das gramáticas lusas. Com isso foi abandonada aquela franca tendência pra escrever apenas pondo em estilo gráfico a linguagem falada, com que os românticos estavam caminhando vertiginosamente para a fixação estilística de uma língua nacional. Os parnasianos, e foi talvez o seu maior crime, deformaram a língua nascente, “em prol do estilo”. [...]   Essa foi a grande transformação. Uma necessidade de maior extensão de cultivo intelectual para o poeta, atingiu também a poesia. Da língua boa passou-se para a língua certa. superfetações1: A palavra significa, literalmente, fecundação de um segundo óvulo, no curso de uma gestação. Mário de Andrade a emprega em sentido figurado.   A construção, empregada por Mário de Andrade, que mais se desvia da norma culta do português escrito, para expressar tendência da língua coloquial falada, é:

  14. 74

    FGV-SP 2010

    Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. (...) Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. (...) Iracema saiu do banho: o aljôfar d’água ainda a roreja, como à doce mangaba que corou em manhã de chuva. Enquanto repousa, empluma das penas do guará as flechas de seu arco, e concerta com o sabiá da mata, pousado no galho próximo, o canto agreste. (...) Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. Diante dela e todo a contemplá-la está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. Apesar de suas diferenças temáticas e estilísticas, os romances  Iracema,  Macunaíma e  Vidas secas apresentam pelo menos um ponto em comum. Trata-se da presença, nas três obras, de 

  15. 75

    UEL 2006

    A questão refere-se aos parágrafos iniciais do IX capítulo de Macunaíma, o herói sem nenhum caráter (1928), de Mário de Andrade (1893-1945), intitulado “Carta Pràs Icamiabas”. Às mui queridas súbditas nossas, Senhoras Amazonas. Trinta de Maio de Mil Novecentos e Vinte e Seis, São Paulo. Senhoras: Não pouco vos surpreenderá, por certo, o endereço e a literatura desta missiva. Cumpre-nos, entretanto, iniciar estas linhas de saudades e muito amor, com desagradável nova. É bem verdade que na boa cidade de São Paulo – a maior do universo, no dizer de seus prolixos habitantes – não sois conhecidas por “icamiabas”, voz espúria, sinão que pelo apelativo de Amazonas; e de vós se afirma cavalgardes belígeros ginetes e virdes da Hélade clássica; e assim sois chamadas. Muito nos pesou a nós, Imperador vosso, tais dislates da erudição, porém heis de convir conosco que, assim, ficais mais heróicas e mais conspícuas, tocadas por essa pátina respeitável da tradição e da pureza antiga. Mas não devemos esperdiçarmos vosso tempo fero, e muito menos conturbarmos vosso entendimento, com notícias de mau calibre; passemos, pois, imediato, ao relato dos nossos feitos por cá. Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita pesou sobre nós. Por uma bela noite dos idos de maio do ano translato, perdíamos a muiraquitã; que outrem grafara muraquitã, e, alguns doutos, ciosos de etimologias esdrúxulas, ortografam muyrakitam e até mesmo muraqué-itã, não sorriais! Haveis de saber que este vocábulo, tão familiar a vossas trompas de Eustáquio, é quasi desconhecido por aqui. Por estas paragens mui civis, os guerreiros chamam-se polícias, grilos, guardas-cívicas, boxistas, legalistas, mazorqueiros, etc.; sendo que alguns desses termos são eologismos absurdos – bagaço nefando com que os desleixados e petimetres conspurcam o bom falar lusitano. Mas não nos sobra já vagar para discretearmos “sub tegmine fagi”, sobre a língua portuguesa, também chamada lusitana. O que vos interessará, por sem dúvida, é saberdes que os guerreiros de cá não buscam mavórticas damas para o enlace epitalámico; mas antes as preferem dóceis e facilmente trocáveis por voláteis folhas de papel a que o vulgo chamará dinheiro – o “curriculum vitae” da civilização, a que hoje fazemos ponto de honra em pertencermos. ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. Edição Crítica de Telê Porto Ancona Lopez. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos; São Paulo: Secretaria da Cultura, Ciência e Tecnologia, 1978, p. 71-72.   Macunaíma, personagem criada por Mário de Andrade, oscila entre duas ordens de valores: os europeus e aqueles do Uraricoera. Na carta destinada às icamiabas, antecipa sua desastrosa opção final pelos valores europeus dos quais, na verdade, tem pouco conhecimento. Assim sendo, a carta (capítulo IX) antecipa episódio final no qual: 

  16. 76

    UEL 2006

    Em Os Lusíadas, de Camões, lê-se: “Porém já cinco sóis eram passados / Que dali nos partíramos, [...], / Quando ua noite, estando descuidados / Na cortadora proa vigiando, / Ua nuvem, que os ares escurece, / Sobre nossas cabeças aparece.”   Em Macunaíma, de Mário de Andrade, lê-se: “Nem cinco sóis eram passados que de vós nos partíramos, quando a mais temerosa desdita pesou sobre nós.”    Com base nas duas passagens citadas, considere as afirmativas a seguir.   I. Na obra de Camões, a mudança da sorte efetiva-se cinco dias após a saída das naus de Lisboa. Em Macunaíma, a mudança da sorte ocorre antes de completar os cinco dias da partida do Uraricoera. II. Enquanto em Os Lusíadas a contagem dos dias faz-se a partir da saída de determinado lugar, em Macunaíma ela faz-se a partir do momento em que a personagem abandona a companhia das icamiabas, habitantes do Uraricoera. III. A primeira pessoa do plural empregada no texto camoniano aplica-se a todos os membros das embarcações lideradas por Vasco da Gama. A primeira pessoa do plural empregada no texto andradino aplica-se ao herói, seus irmãos e Capei. IV. Em Os Lusíadas, a mudança dos eventos é marcada pelo surgimento de uma nuvem escura no céu. Em Macunaíma, não há a mediação da natureza a prenunciar a desdita, ou seja, a perda da muiraquitã.   Estão corretas apenas as afirmativas:

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