UNICENTRO 2008

No poente avermelhado, um vulto preto se desenhou.

Depois, o cavalo e o cavaleiro foram-se destacando na sombra escura que avançava.

Ao chouto duro do cavalo, o cavaleiro subia e descia na sela, desengonçadamente, numa indiferença de macaco pensativo que se agacha num encontro de galhos e ali fica, deixando que o vento o empurre e sacuda à vontade.

Era o Chico Bento. O cavalo parou debaixo do pau-branco seco que fazia as vezes de sombra. O dono apeou, com a mesma indolência desajeitada, tirou o cabresto de baixo da capa da sela e amarrou o animal no tronco.

Vicente, sentado numa rede, o cigarro entre as mãos, via-o chegar. E respondendo à saudação tartamudeada do caboclo:

— Boa tarde, compadre. Abanque-se!

O vaqueiro sentou-se num banco de pau, junto ao parapeito.

Vinha fazer um negócio... umas resinhas que ele tinha nas Aroeiras e queria vender...

[...]

Quando o vaqueiro montou novamente, o rapaz disse, a modo de despedida:

— Pois de manhãzinha bem cedo mande o rapaz buscar o animal e a ordem do dinheiro para o Zacarias da Feira.

Chico Bento saiu já com escuro. Lentamente o balançava o chouto largo do cavalo.

Ia e vinha na larga sela de campo, de arção redondo e grandes capas bordadas.

Pensava na troca. Umas reses tão famosas! Por um babau velho e cinqüenta mil-réis de volta! O que é a gente estar na desgraça...

QUEIROZ, Rachel de. O quinze. 13. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1971. p. 41-43.

O fragmento contextualizado na obra permite afirmar:

Escolha uma das alternativas.