FGV-SP 2012

Leia o seguinte texto sobre a ópera O Guarani, de Carlos Gomes:

 

Desde a chegada à Europa, Carlos Gomes idealizava o projeto de uma obra de maior vulto, que precisaria ser enviada ao Brasil como contrapartida pela bolsa recebida do governo. A essa altura, seus biógrafos relatam que, com saudades do Brasil, Gomes passeava sozinho pela Piazza del Duomo, quando ouviu o anúncio de um vendedor ambulante: “Il Guarany, Storia del Selvaggi del Brasile”. Tomado de susto pela coincidência, conta-se que comprou ali mesmo a tradução do livro de Alencar, certo de que aquele era um sinal: sua nova obra deveria se voltar às origens. A narrativa serve bem à construção dos mitos em torno do compositor, mas o fato é que não há registro oficial algum do episódio, pelo contrário: cartas e documentos mostram que, ao partir para a Itália, Carlos Gomes já pensava em “O Guarani” como tema para uma nova obra. Se ele comprou uma versão italiana do romance foi apenas para facilitar o trabalho do libretista Antonio Scalvini.

O romance de José de Alencar tinha todos os ingredientes de um bom libreto: o triângulo amoroso, a luta entre o bem e o mal e cenas dramáticas e visualmente fortes.


No dia 2 de dezembro de 1870, o escritor José de Alencar caminhou pelas ruas do Rio de Janeiro até o Teatro Lírico a fim de acompanhar a estreia brasileira da ópera baseada em seu romance mais famoso, publicado em 1857. Ao fim do espetáculo, a intensa  ovação não foi suficiente para fazer o escritor esquecer algumas restrições com relação à adaptação. Anos depois, em suas memórias, ele se resignaria: “Desculpo-lhe, porém, por tudo, porque daqui a tempos, talvez por causa das suas espontâneas e inspiradas melodias, não poucos hão de ler esse livro, senão relê-lo – e maior favor não pode merecer um autor”. Alencar não estava errado. A ópera não apenas ajudou a manter viva a fama do romance como se tornou símbolo máximo da obra de seu compositor.
Coleção Folha Grandes Óperas. São Paulo: Moderna, 2011. Adaptado

 

O mencionado triângulo amoroso de O Guarani, de José de Alencar, é composto pelas personagens:

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