UPE 2013

Texto 6

 

Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,  
Soluçando nas trevas, entre as grades  
Do calabouço olhando imensidades,  
Mares, estrelas, tardes, natureza  


Tudo se veste de uma igual grandeza  
Quando a alma entre grilhões as liberdades  
Sonha e, sonhando, as imortalidades  
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.  


Ó almas presas, mudas e fechadas  
Nas prisões colossais e abandonadas,  
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!  


Nesses silêncios solitários, graves,  
que chaveiro do Céu possui as chaves  
para abrir‐vos as portas do Mistério?!
(Cruz e Souza)

 

Texto 7

 

A um poeta
Longe do estéril turbilhão das ruas,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e sofre, e lima, e sua!


Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.


Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício.  


Porque a Beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
(Olavo Bilac)

 

Após a leitura, assinale V para as afirmativas Verdadeiras e F para as Falsas.

 

(  )   São dois sonetos pertencentes ao mesmo movimento literário. Suas temáticas    expressam  sentimentos idênticos; no primeiro, o constrangimento do eu poético por ter sido preso injustamente e, no segundo, a equiparação do poeta a um monge beneditino.  

(  )    São poemas líricos que possuem forma fixa,    preocupação tanto do Parnasianismo como do Simbolismo, pois ambos os movimentos se caracterizam pela busca da forma perfeita, isto é, da Arte pela Arte.

(  )  O primeiro poema revela um certo misticismo, próprio  da poesia simbolista, enquanto o segundo trata do próprio fazer poético, constituindo‐se, portanto, como um  meta‐ poema, tema característico da poesia parnasiana.

(  )  Em A um poeta, Olavo Bilac discursa, em linguagem sóbria e erudita,  sobre o trabalho do poeta, enquanto em  Cárcere  das almas, Cruz e Souza metaforicamente concebe o corpo como uma prisão, daí a morte significar libertação.  

(  )  Os dois poemas recorrem, em suas temáticas, a aspectos ligados à vida religiosa: o primeiro, ao tomar o corpo na acepção de cárcere e o segundo quando metaforicamente relaciona  a necessidade de isolamento exigida pelo labor poético à vida dos monges no claustro.

 

Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA.

Escolha uma das alternativas.