PUC-GO 2015

TODO PIONEIRO É UM FORTE, pensava Bambico. Acredita nos sonhos. Se não fosse por ele, o mundo ainda estaria no tempo das cavernas... Quanto mais pensava nisso, mais se fortalecia.

 

Bambico chegara à Amazônia com as mãos vazias, vindo do Sul. Mas tinha na cabeça projetos grandiosos. Queria extrair da natureza toda a riqueza intacta, como o garimpeiro faz. Não desejava, entretanto, cavar rio e terra para achar pepitas de ouro. Não tinha vocação para tatu. Não faria como os garimpeiros: quando não havia mais nada, eles se mudavam, atrás de outros garimpos.

 

— Garimpeiro vive de ilusões. Eu gosto de projetos!

 

Que projetos grandiosos eram? Cortar árvores, exportar madeiras preciosas para a casa e a mobília dos ricos. Em seguida, semear capim, povoando os campos com as boiadas de nelore brilhando de tanta saúde. A riqueza estava acima do chão. A imensidão verde desaparecia no horizonte. Só de olhar para uma árvore, sabia quantos dólares cairia em seus bolsos. Quando ouvia os roncos das motosserras, costumava dizer, orgulhoso:

 

— Eis o barulho da fortuna!

 

Montes de serragem eram avistados de longe quando o visitante chegava às pequenas comunidades. Os caminhões de toras gemiam nas estradas esburacadas. Índios e caboclos eram afugentados à bala. A floresta se transformava num pó fino, que logo apodrecia. Quando os montes de serragem não apodreciam, eram queimados, sempre apressadamente. Por dias, os canudos negros de fumaça subindo pesadamente ao céu. Havia o medo dos fiscais. Quando apareciam, quase nunca eram vistos, era conveniente que houvesse pouca serragem...

 

Que história, a de Bambico! Teria muita coisa a contar para os netos que haveriam de chegar.

 

Em seu escritório, fumando um Havana, que um importador americano lhe presenteara, estufou o peito, vaidoso.

 

— Sim, muitas coisas! Quem te viu, quem te vê! [...]

 

Sentia prazer com seus projetos grandiosos. Toda manhã se levantava para conquistar o mundo. Vereança era merreca. Não se rastejava em pequenos projetos. Muito menos desejava ser deputado... Ambicionava altos voos. Todo deputado era pau-mandado dos ricos. O Senado, sim, era o grande alvo. Lá, ele poderia afrontar esses “falsos profetas protetores da natureza”. Essas ONGs de fachada... Lá, o seu cajado cairia sem dó, como um verdugo, sobre o costado dessa gente tola. Enquanto isso, ele poderia continuar seus projetos grandiosos. Cortar árvores, exportar madeiras preciosas para a casa e a mobília dos ricos, e semear capim.

 

Sonhara em ter uma dúzia de filhos, mas o destino lhe dera apenas dois. Sua mulher, após o segundo parto, ficara impossibilitada de procriar. Não queria fêmea entre os seus descendentes, mas logo no primeiro parto veio a decepção. Uma menina. Decepcionado, nada comentou com a esposa. No segundo, depois de uma gravidez tumultuada, veio o varão. Encheu-se de alegria. Com certeza, mais varões estavam para vir... [...]

(GONÇALVES, David. Sangue verde. São Paulo: Sucesso Pocket, 2014. p. 114-115.)

 

 

El período“Em seu escritório, fumando um Havana, que um importador americano lhe presenteara, estufou o peito, vaidoso”,en el texto de Gonçalves, se traduce al español como “En su oficina, fumando un Havana, que un importador americano le había regalado, se llenó el pecho, vanidoso”. Las palabras escritório (pt) y escritorio (es) presentan significados diferentes. Mientras la palabra portuguesa remite a la idea de una sala de trabajo, la española especifica una mesa de estudios. Estos son ejemplos de falsos cognados, es decir, palabras iguales o muy similares en las dos lenguas, tanto en la grafía como en la pronunciación, pero con significados completamente diferentes. En cada una de las opciones que siguen, encontramos dos palabras portuguesas (pt), heterosemánticas en relación a sus semejantes en español.

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