PUC-SP 2015

The New York Times

 

Ganhar dinheiro e fazer o bem​

 

Em colaboração com

Folha de S.Paulo, 9 de maio de 2015

 

 

Algumas pessoas vão trabalhar em setores que pagam bem, como o financeiro, para terem um estilo de vida que inclui mansões e carros velozes. Hoje em dia, porém, há quem o faça na esperança de ajudar a sociedade, não só a si mesmo.

 

O movimento é chamado de “altruísmo eficaz” , e um de seus membros é Matt Wage, sobre quem o colunista do “NYT” Nicholas Kristof escreveu.

 

Na Universidade Princeton, em Nova Jersey, Wage se destacava em filosofia e era conhecido por pensar que tinha o dever de fazer algo para tornar o mundo um lugar melhor. Mas, depois de se formar, em 2012, foi trabalhar para a firma de corretagem de arbitragem financeira.

 

Seu raciocínio: por ganhar mais dinheiro, ele teria mais chances de mudar a vida de outras pessoas para melhor. Em 2013, Wage doou US100mil(R 300 mil) para fins beneficentes – mais ou menos a metade de sua renda bruta, revelou ao “NYT”. Ele disse que pretendia continuar a trabalhar para o setor financeiro e doar metade do que recebia.

 

Uma das entidades que se beneficia de suas doações é a Against Malaria Foundation, que, ao que consta, consegue salvar a vida de uma criança com cada US3.340(R 10.020) doados.

 

Kristof escreveu: “Tudo isso sugere que Wage talvez salve mais vidas com suas doações do que salvaria se tivesse se tornado funcionário de uma ONG”.

 

Kristof observou que a abordagem de Wage pode ser questionada. Será que doar uma parte do salário é o bastante? Existem causas mais merecedoras de ajuda que outras? E será que é realmente correto aceitar um emprego só pelo dinheiro? “Não sei se isso funcionaria para todos”, ele escreveu, mas aplaudiu a prática de maneira geral.

 

Existem outras maneiras de alcançar metas semelhantes; uma delas é o chamado “investimento de impacto”, a prática de usar o capital “para produzir um bem ou fornecer um serviço que cause impacto social positivo, ao mesmo tempo em que gera algum nível de retorno financeiro”.

 

Essa definição saiu do livro “Impact Investment”, de Keith A. Allman, do Deutsche Bank, e Ximea Escobar de Nogales, diretora de gestão de impacto numa firma de private equity.

 

O livro explica como envolver-se no setor de investimento de impacto, desde analisar a missão de uma empresa até determinar até que ponto ela tem êxito em alcançar essa meta e também manter-se rentável.

 

O professor de economia de Harvard Sendhil Mullainathan espera que seus estudantes se sintam atraídos por esse altruísmo e não se tornem simples “pessoas que buscam receita”.

 

Escrevendo no “NYT”, ele notou que quase 20% dos alunos que foram trabalhar depois de se formar em Harvard em 2014 foram para o setor financeiro.

 

Ele não vê com maus olhos o desejo deles por bons empregos, mas questiona: “Será que é uma decisão boa para a sociedade?”

 

Mullainathan escreveu que todo trabalho possui o potencial de beneficiar a sociedade. “Um advogado que ajuda a redigir contratos precisos pode beneficiar o bom funcionamento do comércio; desse modo, gera riqueza.”

 

O setor financeiro também pode melhorar a vida das pessoas comuns, ajudando-as a poupar dinheiro para a faculdade de seus filhos, oferecendo seguros para pequenos produtores agrícolas ou possibilitando às pessoas conseguir financiamentos imobiliários com prestações viáveis.

 

Para seus alunos que optam por trabalhar no setor financeiro, Mullainathan disse: “Espero que eles percebam que têm o potencial de fazer o bem, e não apenas de ganhar dinheiro”.

TESS FELDER

 

 

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