UEG 2005

TEXTO A

CUSTO DE VIDA

Ressurge o dilema da inflação

REDUZIR OS GASTOS DO GOVERNO É OPÇÃO ALTERNATIVA QUE A EQUIPE ECONÔMICA ESTUDA PARA SEGURAR A INFLAÇÃO SEM ELEVAR A SELIC.*

O POPULAR. Goiânia, 20 set. 2004, p.7.

*SELIC é a sigla referente à taxa básica de juros, administrada pelo Banco Central, que a utiliza também como mecanismo de controle da inflação.

 

TEXTO B

Dúvida na eficácia da alta dos juros

Ex-diretor do Banco Central, Carlos Thadeu de Freitas diz que o reajuste da taxa Selic é um tiro no pé.

A decisão do Banco Central de aumentar, na última quarta-feira, em 0,25 ponto percentual a taxa Selic trouxe mais uma vez à tona a discussão sobre a eficácia de se elevar os juros no país com o objetivo de conter a inflação.

JORNAL DO BRASIL. Rio de Janeiro, 20 de set. 2004, p. A15.

 

TEXTO C

O leão e o porco

Um sujeito desinformado perguntou-me o que eu achava pior: inflação alta ou juros altos? Ia responder que os dois são péssimos, ou tiraria “cara ou coroa” na hora, escolhendo a inflação ou os juros aleatoriamente.

Esclareci que era a última pessoa do mundo a ter uma resposta, nada entendo de economia. E, embora nada entendesse de animais, respondi à pergunta dele com outra: o que é pior, ser focinho de porco ou rabo de leão? Pessoalmente, não queria ser rabo de leão nem focinho de porco.

Passando para os átrios sombrios da economia, não gosto dos juros altos nem da inflação, que gerou uma bela imagem poética: “espiral”. Adoro a expressão “espiral inflacionária”. Eu nem sabia o que era espiral, mas já gostava da palavra.

Voltando à pergunta que me fizeram. A inflação é um mal, mas a genialidade nativa criou um jeito de suavizá-la como gatilho salarial. Tecnicamente era uma porcaria, só aumentava a inflação, mas, no dia-a-dia que interessa, aliviava o sofrimento e o bolso. O custo de vida aumentava 60% ao mês, os salários aumentavam alguma coisa perto dos 60%. A mágica era besta, mas que besteira boa. Transferíamos a inflação zero para as gerações futuras, para os netos dos nossos netos, eles que se virassem.

Os juros não têm gatilho, nada que se pareça com um quebra-galho circunstancial ou permanente. Paga-se e bufa-se. Estão embutidos no pão que se come, no sabonete que nos lava, na luz que nos ilumina.

Atinge pobres e ricos. Os remediados (nome estranho: remediado parece que é quem vive cheio de remédios), os remediados, além de pagarem tudo com juros, tal como os pobres, de vez em quando enfrentam a Receita Federal, o ISS, a Cofins, o diabo, pagando os tubos se atrasam um dia. Daí que não é boa coisa ser rabo de leão ou focinho de porco.

CONY, Carlos Heitor. Folha de S. Paulo. São Paulo, 12 de set. 2004.

 

 

A partir da leitura dos textos A, B e C, analise as seguintes proposições.

 

I. Os três textos condenam de forma explícita a política de juros altos como estratégia básica para conter a inflação.

II. Nos textos A e C, está implícita uma relação lógica de causa e conseqüência entre juros altos/inflação, de um lado, e custo de vida, do outro.

III. O sentido expresso pelas palavras dilemae dúvida, que aparecem, respectivamente, nos textos A e B, remetem ao sentido produzido pelo termo ou, na frase interrogativa “o que é pior, ser focinho de porco ou rabo de leão?”, que aparece no texto C.

Escolha uma das alternativas.