UEL 2006

“As reformas de base, a grande bandeira unificada dos anos cinquenta e sessenta, que se amplifica extraordinariamente na década do Golpe [de 1964], significavam o questionamento da repartição da riqueza, unificando também categorias diversas de trabalhadores urbanos, classes médias antigas e novas, profissionais de novas ocupações, agora autonomizados e, em geral, tendo invertido sua velha relação com o populismo. O grande debate sobre a educação colocou num novo patamar a questão da escola pública, da produção científica e tecnológica, o papel dos cientistas que, nessa nova relação, tornavam-se ‘intelectuais orgânicos’ da política, sem que estivessem necessariamente ligados a partidos. Mas talvez a amplificação mais notável da política tenha ocorrido mesmo no lado do campesinato e dos trabalhadores rurais. As Ligas Camponesas, menos pelo seu real poder de fogo, medido do ponto de vista de travar uma luta armada com os latifundiários – quando ela ingressou por essa via seu verdadeiro potencial revolucionário se exauriu –, deram a fala, o discurso, capaz de reivindicar a reforma agrária e de dessubordinar o campesinato, após longos séculos, da posição de mero apêndice da velha classe dominante latifundiária.”

 

(OLIVEIRA, F. Privatização do público, destituição da fala e anulação da política: o totalitarismo neoliberal. In: Oliveira, F.; Paoli, M. C. (Orgs.). Os sentidos da Democracia, políticas do dissenso e hegemonia global.Petrópolis: Vozes, 1999. p. 63.)

 

Com base no texto e nos conhecimentos sobre movimentos sociais no Brasil, é correto afirmar:

Escolha uma das alternativas.