UEL 2010

VESTIBULAR

 

Vestibular, aquilo que o Ministério da Educação estuda agora extinguir, é um brasileirismo para algo que em Portugal costuma ser chamado de exame de acesso à universidade. Trata-se de um adjetivo que se substantivou, num processo semelhante ao que ocorreu com celular, qualificativo de telefone, que tenta – e na maioria das vezes consegue – expulsar a palavra principal de cena sob uma pertinente alegação de redundância, tomando para si o lugar de substantivo. Pois o exame vestibular, de tão consagrado no vocabulário de gerações e gerações de estudantes brasileiros que perderam o sono por causa dele, acabou conhecido como vestibular só. E qualquer associação remota com a palavra que está em sua origem – vestíbulo – se perdeu nesse processo.     

 
Quando ainda era claramente um adjetivo, ficava mais fácil perceber a metáfora que, com certa dose de pernosticismo, levou a palavra vestibular a ser escolhida para qualificar o processo de seleção de candidatos ao ensino superior. Vestíbulo (do latim vestibulum) é, na origem, um termo de arquitetura que significa pórtico, alpendre ou pátio externo, mas que pode ser usado também, em sentido mais amplo, para designar um átrio, uma antessala, qualquer cômodo ou ambiente de passagem entre a porta de entrada e o corpo principal de uma casa, apartamento, palácio ou prédio público. Para quem prefere uma solução anglófona, estamos falando de hall ou lobby.


Como é um ambiente de transição entre o lado de fora e o lado de dentro, vestíbulo ganhou ainda por extensão, em anatomia, o sentido de “cavidade que dá acesso a um órgão oco” (Houaiss). Antes de ser admitido no vocabulário da educação, “sistema vestibular” já tinha aplicação na linguagem médica como nome dos pequenos órgãos situados na entrada do ouvido interno, responsáveis por nosso equilíbrio.

 


Com relação aos recursos linguísticos utilizados no texto, considere as afirmativas a seguir:


I. Na sentença “E qualquer associação remota com a palavra que está em sua origem – vestíbulo – se perdeu nesse processo”, a conjunção “e”, que nesse caso tem valor adversativo, pode ser substituída pela conjunção “porém”.
II. No trecho “que tenta – e na maioria das vezes consegue – expulsar a palavra principal de cena sob uma pertinente alegação de redundância” , a palavra “sob” pode ser substituída por “com base em”.
III. No primeiro parágrafo, a sequência “na maioria das vezes consegue” pode, facultativamente, ser substituída por “na maioria das vezes conseguem”.
IV. No trecho “Quando ainda era claramente um adjetivo, ficava mais fácil perceber a metáfora”, para introduzir uma situação hipotética, pode-se substituir a palavra “quando” por “se” e fazer as devidas alterações verbais.

 


Assinale a alternativa correta.

Escolha uma das alternativas.