UEMA 2015

O texto a seguir faz parte do conto Verde Lagarto Amarelo, de Lygia Fagundes Telles. O episódio abaixo reproduz o diálogo entre dois irmãos, Rodolfo e Eduardo. Leia-o, com atenção, a fim de responder à questão.

    Ele entrou no seu passo macio, sem ruído, não chegava a ser felino: apenas um andar discreto. Polido.
    ― Rodolfo! Onde está você?... Dormindo? — perguntou quando me viu levantar da poltrona e vestir a camisa. Baixou o tom de voz. – Está sozinho?
    Ele sabe muito bem que estou sozinho, ele sabe que sempre estou sozinho.
    ― Estava lendo.
    ― Dostoiévski?
    Fechei o livro e não pude deixar de sorrir. Nada lhe escapava.
    ― Queria lembrar uma certa passagem... Só que está quente demais, acho que este é o dia mais quente desde que começou o verão.
    Ele deixou a pasta na cadeira e abriu o pacote de uvas roxas.
    ― Estavam tão maduras, olha só que beleza – disse tirando um cacho e balançando-o no ar como um pêndulo. – Prova! Uma delícia.
    (...)
    ― Vou fazer um café – anunciei.
    ― Só se for para você, tomei há pouco na esquina. Era mentira. O bar da esquina era imundo e para ele o café fazia parte de um ritual nobre, limpo. (...)

Fonte: TELLES, Lygia Fagundes. Melhores contos de Lygia Fagundes Telles / Seleção de Eduardo Portella. 12. ed. Coleção melhores contos. São Paulo: Global, 2003.


No fragmento a seguir, há ocorrência de um recurso linguístico que aproxima sensações de planos sensoriais diferentes, conhecido como sinestesia.

    “Ele entrou no seu passo macio, sem ruído, não chegava a ser felino: apenas um andar discreto. Polido.
    ¯ Rodolfo! Onde está você?... Dormindo? — perguntou quando me viu levantar da poltrona e vestir a camisa. Baixou o tom de voz. – Está sozinho?”

O trecho que apresenta recurso sinestésico, a exemplo do fragmento anterior, é

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