UEMS 2010

Apelo

 

Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na mesa por engano, a imagem de relance no espelho.


Com os dias, Senhora, o leite primeira vez coalhou. A notícia de sua perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou debaixo da escada. Toda a casa era um corredor deserto, até o canário ficou mudo. Não dar parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles se iam. Ficava só, sem o perdão de sua presença, última luz na varanda, a todas as aflições do dia.

 

Sentia falta da pequena briga pelo sal no tomate — meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? Às suas violetas, na janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa. Calço a meia furada. Que fim
levou o saca-rolha? Nenhum de nós sabe, sem a Senhor conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para casa, Senhora, por favor.

 

 

 

 

Na frase “Nenhum de nós sabe, sem a Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando”,

 

 

 

I. a vírgula colocada após a palavra “Senhora” confere o sentido de ausência dessa personagem na conversa.
II. se se suprimir a vírgula após a palavra “Senhora”, altera-se o sentido da frase.
III. se se suprimir a vírgula após a palavra “Senhora”, não se altera o sentido da frase.

 

É verdadeiro o que se afirma em

 

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