UEMS 2010

Haveis de entender, começou ele, que a virtude e o saber têm duas existências paralelas, uma no sujeito que as
possui, outra no espírito dos que o ouvem ou contemplam. Se puserdes as mais sublimes virtudes e os mais profundos conhecimentos em um sujeito solitário, remoto de todo o contato com os outros homens, é como se eles não existissem. Os frutos de uma laranjeira, se ninguém os gostar, valem tanto quanto as urzes e plantas bravias, e, se ninguém os vir, não valem nada; ou, por outras palavras mais enérgicas, não há espetáculo sem espectador. Um dia, estando a cuidar nestas cousas, considerei que, para o fim de alumiar um pouco o entendimento, tinha consumido os meus longos anos, e, aliás, nada chegaria a valer sem a existência de outros homens que me vissem e honrassem; então cogitei se não haveria um modo de obter o mesmo efeito, poupando tais trabalhos, e esse dia posso agora dizer que foi o da regeneração dos homens, pois me deu doutrina salvadora.

ASSIS, M. O segredo do bonzo. In: Obras completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. II.

 

 

Nos fragmentos “o ouvem ou contemplam”, “se eles não existissem” e “se ninguém os vir”, os pronomes pessoais empregados referem-se, respectivamente, aos termos do texto

 

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