UFF 2010

TEXTO XI


O mundo como fábula, como perversidade e como possibilidade

 


Vivemos num mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há, também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo se torne esse mundo confuso e  confusamente percebido.

 

De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O  primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização. Do pensamento único à consciência universal. Rio de Janeiro: Record, 2000, p. 17-18.

 

A ideia da “globalização como fábula”, destacada no Texto XI, torna-se ainda mais expressiva, se levamos em conta certas definições de fábula, apresentadas no dicionário: mitologia, lenda, narração de coisas imaginárias. Não resta dúvida de que se lida com a imagem de um mundo cada vez mais interconectado, mas de forma alguma “sem fronteiras”.

 

Essa imagem, difundida nos tempos atuais, encontra seu principal fundamento no aspecto: 

Escolha uma das alternativas.