UFG 2007

Leia os poemas de Cora Coralina e de Cruz e Sousa.

TODAS AS VIDAS

[...]

Vive dentro de mim
a lavadeira do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.

[...]

Vive dentro de mim
a mulher do povo.
Bem proletária.

[...]

Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha...

[...]

Todas as vidas dentro de mim.
Na minha vida -
a vida mera das obscuras.

CORALINA, Cora. "Melhores poemas"., Seleção de Darcy França Denófrio. São Paulo: Global, 2004. p. 253-255. (Coleção melhores poemas).

 

AFRA

Ressurges dos mistérios da luxúria,
Afra, tentada pelos verdes pomos,
Entre os silfos magnéticos e os gnomos
Maravilhosos da paixão purpúrea.

Carne explosiva em pólvoras e fúria
De desejos pagãos, por entre assomos
Da virgindade - casquinantes momos
Rindo da carne já votada à incúria.

Votada cedo ao lânguido abandono,
Aos mórbidos delíquios como ao sono,
Do gozo haurindo os venenosos sucos.

Sonho-te a deusa das lascivas pompas,
A proclamar, impávida, por trompas
Amores mais estéreis que os eunucos!

SOUSA, Cruz e. Broquéis, Faróis e Últimos sonetos. 2a. ed. reform., São Paulo: Ediouro, 2002. p. 24-25. (Coleção super prestígio).

 

Vocabulário:
silfos: espíritos elementares do ar
assomos: ímpeto, impulso
casquinantes: relativo à gargalhada, risada de escárnio
momos: ator que representa comédia
incúria: falta de cuidado
delíquios: desfalecimento, desmaio
haurindo: extraindo, colhendo, consumindo

Nos poemas apresentados, os autores tematizam a mulher com perspectivas diferenciadas no que diz respeito, respectivamente, a

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