UFMG 2009

TEXTO 1
De maneira geral, todos os avanços tecnológicos parecem coisas demoníacas. No interior do Brasil, as primeiras locomotivas que passavam pelos campos faziam a população se persignar: o barulho infernal, as fagulhas que saíam da chaminé e que freqüentemente incendiavam os canaviais, tudo parecia coisa do demônio.


Pulo das locomotivas para a internet, a criação mais estupenda da tecnologia desde que inventaram a roda. Pode ser encarada, ao menos no estágio em que se encontra, como uma criação divina e diabólica ao mesmo tempo. Divina, porque aproxima os homens de forma barata e imediata, cria condições de progresso e bem-estar que não se podiam imaginar até recentemente.

 

Tem também seu lado diabólico. Num primeiro momento, ela pareceu abrir para qualquer um a possibilidade de melhor se informar e melhor se comunicar. Mas, pouco a pouco, de tal maneira ganha sofisticação, que, breve, será um instrumento dos mais fortes e dos mais sábios em operar seus mistérios e possibilidades.

 


Pelo mundo todo, há uma geração jovem, pós-informática, que poderá deter o monopólio do novo instrumento que a técnica ofereceu à humanidade. Hoje, essa força tecnológica existe. O problema é saber se ela será manobrada por Deus ou pelo Demônio.

CONY, Carlos Heitor. Folha online. Acesso: 12 jan. 2005. (Adaptado).

 

TEXTO 2
Eu tenho um filho de 1 ano e meio. Quando ele nasceu, minha mulher e eu ficamos acessando todo tipo de site médico associado a hospitais respeitados; queríamos nos tranqüilizar sobre cada novidade. Esse tipo de recurso traz muito alívio. Mas a internet não dá refresco neste país, envia informação sem parar, 24 horas por dia. As histórias importantes são relativizadas, tudo se confunde. Eu não preciso saber que alguém levou um tiro num estacionamento no Arizona, mas eles vão me empurrar essa história e os psicólogos que aparecem e os comentários dos sociólogos e das testemunhas do crime – a coisa parece interminável, até o momento em que salta para o próximo assunto – alguém fabricou uma camiseta, no Texas, que virou um sucesso no mundo todo! E não acaba nunca. É a praga da popularidade. A internet substituiu a cultura popular pela cultura da popularidade. O principal critério de sucesso na internet é a popularidade. A cultura popular costumava atrair as pessoas para o que elas gostavam. A internet atrai as pessoas para o que os outros gostam. [...] É patético. E o que acontece com a reportagem sobre uma mulher negra idosa em Chicago, despejada no meio da noite? É claro que não vai ser popular nem sexy. Você vai ter que ler sobre a Britney Spears ou a Paris Hilton, e esse critério é devastador.

SIEGEL, Lee. Trecho de entrevista. Estado de S. Paulo, São Paulo, 2 mar. 2008. (Adaptado).


Com base na leitura dos textos 1 e2, verifica-se que, em ambos, os autores

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