UFRGS 2001

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

A notícia saiu no The Wall Street Journal: a "ansiedade 1superou a depressão como problema 2de saúde mental predominante nos EUA". Para justificar o absurdo, o autor da matéria recorre a 3um psicoterapeuta e a um 4sociólogo. O primeiro descreve "ansiedade como 5condição dos privilegiados" que, livres de ameaças reais, se dão ao luxo de "olhar para dentro" e criar medos irracionais; o segundo diz que "vivemos na era mais segura da humanidade" e, no entanto, "desperdiçamos bilhões de dólares 6em medos bem mais ampliados do que seria 7justificável". Sem meias palavras, 8os peritos dizem algo mais ou menos assim: os americanos estão nadando em 9riqueza e, como não têm do que se queixar, adquiriram o costume neurótico 10de 11desentocar medos 12irracionais para projetá-los no 13admirável mundo novo ao redor.
A explicação impressiona pela ingenuidade ou pela má-fé. Ninguém contrai o 14“'Mau hábito" 15de olhar para 16dentro de si do dia para a noite. A obsessão consigo não é um efeito colateral 17do modo de vida atual; é um dos seus mais 18indispensáveis ingredientes. O crescimento exagerado do interesse pelo "mundo interno" e pelo 19corpo é a20contrapartida do desinteresse ou hostilidade pelo "mundo externo" e pelos outros. Diz o 21catecismo: só confie em seu corpo e sua mente. 22O resto é 23concorrente; o resto está sempre cobiçando e disputando seu emprego, seu sucesso, seu património e sua saúde. Sentir medo e ansiedade, em condições semelhantes, é um estado emocional perfeitamente racional e inteligível.
Em bom português, sentir-se condenado a 24jamais ter repouso físico ou 25mental, sob pena de perder a saúde, a 26longevidade, a forma física, o desempenho 27sexual, o emprego, a casa, a segurança na velhice, pode ser um inferno em vida para os pobres ou para os ricos. Os 28candidatos a ansiedade são, assim, bem mais numerosos e bem menos ociosos do que pensam o 29psicoterapeuta e o sociólogo.
(Adaptado de: COSTA, J.F. A ansiedade da opuléncia. Folha de São Paulo, 19 de março de 2000.)

Considere as seguintes afirmações acerca do uso de artigos.

I - Caso tivéssemos "uma condição" em vez de "condição" (ref. 5) não haveria alteração no sentido global da frase
II - O artigo indefinido "uns" poderia substituir o definido (ref. 8) "os", sem que houvesse alteração no sentido da frase em questão.
III - As duas ocorrências do artigo definido "o" anteposto às palavras "psicoterapeuta" e "sociólogo" (ref. 29) poderiam ser substituídas por um indefinido sem mudar o sentido da frase.

Quais estão corretas?

Escolha uma das alternativas.