UFRGS 2014

Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda

 

Pede razão Jó a Deus, e tem muita razão de a pedir – responde por ele o mesmo santo que o arguiu – porque se é condição de Deus usar de misericórdia, e é grande e não vulgar a glória que adquire em perdoar pecados, que razão tem, ou pode dar bastante, de os não perdoar? O mesmo Jó tinha já declarado a força deste seu argumento nas palavras antecedentes, com energia para Deus muito forte: Peccavi, quid faciam tibi? Como se dissera: Se eu fiz, Senhor, como homem em pecar, que razão tendes vós para não fazer como Deus em me perdoar? Ainda disse e quis dizer mais: Peccavi, quid faciam tibi? Pequei, que mais vos posso fazer? E que fizestes vós, Jó, a Deus em pecar? Não lhe fiz pouco, porque lhe dei ocasião a me perdoar, e, perdoando-me, ganhar muita glória. Eu dever-lhe-ei a ele, como a causa, a graça que me fizer, e ele dever-me-á a mim, como a ocasião, a glória que alcançar.

 

 

A Jesus Cristo Nosso Senhor

 

Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,

Da vossa piedade me despido;

Porque, quanto mais tenho delinquido,

Vos tenho a perdoar mais empenhado.

 

Se basta a vos irar tanto um pecado,

A abrandar-vos sobeja um só gemido:

Que a mesma culpa, que vos há ofendido,

Vos tem para o perdão lisonjeado.

 

Se uma ovelha perdida e já cobrada

Glória tal e prazer tão repentino

Vos deu, como afirmais na sacra história,

 

Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada:

Cobrai-a, e não queirais, pastor divino,

Perder na vossa ovelha a vossa glória.

 

 

Assinale a alternativa correta a respeito dos textos.

Escolha uma das alternativas.