UFRGS 2015
Hoje os conhecimentos se estruturam de modo fragmentado, separado, compartimentado nas disciplinas. Essa situação impede uma visão global, uma visão fundamental e uma visão complexa. “Complexidade” vem da palavra latinacomplexus, que significa a compreensão dos elementos no seu conjunto.
As disciplinas costumam excluir tudo o que se encontra fora do seu campo de especialização. A literatura, no entanto, é uma área que se situa na inclusão de todas as dimensões humanas. Nada do humano lhe é estranho, estrangeiro.
A literatura e o teatro são desenvolvidos como meios de expressão, meios de conhecimento, meios de compreensão da complexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo de inclusão da literatura: a inclusão da complexidade humana. E vamos ver ainda outras inclusões: a inclusão da personalidade humana, a inclusão da subjetividade humana e, também, muito importante, a inclusão do estrangeiro, do marginalizado, do infeliz, de todos que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana.
A inclusão da complexidade humana é necessária porque recebemos uma visão mutilada do humano. Essa visão, a dehomo sapiens, é uma definição do homem pela razão; de homo faber, do homem como trabalhador; de homo economicus, movido por lucros econômicos. Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, mutilada, que esquece o principal: a relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura.
Na literatura, encontra-se a inclusão dos problemas humanos mais terríveis, coisas insuportáveis que nela se tornam suportáveis. Harold Bloom escreve: “Todas as grandes obras revelam a universalidade humana através de destinos singulares, de situações singulares, de épocas singulares”. É essa a razão por que as obras-primas atravessam séculos, sociedades e nações.
Agora chegamos à parte mais humana da inclusão: a inclusão do outro para a compreensão humana. A compreensão nos torna mais generosos com relação ao outro, e o criminoso não é unicamente mais visto como criminoso, como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla.
A literatura, o teatro e o cinema são os melhores meios de compreensão e de inclusão do outro. Mas a compreensão se torna provisória, esquecemo-nos depois da leitura, da peça e do filme. Então essa compreensão é que deveria ser introduzida e desenvolvida em nossa vida pessoal e social, porque serviria para melhorar as relações humanas, para melhorar a vida social.
Adaptado de: MORIN, Edgar. A inclusão: verdade da literatura. In: RÖSING, Tânia et al. Edgar Morin: religando fronteiras. Passo Fundo: UPF, 2004. p.13-18.
Associe cada ocorrência de sinal de pontuação na primeira coluna com a função na segunda coluna que tal sinal auxilia a expressar no contexto em que ocorre
( ) Vírgulas (de homo faber, do homem como trabalhador; de homo economicus, movido por lucros econômicos.)
( ) Dois pontos (Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, mutilada, que esquece o principal: a relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura.)
( ) Vírgula (A compreensão nos torna mais generosos com relação ao outro, e o criminoso não é unicamente mais visto como criminoso)
1- Assinalar elipse.
2- Assinalar a presença de enumeração no texto.
3- Assinalar a adição de um período, que apresenta sujeito diferente do período anterior.
4- Assinalar uma síntese do dito e a inserção de um argumento que se destaca em relação aos anteriores.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
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