UFRGS 2016
Quando a 1economia 2política clássica nasceu, no Reino Unido e na França, ao final do século XVIII e início do século XIX, a questão da distribuição da renda já se encontrava no centro de todas as análises. Estava claro que 3transformações radicais entraram em curso, propelidas pelo crescimento4demográfico sustentado – inédito até então – e pelo início do êxodo rural e da Revolução Industrial. Quais seriam as consequências sociais dessas mudanças?
Para Thomas Malthus, que 5publicou em 1798 seu Ensaio sobre o princípio da população, não restava dúvida: a superpopulação era uma ameaça. Preocupava-se especialmente com a situação dos franceses 1 vésperas da Revolução de 1789, quando havia miséria generalizada no campo. 6Na época, a França era 7de longe o país mais populoso da Europa: por volta de 1700, já contava com mais de 20 milhões de habitantes, enquanto o Reino Unido tinha pouco mais de 8 milhões de pessoas. A 8população francesa se expandiu em ritmo crescente ao longo do século XVIII, aproximando-se dos 30 milhões. Tudo leva a crer que esse 9dinamismo demográfico, desconhecido nos séculos anteriores, contribuiu para a 10estagnação dos salários no campo e para o aumento dos rendimentos associados à 11propriedade da terra, sendo, portanto, um dos fatores que levaram 2 Revolução Francesa. 12Para evitar que torvelinho 13similar vitimasse o Reino Unido, Malthus argumentou que 14toda assistência aos 15pobres deveria ser suspensa de imediato e a taxa de natalidade deveria ser severamente controlada.
Já David Ricardo, que publicou em 1817 os seus Princípios de economia política e tributação, preocupava-se com a 16evolução do preço da terra. Se o crescimento da população e, 17consequentemente, da produção agrícola se prolongasse, a terra tenderia a se 18tornar escassa. De acordo com a lei da oferta e da procura, o preço do bem escasso – a terra – deveria subir de modo contínuo. No limite, 19os donos da terra receberiam uma parte cada vez mais significativa da renda nacional, e o 20restante da população, uma parte cada vez mais reduzida, 21destruindo o equilíbrio social. De fato, 22o valor da terra permaneceu alto por algum tempo, mas, ao longo de século XIX, caiu em relação 3 outras formas de riqueza, à medida que diminuía o peso da agricultura na renda das nações.23Escrevendo nos anos de 1810, Ricardo não poderia antever a importância que o progresso tecnológico e o crescimento industrial teriam ao longo das décadas seguintes para a evolução da distribuição da renda.
Adaptado de: PIKETTY, T. O Capital no Século XXI. Trad. de M. B. de Bolle. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. p.11-13.
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas 1, 2 e 3, nesta ordem.
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