UFRN 2001

Sou homem de tristes palavras. De que era que eu tinha tanta, tanta culpa? Se o meu pai, sempre fazendo ausência: e O RIO-RIO-RIO - O RIO - PONDO PERPÉTUO. Eu sofria já o começo da velhice - esta vida era só o demoramento. Eu mesmo tinha achaques, ânsias, cá de baixo, cansaços, perrenguice de reumatismo. E ele? Por quê? Devia de padecer demais.

De tão idoso, não ia, mais dia menos dia, fraquejar o vigor, deixar que a canoa emborcasse, ou que bubuiasse sem pulso, na levada do rio, para se despenhar horas abaixo, em tororoma e no tombo da cachoeira, brava, com o fervimento e morte. Apertava o coração. Ele estava lá, sem a minha tranquilidade. Sou o culpado do que nem sei, de dor em aberto, no meu foro. Soubesse - se as coisas fossem outras. E fui tomando ideia.

(ROSA, João Guimarães. Primeiras estórias. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1976.)

 

Observa-se que, na expressão em destaque no fragmento textual, a manifestação da função poética da linguagem evidencia o dinamismo do tempo. Esse dinamismo é representado por

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