UFV 2012

LATOMIA


Esta casa rudimentar,
armada de cipó e ripas,
bambu e barro, foi.
Reboco de nós em varas,
frespas e farpas,
amassar de lama
amarela mole,
nenhum ouro mineiro,
nada mais que malacachetas, foi.
Enfumaçada pela chama que cozia antes,
memória de um fogo apagado na parede
hoje, seca, quebradiça é.
A argamassa casinha maribondo,
dormida de barbeiro,
companheiro de tocaia.
Resta o caibro,
o esteio da cumeeira,
hoje o pau brocado,
a vara carcomida
o enfeite do picumã,
das teias de aranha.
O sapé verde de antes
hoje isca o incendeio.
O de outrora exposto à intempérie
hoje dá vazão à pinga no chão batido,
ao silêncio de rudimentos,
a essa língua molambenta,
a essa latomia
que sequer poesia.
(SANTOS, Vivaldo Andrade. Latomia. In: Coletânea Prêmio OFF FLIP de Literatura. Paraty: Selo Off Flip Editora LTDA, 2012. p. 107.)


Glossário:
Latomia: 1. Cântico monótono de ladainha; litania. 2. reclamações reiteradas; choradeira; lamentações;
queixume agourento; choramingação de criança.

(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2004, p. 1730.)

 

Tendo em vista as informações acima, é INCORRETO afirmar que no poema:

Escolha uma das alternativas.