UNB 2010

A existência de lixo doméstico e de resíduos agrícolas, industriais e orgânicos nos rios e oceanos, aliada à falta de tratamento adequado, tem gerado efeitos dramáticos em todo o ecossistema. Um tipo específico de contaminação da água pode estar prejudicando animais, fato, até hoje, pouco estudado pela ciência. Invisíveis a olho nu e presentes por toda parte, em especial, nas águas do planeta, moléculas conhecidas como desreguladores endócrinos estariam provocando alterações nos órgãos sexuais e na reprodução de determinadas espécies. O problema pode estar associado, por exemplo, ao surgimento de moluscos e crocodilos com dois sexos e ao fato de ursos polares terem passado a dar à luz poucos filhotes. A queda acentuada de espermatozoides em homens, observada nos últimos 60 anos, e a chegada da menstruação cada vez mais cedo entre as meninas poderiam estar relacionadas à ação desses desreguladores. Os desreguladores endócrinos podem estar presentes no ar, nos alimentos, na água e, até mesmo, em objetos de plástico. Eles têm excelente capacidade de interação com os receptores de estrógenos, que a maioria dos animais carrega na membrana de suas células. Disfarçados de hormônios, eles produzem uma mensagem enganosa que pode fazer a célula morrer, se multiplicar ou produzir certas proteínas na hora errada. A exposição muito intensa e por longo período pode levar à feminização de machos e à masculinização de fêmeas. Isso vai depender da espécie, da fase de desenvolvimento na qual o animal se encontra e da quantidade de desreguladores à qual foi exposto.

Gisela Cabral. Correio Braziliense, 15/3/2010 (com adaptações).

 

Segundo o texto, espécies animais de grupos bem diversos sofrem a ação de substâncias desreguladoras, de maneira semelhante em todos os grupos, o que influencia os caracteres sexuais e a fecundidade de tais espécies. Esse fato demonstra que

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