UNB 2012

Há três espécies de tiranos. Refiro-me aos maus príncipes. Chegam uns ao poder por eleição do povo, outros por força das armas, outros sucedendo os da sua raça. Os que chegam ao poder pelo direito da guerra portam-se como quem pisa terra conquistada. Os que nascem reis, as mais das vezes, não são melhores; nascidos e criados no sangue da tirania, tratam os povos em quem mandam como se fossem seus servos hereditários; e, consoante a compleição a que são mais atreitos, avaros ou pródigos, assim fazem do reino o que fazem com outra herança qualquer. Aqueles a quem o povo deu o Estado deveriam ser mais suportáveis; e sê-lo-iam, a meu ver, se, desde o momento em que se veem colocados em altos postos e tomando o gosto à chamada grandeza, não decidissem ocupá-los para todo o sempre. O que geralmente acontece é que tudo fazem para transmitirem aos filhos o poder que o povo lhes concedeu. E, tão depressa tomam essa decisão, por estranho que pareça, que ultrapassam, em vício e até em crueldade, os outros tiranos; para conservarem a nova tirania, não acham melhor meio do que aumentar a servidão e afastar dos súditos a ideia de liberdade que eles, tendo embora a memória fresca, começam a esquecer.

Etienne de La Boètie. Discurso sobre a servidão voluntária. Internet:.

 

Estabelecendo uma relação entre o texto, a sociologia e a história política do Brasil e considerando a matriz weberiana, cabe afirmar que

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