UNEMAT 2006

Os índios sem-nome

 

Bebês xavantes não têm nome. É carga pesada demais para corpo tão frágil. Se ganharem um, poderão adoecer e morrer. Só com 2 ou 3 anos, ganha-se resistência para suportar o peso da identidade. Até então, todo homem é chamado de menino (watebremi mi tsi) e toda mulher, menina (ba’ õtõre mi tsi), informa Aracy Lopes da Silva, em Nomes e Amigos – da Prática Xavante a uma Reflexão sobre os Jês.

 

Este ano, xavantes sem nome engrossaram as estatísticas da fome. Ao menos seis com menos de 1 ano morreram de fome nas aldeias do Mato Grosso. Somam-se às 80 mortes do ano anterior, pelo mesmo motivo. Mais de cem foram internados em Goiânia (GO) com desnutrição, desde janeiro. Sob o olhar distante do governo federal.

 

Hoje, há mais de 29 mil xavantes no Brasil. Um nome xavante é associado à evolução da pessoa, ao seu desenvolvimento interior e à idade, que identifica a força vital útil à comunidade. Um xavante acaba sua vida como começa: sem nome. Há homens que, ao longo da vida, recebem até oito nomes.

 

As crianças xavantes das aldeias do Mato Grosso talvez não tenham essa sorte.
Revista Língua n.º1 p.08, 2005.

 

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