UNIOESTE 2010

“Um governante virtuoso procurará criar instituições que ‘facilitem’ o domínio. Consequentemente, sem virtù, sem boas leis, geradoras de boas instituições, e sem boas armas um poder rival poderá impor-se. [...] A força explica o fundamento do poder, porém é a posse da virtù a chave por excelência do sucesso do príncipe. Sucesso este que tem uma medida política: a manutenção do poder. O governante tem que se mostrar capaz de resistir aos inimigos e aos golpes da sorte, ‘construindo diques para que o rio não inunde a planície, arrasando tudo o que encontra no caminho’. O homem de virtù deve atrair os favores da cornucópia, conseguindo, assim, a fama, a honra e a glória para si e a segurança para seus governados. [...] Um príncipe sábio deve guiar-se pela necessidade – 'aprender os meios de não ser bom e de fazer uso ou não deles, conforme as necessidades’. Assim, a qualidade exigida do príncipe que deseja se manter no poder é, sobretudo, a sabedoria de agir conforme as circunstâncias. Devendo, contudo, aparentar possuir as qualidades valorizadas pelos governados […]. A virtù política exige também os vícios, assim como exige o reenquadramento da força. O agir virtuoso é um agir como homem e como animal. Resulta de uma astuciosa combinação da virilidade e da natureza animal. Quer como homem, quer como leão (para amedrontar os lobos), quer como raposa (para conhecer os lobos), o que conta é 'o triunfo das dificuldades e a manutenção do Estado. Os meios para isso nunca deixarão de ser julgados honrosos, e todos os aplaudirão'”

(Weffort).

A partir deste texto, seguem as seguintes proposições a respeito da filosofia política de Maquiavel:

I – Um governante virtuoso mantém o seu domínio, com boas leis e boas instituições, sem necessidade de recorrer ao uso da força armada e sem se guiar pela necessidade, mas, com sabedoria, agir em conformidade com as circunstâncias.

II – Um príncipe sábio, na manutenção do Estado e do poder, deve, para garantir sua honra, fama e glória, bem como para garantir a segurança de seus governados, ser sempre honesto e virtuoso, não levando em consideração as circunstâncias.

III – O príncipe que quer triunfar na manutenção do Estado e manter-se no poder deve possuir a sabedoria astuciosa de combinar sua virtù, que exige também vícios, com o uso da força, agindo, assim, quer como leão, quer como raposa, em conformidade com as circunstâncias.

IV – Tendo por fim a manutenção do Estado, um príncipe sábio, com astúcia, aparenta possuir as qualidades que seus governados valorizam, obtendo, assim, a fama, honra e glória para si e a segurança de seus governados.

V - A força explica o fundamento do poder, e é no seu uso permanente e de modo astucioso, sem nenhuma necessidade de considerar as circunstâncias nas quais ocorre a ação política, que reside a virtù, por excelência, do sucesso do príncipe para a sua manutenção no poder.

 

Das afirmações feitas acima

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