UNIPAM 2015

Diante de uma criança

Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
Todo o saber, todo o meu brilho
de vaidoso intelectual

vacila ante a interrogação
gravada em mim, impressa no ar.
Bola, bombons, patinação
talvez bastem para encantar?

Imprevistas, fartas mesadas,
louvores, prêmios, complacências,
milhões de coisas desejadas,
concedidas sem reticências?

Liberdade alheia a limites,
perdão de erros, sem julgamento,
e dizer-lhe que estamos quites,
conforme a lei do esquecimento?

Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
Dar-lhe tudo aquilo que há
de entontecer um grão-vizir?

E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?

Não é feliz. Mas que fazer
para consolo desta criança?
Como em seu íntimo acender
uma fagulha de confiança?

Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.

Pois o amor resgata a pobreza,
vence o tédio, ilumina o dia
e instaura em nossa natureza
a imperecível alegria.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Farewell. Rio de Janeiro: Ed. Record, 1996.


Julgue os itens a seguir como verdadeiros ou como falsos.

I. O poema, embora pertença à escola modernista, apresenta duas características da escola romântica: o niilismo, registrado na sexta estrofe, e sublimação do amor, registrada na última.

II. A oposição entre o mundo material e o espiritual, típica da escola barroca, registra-se no poema quando do questionamento do eu lírico acerca da possibilidade de o seu filho sentir-se sem paz, sem arrimo, com alma vazia e amarga.

III. Os vários questionamentos feitos e as respectivas respostas revelam o despreparo do eu lírico para com a possibilidade de fazer uma criança feliz.

IV. A progressão temática do poema sustenta-se no par pergunta/resposta por meio do qual se articula um ponto de vista subjetivo sobre os efeitos do amor na relação pai e filho.

 

É CORRETO o que se afirma em

Escolha uma das alternativas.