UNIR 2010

Por onde anda Emília?

 

Dona Benta e Tia Anastácia faleceram, Rabicó virou presunto há muito tempo, Pedrinho e Narizinho tornaram-se adultos e sumiram. Mas Emília continua viva. Idosa agora – mesmo bonecas envelhecem – , ela continua a mesma contestadora de sempre. Continua em busca da Casa das chaves, aquela em que penetrou buscando desligar a Chave da Guerra (mas enganou-se: desligou a Chave do Tamanho, e tornou-se a precursora – bem melhor que a sequela – do filme Querida, encolhi as crianças). As chaves que Emília agora quer desligar são as chaves da Pobreza, do Desemprego, da Fome. Mas será difícil. Se não conseguiu isso há 50 anos, não conseguirá agora, que sua energia é muito menor.

 

Emília sonha. Com que sonha? Com o Sítio do Picapau Amarelo. E sonha que o sítio está sendo invadido pelos sem-terra, que ali tentam se instalar. Querem plantar, no que era o território da fantasia, milho e feijão. Emília hesita; seu lado anarquista quer aderir aos invasores, seu lado conservador acha isso uma barbaridade. Procura uma resposta, mas não acha; o único que poderia aconselhá-la, o amável escritor chamado Monteiro Lobato, morreu há muito tempo.

(SCLIAR, Moacyr. In MESQUITA, R.M. Gramática da Língua Portuguesa. São Paulo: Saraiva, 2007.)

 

 

Sobre o texto, marque V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas.

 

( ) A Emília de Scliar, em sonho, mostra-se indecisa ante a possibilidade de perder seu mundo de fantasia.

 

( ) Monteiro Lobato se insere na crônica como alguém com capacidade e sabedoria de dar aconselhamentos sobre problemas sociais.

 

( ) Permeia o texto, mesmo com personagens do mundo literário, certa descrença do cronista em resolver problemas como fome e pobreza.

 

Assinale a sequência correta.

Escolha uma das alternativas.