UPE 2012

Texto 1

 

Pronominais

 

Dê-me um cigarro

Diz a gramática

Do professor e do aluno

E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco

Da Nação Brasileira

Dizem todos os dias

Deixa disso camarada

Me dá um cigarro.

SCHWARTZ, Jorge (Org.). Literatura Comentada Oswald de Andrade. São Paulo, Nova Cultural, 1985.

 

Texto 2 

 

Evocação do Recife

 

“A vida não me chegava pelos jornais nem pelos livros

Vinha da boca do povo na língua errada do povo

Língua certa do povo

Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil

Ao passo que nós

O que fazemos

É macaquear

A sintaxe lusíada…”

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.

 

Considerando os textos 1 e 2, analise as afirmativas a seguir:

 

I. Os textos tratam da mesma questão: um jeito brasileiro de falar mais autêntico; livre da rigidez normativa, que advém da tradição do idioma imposto desde a época da colonização. Em ambos os casos, é explícita a exaltação à fala coloquial defendida por outros modernistas, como Mário de Andrade.

II. “Me dá um cigarro” é “língua errada”, mas é a representação da “língua certa do povo”, que se opõe à “sintaxe lusíada”, referida por Bandeira, poeta modernista, praticante da irregularidade métrica e do lirismo repleto de cenas do cotidiano, que oscilava entre a vida e a morte.

III. Em: “É macaquear / A sintaxe lusíada...”, há o que se pode compreender como oposição à forma exigida pela gramática normativa de “Dê-me um cigarro”, de Oswald de Andrade, cuja produção poética vai do penumbrismo simbolista à ironia e ao humor do Movimento Pau-Brasil e da Antropofagia.

IV. “Ao passo que nós / O que fazemos / É macaquear / A sintaxe lusíada” são versos que expressam a opinião do eu lírico sobre as diferenças existentes entre o português falado pelo povo no Brasil e o português falado pelos lusitanos. Isso deixa explícita a posição do eu lírico quando da comparação entre os dois modos de perceber a língua.

V. “Porque ele é que fala gostoso o português do Brasil” é um verso que traduz a ironia presente na literatura de Manuel Bandeira, fazendo notar que a acidez do poeta o distancia do lirismo, já não muito relevante em sua poesia densa e propensa à crítica social.

 

Está CORRETO o que se afirma em

Escolha uma das alternativas.