UERJ 2000

MANIFESTO DA POESIA PAU-BRASIL
(fragmento)

Lançado por Oswald de Andrade, no CORREIO DA MANHÃ, em 18 de março de 1924.

1    Houve um fenômeno de democratização estética nas cinco partes sábias do mundo. Instituíra-se o naturalismo. Copiar. Quadro de carneiros que não fosse lã mesmo não prestava. A interpretação do dicionário oral das Escolas de Belas-Artes queria dizer reproduzir igualzinho... Veio a pirogravura. As meninas de todos os lares ficaram artistas. Apareceu a máquina fotográfica. E com todas as prerrogativas do cabelo grande, da caspa e da misteriosa genialidade de olho virado - o artista fotógrafo.
2    Na música, o piano invadiu as saletas nuas, de folhinha na parede. Todas as meninas ficaram pianistas. Surgiu piano de manivela, o piano de patas. A Playela. E a ironia eslava compôs para a Playela. Stravinski.
3    A estatuária andou atrás. As procissões saíram novinhas das fábricas.
4    Só não se inventou uma máquina de fazer versos - já havia o poeta parnasiano.
(...)
5    Nossa época anuncia a volta ao sentido puro.
6    Um quadro são linhas e cores. A estatuária são volumes sob a luz.
7    A poesia Pau-Brasil é uma sala de jantar domingueira, com passarinhos cantando na mata resumida das gaiolas, um sujeito magro compondo uma valsa para flauta e a Maricota lendo o jornal. No jornal anda todo o presente.

(apud TELES, Gilberto M. Vanguarda Europeia e Modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1977.)
 

"Só não se inventou uma máquina de fazer versos - já havia o poeta parnasiana." (par. 1)

Nesse trecho a opção pelo emprego do travessão evita a utilização explícita de um conectivo entre as duas orações.
Mantidos o sentido original e a coerência textual, o autor poderia ter optado pelo uso da seguinte conjunção:

Escolha uma das alternativas.