PUC-SP 1999
O operário moderno carece de individualidade. A classe é mais forte do que o indivíduo e a pessoa se dissolve no genérico. Porque essa é a primeira e a mais grave mutilação que o homem sofre ao converter-se em assalariado industrial. O capitalismo despoja-o de sua natureza humana - coisa que não ocorreu com o escravo - já que reduz todo o seu ser à força de trabalho, transformando-o só por este fato em objeto. E como todos os objetos, em mercadorias, em coisa susceptível de compra e venda. O operário perde, bruscamente, e em razão mesmo de seu estado social, toda relação humana e concreta com o mundo: nem são seus os instrumentos que manipula, nem é seu o fruto de seu trabalho. Sequer chega a vê-lo. Na realidade, não é um operário, já que não produz obras ou não tem consciência de que as produz, perdido em aspecto determinado da produção. É um trabalhador, nome abstrato, que não designa uma tarefa determinada, mas uma função. Assim a sua obra não o distingue dos outros homens, tal como acontece com o médico, o engenheiro ou o carpinteiro. A abstração que o qualifica - o trabalho medido pelo tempo - não separa, mas liga-o a outras abstrações. Daí sua ausência de mistério, de problematicidade, daí a sua transparência, que não é diversa da de qualquer instrumento.
(Paz, O. SIGNOS EM ROTAÇÃO. São Paulo: Perspectiva, 2ª ed., 1976, pág.245.)
Unindo-se as orações a seguir:
O operário moderno carece de individualidade.
A classe é mais forte.
a segunda poderá ser introduzida pela mesma conjunção que ocorre em
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