UNIFESP 2014

O nada que é

 

 

Um canavial tem a extensão

ante a qual todo metro é vão.

 

Tem o escancarado do mar

que existe para desafiar

 

que números e seus afins

possam prendê-lo nos seus sins.

 

Ante um canavial a medida

métrica é de todo esquecida,

 

porque embora todo povoado

povoa-o o pleno anonimato

 

que dá esse efeito singular:

de um nada prenhe como o mar.

(João Cabral de Melo Neto. Museu de tudo e depois, 1988.)

 

 

No título do poema – O nada que é –, ocorre a substantivação do pronome nada. Esse processo de formação de palavras também se verifica em:

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