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  1. 91

    PUC-CAMPINAS 1995

    Leia com atenção:   Nos calamos, sim, mas antes eu e meu irmão queremos deixar claro que nunca vimos ele tão alterado com nós, quando aproximamos dele; ambos sentimos embaraçados, porque só queríamos saudar ele. A frase anterior está integralmente redigida segundo padrão culto escrito em:

  2. 92

    ITA 2013

    Miguilim espremia os olhos. Drelina e a Chica riam. Tomezinho tinha ido se esconder. – Este nosso rapazinho tem a vista curta. Espera aí, Miguilim... E o senhor tirava os óculos e punha-os em Miguilim, com todo o jeito. – Olha, agora! Miguilim olhou. Nem não podia acreditar! Tudo era uma claridade, tudo novo e lindo e diferente, as coisas, as árvores, as caras das pessoas. Via os grãozinhos de areia, a pele da terra, as pedrinhas menores, as formiguinhas passeando no chão de uma distância. E tonteava. Aqui, ali, meu Deus, tanta coisa, tudo... O senhor tinha retirado dele os óculos, e Miguilim ainda apontava, falava, contava tudo como era, como tinha visto. Mãe esteve assim assustada; mas o senhor dizia que aquilo era do modo mesmo, só que Miguilim também carecia de usar óculos, dali por diante. O senhor bebia café com eles. Era o doutor José Lourenço, do Curvelo. Tudo podia. Coração de Miguilim batia descompassado, ele careceu de ir lá dentro, contar à Rosa, à Maria Pretinha, a Mãitina. A Chica veio correndo atrás, mexeu: – “Miguilim, você é piticego...” E ele respondeu: – “Donazinha...” Quando voltou, o doutor José Lourenço já tinha ido embora. (Guimarães Rosa. Manuelzão e Miguilim. “Campo Geral”)   Os diminutivos do segmento contribuem para criar uma linguagem

  3. 93

    ENEM PPL 2010

    O American Idol islâmico   Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse problema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai para o melhor poeta. O programa, que é transmitido pela Abu Dhabi TV e tem 70 milhões de espectadores, é uma competição entre 48 poetas de 12 países árabes — em que o vencedor leva um prêmio de US$ 1,3 milhão.   Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB teve a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os participantes eram homossexuais). E Millions’ Poet detonou uma discussão sobre os direitos da mulher no mundo árabe. GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010 (fragmento).   No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o termo destacado foi utilizado para estabelecer uma ligação com outro termo presente no texto, isto é, fazer referência ao 

  4. 94

    UEMG 2016

    As últimas do mineiro   Zuenir Ventura   Talvez porque numa das vezes em que alguém bateu com a língua nos dentes um pescoço foi parar na forca, Minas trabalha em silêncio, como se diz. Pode não ser verdade, mas é a versão, que acaba prejudicando mais do que favorecendo a imagem de um estado que, além das riquezas naturais e de uma poderosa tradição política, tem o maior patrimônio histórico-cultural do país. Numa época de predomínio do marketing, em que o importante é mostrar mais do que fazer, ficar calado no seu canto pode não ser um bom negócio.   Como afirma um amigo de Belo Horizonte, “temos os melhores grupos de dança do país, cantores e compositores excelentes, artistas plásticos e grupos teatrais de alta qualidade, mas não divulgamos, temos pudor de nos exibir, de mostrar ao país o que somos”.   Ele acredita que de fora se tem uma visão regionalista limitada à memória e à questão do patrimônio histórico, à longa tradição de pedra e cal da cultura mineira. Sem descuidar desse acervo (só de barroco estão ali 65% do patrimônio nacional), o desafio dos governantes mineiros é mostrar sem reserva o que Minas tem de mais moderno, cosmopolita e contemporâneo.   Mas acho que não será fácil assim. A não ser meu amigo Ziraldo, que adora se mostrar, tendo aliás razão para isso, que outro mineiro vocês imaginam chamando a atenção para o   que está fazendo? Num artigo famoso, Guimarães Rosa listou 66 adjetivos com os quais são caracterizados seus conterrâneos. Eles vão de “acanhado, afável, desconfiado” até “sonso, sóbrio, taciturno, tímido”, passando por “precavido, pão-duro, perspicaz, quieto, irônico, meditativo”.   Fernando Sabino, que conhece a alma mineira como a dele próprio, tem várias histórias para ilustrar como seus conterrâneos ficam sempre na moita. Mineiro não gosta de revelar nem a identidade.   Qual é o seu nome todo? — pergunta o carioca.   Diz a parte que você sabe — desconversa o mineiro.   Nessa aqui o escritor conta o diálogo com um motorista mineiro em Nova York:   Ah, você também é de Minas?   Sou sim sinhô.   De onde?   De Minas mesmo.   Se consegue esconder até de onde é, imagina quando lhe pedem uma opinião política.   Que tal o prefeito daqui?   O prefeito? É tal qual eles falam dele.   Que é que falam dele?   Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo que é prefeito.   Há quem alegue que o que se diz em forma de anedota está longe de ser a verdade sobre Minas, são apenas versões. Então me lembro do dia em que alguém reclamou de José Maria Alkmim: “Criei a frase ‘o que importa é a versão, não o fato’, e todo mundo atribui ela a você. Ao que ele respondeu: “Isso só confirma a frase.”   Portanto, imprima-se a versão.     Assinale a opção em que a mudança na ordem das palavras acarreta alteração de sentido:

  5. 95

    UFG 2007

    TEXTO I Uma luta de adjetivos. Touro indomável foi uma solução mais precisa de Ranging Bull do que seria sua tradução literal, “touro enraivecendo”. A adaptação em português enfatiza o aspecto do termo, não a noção de tempo, como o original permitiria. Uma alternativa, Touro irado, tem igualmente menos força que o adjetivo “indomável”. TEXTO II Million Dollar Baby (a menina de um milhão de dólares) não entrega o ouro de cara: descreve a protagonista que tenta sair da sarjeta por meio do boxe. Emite a ideia de um prêmio a coroar a obstinação da heroína, que vive sentimentos crus e sem afagos. O título em inglês nos induz a uma expectativa que será redefinida. Menina de ouro esvazia a ambiguidade original e confere uma afetuosidade à personagem que não é a tônica da história. Revista Língua portuguesa. São Paulo: Segmento, n. 5, 2006, p. 31-32. No Texto I, a adaptação do título do filme em português, substituindo enraivecendo por indomável, confere ao touro

  6. 96

    UNEMAT 2015

    Só os óio Ao regressar de Mineiros, em Goiás, [...] perdemos a hora de atravessar o Rio dos Bois. Não houve rogos nem promessas que demovessem o balseiro de sua resolução. Eram mais de seis horas e não daria passagem. Tocamos rastro atrás cinco léguas e fomos pedir pouso em casa de um sertanejo pobre, casa de pau-a-pique [...]. Estávamos em julho e o frio era intenso. Ao pedir o pouso, o caipira me perguntou: - Vacê trôxe rede? - Não. - Curchuádo? - Também não. - E cuberta? - Também não trouxe. - Aãã... Intãoce vacê, de durmi, só troxe os óio? (PIRES, Cornélio. Patacoadas. Coleção Conversa caipira. Itu, Ottoni Editora, 2002) Com base no texto e considerando a diversidade da fala dos brasileiros, assinale a alternativa correta.

  7. 97

    UEAP 2013

    Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de autoestima. Ela se deparou com uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico... Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito. Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa. Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir um lar feliz no teu lindo castelo. A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre... Naquela noite, enquanto saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma: - Eu, hein?... nem morta! (pensador.uol.com.br/textos_de_luis_fernando_veríssimo) A expressão nem morta, utilizada no final do texto, apresenta uma relação direta com o fragmento:

  8. 98

    UFLA 2014

    Belo Horizonte — A ditadura do corpo perfeito, pregada a ferro e fogo pela sociedade, tem se transformado em armadilha para aqueles que acreditam que a felicidade está em músculos grandes e em corpos magros e sem gordura. Em busca da beleza escultural, homens e mulheres ingerem e injetam substâncias aparentemente capazes de fazer milagres. Por um lado, deixam o corpo bonito, forte e, aparentemente saudável em pouco tempo. Em contrapartida, esses produtos cobram um preço alto: têm o efeito de um tsunami no organismo, causando doenças graves e, em alguns casos, até a morte. Preocupados com o cenário que já se tornou uma obsessão global, muitos especialistas dizem tentar convencer as pessoas sobre os riscos que elas correm. O esforço, segundo contam, tem sido em vão, principalmente entre os jovens que buscam essa fórmula da beleza a qualquer custo. Disponível em: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/ciencia-esaude/2013/12/16/interna_ciencia_saude,403547/busca-pelo-corpo-ideal-prejudica-a-saude-e-pode-levar-a-morte.shtml Acesso em: 16/7/2014.   Leia as proposições: I – O trecho “pregada a ferro e fogo pela sociedade” representa uma crítica à ditadura do corpo perfeito. II – O uso dos termos “por um lado” e “em contrapartida” constitui um recurso argumentativo que evidencia dois pontos adversos da utilização de medicamentos para a melhoria da estética corporal. III – O sinal de dois-pontos destacado pode ser substituído, sem prejuízo para a correção e o sentido, por “a fim de que”. IV – O uso do termo “segundo” constitui uma estratégia argumentativa que exime o autor de um compromisso relativo à veracidade da afirmação feita. Assinale a alternativa CORRETA:

  9. 99

    UNIFESP 2014

    Leia o soneto de Cláudio Manuel da Costa para responder à questão.     Onde estou? Este sítio desconheço: Quem fez tão diferente aquele prado? Tudo outra natureza tem tomado; E em contemplá-lo tímido esmoreço.   Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço De estar a ela um dia reclinado; Ali em vale um monte está mudado: Quanto pode dos anos o progresso!   Árvores aqui vi tão florescentes, Que faziam perpétua a primavera: Nem troncos vejo agora decadentes.   Eu me engano: a região esta não era; Mas que venho a estranhar, se estão presentes Meus males, com que tudo degenera! (Obras, 1996.)     No contexto em que estão empregados, os termos sítio (1.º verso), tímido (4.º verso) e perpétua (10.º verso) significam, respectivamente,

  10. 100

    INSPER 2012

    Texto I sic - Em latim, significa assim. Expressão usada entre colchetes ou parênteses no meio ou no final de uma declaração entre aspas, ou na transcrição de um documento, para indicar que é assim mesmo, por estranho ou errado que possa ser ou parecer.   (http://www1.folha.uol.com.br/folha/circulo/manual_texto_s.htm)   Texto II A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, recebeu um grupo de 50 manifestantes, que foram de ônibus a Brasília reclamar sobre a demora para receber os recursos do governo federal. (...) Em nota divulgada ontem no site do Ministério da Cultura, Ana de Hollanda disse que o ministério "reconhece, valoriza e tem claro [sic] a necessidade da continuidade" do trabalho dos Pontos de Cultura. A nota, no entanto, não aponta quando o problema deve ser resolvido.   (Folha de São Paulo, 23/02/2011)   Considerando-se as informações apresentadas nos textos, é correto afirmar que o motivo da inclusão do “sic”, no Texto II, é apontar uma falha de

  11. 101

    ENEM PPL 2013

    Uma língua é um sistema social reconhecível em diferentes variedades e nos muitos usos que as pessoas fazem dela em múltiplas situações de comunicação. O texto que se apresenta na variedade padrão formal da língua é

  12. 102

    UNEMAT 2010

    Leia o texto a seguir. “– Pai, vó caiu na piscina. – Tudo bem, filho. (...) – Escutou o que eu falei, pai? – Escutei, e daí? Tudo bem. – Cê não vai lá? – Não estou com vontade de cair na piscina. – Mas, ela tá lá... – Eu sei, você já me contou. Agora deixe seu pai fumar um cigarrinho descansado.” Vó caiu na piscina. In: Andrade, 1987, p.216.    Sobre essa crônica, é correto afirmar.  

  13. 103

    UFPR 2016

    Outras razões para a pauta negativa Venício A. Lima O sempre interessante Boletim UFMG, que traz, a cada semana, notícias do dia a dia da Universidade Federal de Minas Gerais, informa, na edição de 4 de maio, o trabalho desenvolvido por grupo de pesquisa do Departamento de Ciência da Computação (DCC) em torno da “análise de sentimento”, que relaciona o sucesso das notícias com sua polaridade, negativa ou positiva. Utilizando programas de computador desenvolvidos pelo DCC-UFMG, foram identificadas, coletadas e analisadas 69.907 manchetes veiculadas em quatro sites noticiosos internacionais ao longo de oito meses de 2014: The New York Times, BBC, Reuters e Daily Mail. E as notícias foram agrupadas em cinco grandes categorias: negócios e dinheiro, saúde, ciência e tecnologia, esportes e mundo. As conclusões da pesquisa são preciosas. Cerca de 70% das notícias diárias estão relacionadas a fatos que geram “sentimentos negativos” – tais como catástrofes, acidentes, doenças, crimes e crises. Os textos das manchetes foram relacionados aos sentimentos que elas despertam, numa escala de menos 5 (muito negativo) a mais 5 (muito positivo). Descobriu-se que o sucesso de uma notícia, vale dizer, o número de vezes em que é “clicada” pelo eventual leitor está fortemente vinculado a esses “sentimentos” e que os dois extremos – negativo e positivo – são os mais “clicados”. As manchetes negativas, todavia, são aquelas que atraem maior interesse dos leitores. Embora realizado com base em manchetes publicadas em sites internacionais – não brasileiros –, os resultados do trabalho dos pesquisadores do DCC-UFMG nos ajudam a compreender a predominância do “jornalismo do vale de lágrimas” na grande mídia brasileira. Para além da partidarização seletiva das notícias, parece haver também uma importante estratégia de sobrevivência empresarial influindo na escolha da pauta negativa. Os principais telejornais exibidos na televisão brasileira, por exemplo, estão se transformando em incansáveis noticiários diários de crises, crimes, catástrofes, acidentes e doenças de todos os tipos. Carrega-se, sem dó nem piedade, nas notícias que geram sentimentos negativos. Mais do que isso: os âncoras dos telejornais, além das notícias negativas, se encarregam de editorializar, fazer comentários, invariavelmente críticos e pessimistas, reforçando, para além da notícia, exatamente seus aspectos e consequências funestos. Existe, sim, o risco do esgotamento. Cansado de tanta notícia ruim e sentindo-se impotente para influir no curso dos eventos, pode ser que o leitor/telespectador afinal desista de se expor a esse tipo de jornalismo que o empurra cotidianamente rumo a um inexorável “vale de lágrimas” mediavalesco. Disponível em: . Acesso em: 19 maio 2015 (adaptado).   Ao criar o termo mediavalesco que finaliza o texto, o autor associa a media/mídia ao termo medievalesco, ou seja, relativo à Idade Média. Sua intenção, com isso, é ressaltar um aspecto dos meios de comunicação que poderia ser resumido pelo termo:

  14. 104

    UFABC 2007

    Libra (23 set. a 22 out.) Marte e Urano, em seu setor astral de saúde e rotina, anunciam oscilações nos planos que fez para o dia de hoje. A Lua em Virgem sugere uma onda de pensamentos repetitivos e preocupações insistentes que não só ajudam, como distraem  sua atenção. Controle isso para não se acidentar.   A redação que recupera a coesão e torna o trecho em destaque coerente é:

  15. 105

    ENEM 2009

    Cuitelinho Cheguei na bera do porto Onde as onda se espaia. As garça dá meia volta, Senta na bera da praia. E o cuitelinho não gosta Que o botão da rosa caia. Quando eu vim da minha terra, Despedi da parentaia. Eu entrei em Mato Grosso, Dei em terras paraguaia. Lá tinha revolução, Enfrentei fortes bataia. A tua saudade corta Como o aço de navaia. O coração fica aflito, Bate uma e outra faia. E os oio se enche d´água Que até a vista se atrapaia. Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004. Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste no fato de que produções como a canção Cuitelinho evidenciam a

  16. 106

    ITA 2011

                Véspera de um dos muitos feriados em 2009 e a insana tarefa de mover-se de um bairro a outro em São Paulo para uma reunião de trabalho. Claro 11que a cidade já tinha travado no meio da tarde. De táxi, pagaria uma fortuna para ficar parada e chegar atrasada, 6pois até as vias alternativas que os taxistas conhecem estavam entupidas. De ônibus, nem o corredor funcionaria, tomado pela fila dos 1mastodônticos veículos. Uma dádiva: eu não estava de carro. Com as pernas livres dos pedais do automóvel e um sapato baixo, nada como viver a liberdade de andar a pé. Carro já foi sinônimo de liberdade, mas não contava com o congestionamento.             Liberdade de verdade é trafegar entre os carros, e mesmo sem apostar corrida, observar que o automóvel na rua anda à mesma velocidade média que você na calçada. É quase como 2flanar. Sei, como motorista, 12que o mais irritante do trânsito é quando o pedestre naturalmente te ultrapassa. Enquanto você, no carro, gasta dinheiro para encher o ar de poluentes, esquentar o planeta e chegar atrasado às reuniões. E ainda há quem pegue congestionamento para andar de esteira na academia de ginástica.             Do Itaim ao Jardim Paulista, meia horinha de caminhada. Deu para ver que a Avenida Nove de Julho está cheia de mudas crescidas de pau-brasil. E mais uma 3porção de cenas 13que só andando a pé se pode observar. Até chegar ao compromisso pontualmente.             Claro 14que há pedras no meio do caminho dos pedestres, e muitas. 7Já foram inclusive objeto de teses acadêmicas. Uma delas, Andar a pé: um modo de transporte para a cidade de São Paulo, de Maria Ermelina Brosch Malatesta, sustenta que, 8apesar de ser a saída mais utilizada pela população nas atuais condições de esgotamento dos sistemas de mobilidade, o modo de transporte a pé é tratado de forma inadequada pelos responsáveis por administrar e planejar o município.             As maiores reclamações de quem usa o mais simples e barato meio de locomoção são os “obstáculos” que aparecem pelo caminho: bancas de camelôs, bancas de jornal, lixeira, postes. Além das calçadas estreitas, com buracos, degraus, desníveis. E o estacionamento de veículos nas calçadas, mais a entrada e a saída em guias rebaixadas, aponta o estudo.             Sem falar nas estatísticas: atropelamentos correspondem a 14% dos acidentes de trânsito. Se o acidente envolve vítimas fatais, o percentual sobe para nada menos 15que 50% - o que atesta a falta de investimento público no transporte a pé.             Na Região Metropolitana de São Paulo, as viagens a pé, com extensão mínima de 500 metros, correspondem a 34% do total de viagens. Percentual parecido com o de Londres, de 33%. Somadas aos 32% das viagens realizadas por transporte coletivo, que são iniciadas e concluídas por uma viagem a pé, perfazem o total de 66% das viagens! Um número bem 4desproporcional ao espaço destinado aos pedestres e ao investimento público destinado a eles, especialmente em uma cidade como São Paulo, onde o transporte individual motorizado tem a 5primazia.             A locomoção a pé acontece tanto nos locais de maior densidade – caso da área central, com registro de dois milhões de viagens a pé por dia –, como nas regiões mais distantes, onde são maiores as deficiências de transporte motorizado e o perfil de renda é menor. A maior parte das pessoas que andam a pé tem poder aquisitivo mais baixo. Elas buscam alternativas para enfrentar a condução cara, desconfortável ou lotada, o ponto de ônibus ou estação distantes, a demora para a condução passar e a viagem demorada.             9Já em bairros nobres, como Moema, Itaim e Jardins, por exemplo, é fácil ver carrões que saem das garagens para ir de uma esquina a outra e disputar improváveis vagas de estacionamento. A ideia é manter-se fechado em shoppings, boutiques, clubes, academias de ginástica, escolas, escritórios,10 porque o ambiente lá fora – o nosso meio ambiente urbano – dizem que é muito perigoso. (Amália Safatle. http://terramagazine.terra.com.br, 15/07/2009. Adaptado.)   Assinale a opção em que a expressão ou palavra grifada expressa exagero.

  17. 107

    UNESP 2012

    A questão toma por base uma reportagem de Antônio Gois publicada em 03.02.2012 pelo jornal Folha de S.Paulo.   Laptop de aluno de escola pública tem problemas   Estudo feito pela UFRJ para o governo federal mostra que o programa UCA (Um Computador por Aluno), implementado em 2010 em seis municípios, esbarrou em problemas de coordena- ção, capacitação de professores e adequação de infraestrutura.   O programa piloto do MEC forneceu 150 mil laptops de baixo custo a professores e alunos de cerca de 300 escolas públicas. Às cidades foram prometidas infraestrutura para acesso à internet e capacitação de gestores e professores.   Uma das conclusões do estudo foi que a infraestrutura de rede foi inadequada. Em cinco cidades, os avaliadores identificaram que os sinais de internet eram fracos e instáveis tanto nas escolas quanto nas casas e locais públicos.   A pesquisa mostra que os professores se mostravam entusiasmados no início, mas, um ano depois, 70% relataram não ter contado com apoio para resolver problemas técnicos e 42% disseram usar raramente ou nunca os laptops em tarefas pedagógicas.   Em algumas cidades, os equipamentos que davam defeito ficaram guardados por falta de técnicos que soubessem consertá-los.   Além disso, um quinto dos docentes ainda não havia recebido capacitação, e as escolas não tinham incorporado o programa em seus projetos pedagógicos.   Um dos pontos positivos foi que os alunos passaram a ter mais domínio de informática. O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa.   Foram avaliadas Barra dos Coqueiros (SE), Santa Cecília do Pavão (PR), São João da Ponta (PA), Terenos (MS) e Tiradentes (MG). Os autores do estudo não deram entrevista.     O programa foi mais eficiente quando as escolas que permitiram levar o laptop para casa.   Assinale a alternativa que indica a falha de revisão verificada na passagem destacada.

  18. 108

    UFV 2010

    Alta ansiedade   O jornalista americano A. J. Liebling, grande estrela da fase gloriosa da revista New Yorker, e um dos melhores e maiores garfos que as mesas de Paris já conheceram, dizia que pessoas que têm preocupações com a saúde não deveriam escrever nunca sobre comida. Que escrevessem sobre remédios, farmácias, hospitais — mas não sobre o que se deve fazer, e principalmente sobre o que não se deve fazer, na hora de sentar à mesa. Liebling, que passou seguidas temporadas em Paris entre os anos 20 e 50 do século XX, era capaz de bater refeições prodigiosas; numa época em que comer ainda era uma atividade considerada inocente, e numa cidade que oferecia os melhores restaurantes do mundo, ele raramente deixava de tirar todo o proveito possível das três oportunidades que o dia lhe dava para alimentar-se. Achava que só se poderia esperar o pior do interesse que os médicos, então, começavam a manifestar pelo colesterol. Exercício físico, em sua opinião, era um perigo para o peso; só lhe dava mais vontade de comer, enquanto um belo almoço jamais lhe deu vontade de fazer exercício algum. Descreveu um curto período em que decidiu internar-se num spa como “um episódio de insanidade temporária”. Sua filosofia de vida, provavelmente, não deve servir de modelo para ninguém — Liebling morreu com 59 anos de idade, em 1963, algo que, mesmo para a época, era uma partida prematura deste mundo. Mas talvez não seja demais sugerir que se receba com alguma simpatia, nos dias de hoje, a recomendação que ele fez tanto tempo atrás. Num mundo onde cresce sem parar a compulsão para obrigar as pessoas a levar uma vida “correta” no maior número possível das atividades que formam o seu dia a dia, a mesa tornou-se uma das grandes áreas que mais atraem a atenção dos gendarmes empenhados em arbitrar o que é realmente bom para você. É uma provação permanente. Médicos, nutricionistas, personal trainers, editores e editoras de revistas dedicadas à forma física, ambientalistas, militantes da produção orgânica, burocratas, chefs de cozinha, críticos de restaurantes e mais uma multidão de diletantes prontos a dar testemunho expedem decretos cada vez mais frequentes, e cada vez mais severos, sobre os deveres do cidadão na hora de comer. Seria um alívio, sem dúvida, se sobrasse mais espaço para quem não está interessado, não o tempo todo, em receber lições sobre poli-insaturados, nutrientes minerais ou aportes adequados de fibras ao organismo — e gostaria, apenas, de ler ou ouvir um pouco mais sobre comida gostosa. O fato é que toda essa gente, quase sempre com as melhores intenções, acabou construindo um crescente sistema de ansiedade em torno do pão nosso de cada dia — e o resultado é que o prazer de comer bem vai sendo substituído pela obrigação de comer certo. Para começar, o apetite é denunciado, na linguagem hoje corrente, como uma doença; não se trata mais de algo a ser satisfeito, e sim a ser combatido. “Como eliminar seu apetite”, recomendam os títulos de reportagens dedicadas à causa da alimentação sadia. A linhaça, o sorgo e outras coisas alarmantes são apresentados como indispensáveis para uma vida melhor, junto com os iogurtes magros e os bolos secos — isso quando não se cobra a ingestão equilibrada de fitonutrientes, compostos fenólicos ou lipídios não graxos. É preciso, também, comer de forma a preservar a biodiversidade e a reduzir as emissões de carbono; desaconselha-se severamente, por exemplo, o consumo de alimentos produzidos a mais de 150 quilômetros de distância da sua cidade, por exigirem transporte dispendioso em combustíveis e poluidores da atmosfera. Não se vê muita alegria em nada disso. Modelos, atrizes e outras pessoas que precisam pesar pouco para fazer sucesso chegam aos 30 anos de idade, ou mais, praticamente sem ter feito uma única refeição decente na vida. Propõe-se, como uma virtude alimentar, um mundo sombrio de pastas, mingaus, poções, soros de proteína e sabe-se lá o que ainda vem pela frente. Nem na própria casa, com frequência, o indivíduo pode comer em sossego — arrisca-se aos olhares reprovadores dos familiares e a custosas discussões sobre o que ele deve fazer “pelo seu próprio bem”. Não está claro o que se ganha em toda essa história. A perspectiva de morrer, um dia, no peso ideal? Jamais foi provada até hoje a existência de alguma relação entre peso baixo e felicidade; é perfeitamente possível ser magro e infeliz ao mesmo tempo. É algo a pensar. (GUZZO, J.R. Alta ansiedade. Veja. São Paulo, n. 2168, 5 jun. 2010, p. 182.)     “[...] a mesa tornou-se uma das grandes áreas que mais atraem a atenção dos gendarmes empenhados em arbitrar o que é realmente bom para você.” Na frase, o vocábulo “gendarmes” pode ser substituído, sem prejuízo de sentido, por:

  19. 109

    UEL 2016

    Onde há maior engajamento das pessoas no trabalho? Para responder essa pergunta, a consultoria Marcus Buckingham Company fez uma pesquisa em 13 países, entrevistando cerca de mil pessoas de várias empresas em cada um. Os Estados Unidos e a China estão empatados em primeiro lugar (com 19% de engajamento total cada), o que não chega a ser uma surpresa diante da potência de suas economias. Mas aí começam as novidades: em segundo lugar está a Índia, com 17%, e em terceiro, o Brasil, com 16% de engajamento, acima de países como a Inglaterra, o Canadá, a Alemanha, a Itália e a França. Solicitou-se aos entrevistados hierarquizar oito afirmações básicas, como “no trabalho, sei claramente o que esperam de mim” ou “serei reconhecido se fizer um bom trabalho”. Para os autores, a diferença de engajamento em cada país seria explicada de acordo com o grau de confiança que o entrevistado teria sobre a utilização de suas capacidades pessoais no trabalho. Mas há nuances: no Brasil, assim como na França, Canadá e Argentina, a afirmação “meus colegas me apoiam” recebeu também grande destaque, enquanto na Inglaterra e na Índia se valoriza mais o fato de ter colegas que compartilhem os mesmos valores. (Adaptado de: NOGUEIRA, P. E. A preguiça é mito? Época Negócios. ago. 2015. n.102. p.21.)     Com base no trecho “Solicitou-se aos entrevistados hierarquizar oito afirmações básicas”, assinale a alternativa que apresenta a sua correta reescrita.

  20. 110

    UNICENTRO 2011

    Não chore pelo ensino público, vestibulando   O ensino superior privado tem hoje papel importante no desenvolvimento econômico das regiões em que se instala, pois gera emprego em vários níveis, intensifica a procura por qualificação dos professores, desenvolve o comércio e a estrutura de lazer local, promove abertura de livrarias e outros locais dedicados à cultura.   Entretanto, enfrenta até hoje resistência de parte da sociedade, por várias razões, algumas delas de fundo político-ideológico, outras devido a realidades já ultrapassadas, e algumas ligadas a aspectos práticos.   A qualidade da educação superior privada vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Há poucos segmentos da Economia tão fiscalizados, avaliados e cobrados quanto este, através de mecanismos eficazes, algumas vezes draconianos, do Ministério da Educação. Para credenciamento de uma nova instituição e abertura e reconhecimento de novos cursos, avaliam-se as condições acadêmicas, de pessoal, de infraestrutura e de sustentabilidade financeira. E a cada três anos a instituição e os cursos são reavaliados. As inadequações são apontadas e corrigidas, e, no limite, há descredenciamentos e fechamento de cursos.   Um fator mencionado sempre como impeditivo para cursar uma instituição particular é a mensalidade. De fato, dependendo do curso escolhido, da infraestrutura necessária, as mensalidades podem ser altas. Existem, no entanto, mecanismos de financiamento e de bolsas que permitem ao estudante realizar seu curso, através dos programas do governo federal, de bancos estatais e agora até de bancos privados que iniciam seus programas de crédito educativo. Algumas instituições de ensino também ofertam programas próprios de financiamento, sem carência e sem juros, e muitas vezes o estudante beneficiado conta inclusive com acompanhamento pedagógico, que contribui para com o sucesso acadêmico e a preservação do investimento realizado.   Com qualidade e possibilidade financeira, cresce a inclusão qualificada do jovem no mercado de trabalho, melhorando o país como um todo.    Não é fundamental o fato de a instituição de ensino superior ser pública ou privada, mas, sim, de sua capacidade de formar esse profissional e cidadão de excelência. CAMARGO, Wanda. Não chore pelo ensino público, vestibulando. Disponível em: . Acesso em: 30 ago. 2010.   A alternativa cujos vocábulos se equivalem semanticamente, no contexto em que estão inseridos, é a

  21. 111

    UNESP 2013

    A questão toma por base um fragmento de uma peça do teatrólogo Guilherme Figueiredo (1915-1997).     A raposa e as uvas   (Casa de Xantós, em Samos. Entradas à D., E., e F. Um gongo. Uma mesa. Cadeiras. Um “clismos*”. Pelo pórtico, ao fundo, vê-se o jardim. Estão em cena Cleia, esposa de Xantós, e Melita, escrava. Melita penteia os cabelos de Cleia.)   MELITA: — (Penteando os cabelos de Cleia.) Então Rodópis contou que Crisipo reuniu os discípulos na praça, apontou para o teu marido e exclamou: “Tens o que não perdeste”. Xantós respondeu: “É certo”. Crisipo continuou: “Não perdeste chifres”. Xantós concordou: “Sim”. Crisipo finalizou: “Tens o que não perdeste; não perdeste chifres, logo os tens”. (Cleia ri.) Todos riram a valer.   CLEIA: — É engenhoso. É o que eles chamam sofisma. Meu marido vai à praça para ser insultado pelos outros filó- sofos?   MELITA: — Não; Xantós é extraordinariamente inteligente... No meio do riso geral, disse a Crisipo: “Crisipo, tua mulher te engana, e no entanto não tens chifres: o que perdeste foi a vergonha!” E aí os discípulos de Crisipo e os de Xantós atiraram-se uns contra os outros...   CLEIA: — Brigaram? (Assentimento de Melita.) Como é que Rodópis soube disto?   MELITA: — Ela estava na praça. CLEIA: — Vocês, escravas, sabem mais do que se passa em Samos do que nós, mulheres livres...   MELITA: — As mulheres livres ficam em casa. De certo modo são mais escravas do que nós.   CLEIA: — É verdade. Gostarias de ser livre?   MELITA: — Não, Cleia. Tenho conforto aqui, e todos me consideram. É bom ser escrava de um homem ilustre como teu marido. Eu poderia ter sido comprada por algum mercador, ou algum soldado, e no entanto tive a sorte de vir a pertencer a Xantós.   CLEIA: — Achas isto um consolo?   MELITA: — Uma honra. Um filósofo, Cleia!   CLEIA: — Eu preferia que ele fosse menos filósofo e mais marido. Para mim os filósofos são pessoas que se encarregam de aumentar o número dos substantivos abstratos.   MELITA: — Xantós inventa muitos?   CLEIA: — Nem ao menos isto. E aí é que está o trágico: é um filósofo que não aumenta o vocabulário das controvérsias. Já terminaste?   MELITA: — Quase. É bom pentear teus cabelos: meus dedos adquirem o som e a luz que eles têm. Xantós beija os teus cabelos? (Muxoxo de Cleia.) Eu admiro teu marido.   CLEIA: — Por que não dizes logo que o amas? Gostarias bastante se ele me repudiasse, te tornasse livre e se casasse contigo...   MELITA: — Não digas isto... Além do mais, Xantós te ama...   CLEIA: — À sua maneira. Faço parte dos bens dele, como tu, as outras escravas, esta casa...   MELITA: — Sempre que viaja te traz presentes.   CLEIA: — Não é o amor que leva os homens a dar presentes às esposas: é a vaidade; ou o remorso.   MELITA: — Xantós é um homem ilustre.   CLEIA: — É o filósofo da propriedade: “Os homens são desiguais: a cada um toca uma dádiva ou um castigo”. É isto democracia grega... É o direito que o povo tem de escolher o seu tirano: é o direito que o tirano tem de determinar: deixo-te pobre; faço-te rico; deixo-te livre; faço-te escravo. É o direito que todos têm de ouvir Xantós dizer que a injustiça é justa, que o sofrimento é alegria, e que este mundo foi organizado de modo a que ele possa beber bom vinho, ter uma bela casa, amar uma bela mulher. Já terminaste?   MELITA: — Um pouco mais, e ainda estarás mais bela para o teu filósofo.   CLEIA: — O meu filósofo... Os filósofos são sempre criaturas cheias demais de palavras... (*) Espécie de cama para recostar-se. (Guilherme Figueiredo. Um deus dormiu lá em casa, 1964.)     Considerando-se que os papéis desempenhados pela esposa e pela escrava são reveladores do modo como sentem as condições em que vivem, pode-se afirmar que Cleia e Melita encarnam em cena, respectivamente, dois sentimentos distintos:

  22. 112

    ENEM PPL 2014

    Eu vô transmiti po sinhô logo uma passage muito importante, qu’ eu iscutei um velho de nome Ricardo Caetano Alves, que era neto do propietário da Fazenda do Buraca. O pai dele, ele contava que o pai dele assistiu uma cena muito importante aonde ele tava, do Jacarandá, o chefe dos iscravo do Joaquim de Paula, com o chefe dos iscravo do Vidigal, que chamava, era tratado Pai Urubu. O Jacarandá era tratado Jacarandá purque ele era um negro mais vermelho, tá intendeno com’ é que é, né? Intão é uma imitância de cerno de Jacarandá, intão eles apilidaro ele de Pai Jacarandá. Agora, o Pai Urubu, diz que era o mais preto de todos os iscravo que era conhicido nessa época. Intão ele ficô com o nome Pai Urubu. É quem dirigia, de toda confiança dos sinhores. Intão os sinhores cunhiciam eles como “pai”: Pai Urubu, Pai Jacarandá, Pai Francisco, que é o chefe da Fazenda das Abóbra, Pai Dumingo, que era da Fazenda do Buraca. SOUZA, J. Negros pelo vale. Belo Horizonte: Fale-UFMG, 2009.   O texto é uma transcrição da narrativa oral contada por Pedro Braga, antigo morador do povoado Vau, de Diamantina (MG). Com base no registro da fala do narrador, entende-se que seu relato 

  23. 113

    FCMMG 2012

    BRASIL PERGUNTA: DEVEMOS FABRICAR A BOMBA ATÔMICA? Resposta à pergunta do leitor Milton Guarnieri – Recife - Pernambuco SIM Porque a tecnologia necessária à fabricação de uma bomba atômica é a mesma que se utiliza para fins pacíficos, objetivando o desenvolvimento. Impõe-se, neste setor, uma política nacionalista. Para nós, que lutamos por um mundo melhor, não há outra alternativa: é impossível o humanismo sem desenvolvimento; o desenvolvimento sem tecnologia alheia, e ficar sujeitos ao controle de outros povos e outros interesses. Num mundo dividido em nações, renunciaremos a essa categoria e aceitaremos a condição de senzala, se não tivermos uma definida consciência nacional. Temos como poucos as condições para sermos uma grande potência. Não nos faltam técnicos de valor, principalmente no setor nuclear, e dispomos de reservas apreciáveis de minerais atômicos. Poderemos, pois, atingir tranquilamente o progresso que a ciência moderna promete aos povos capazes e corajosos. Livremo-nos dos complexos coloniais e de inferioridade e seremos uma das maiores nações do mundo. Para isso urge libertarmo-nos da subserviência de alguns e da ignorância de muitos. Só não seremos o que todos sonham se não quisermos ou não soubermos. Não vemos razão para que os povos que ainda não possuem armas atômicas – por iniciativa da Rússia e dos Estados Unidos, que já as têm – assumam compromisso de não construí-las, quando os outros não desistem de continuar a fabricá-las. É a tentativa de paralisar a nossa procura de desenvolvimento. Estamos na civilização atômica. Se perdermos a corrida, renunciaremos, definitivamente, às nossas possibilidades de plena realização. Somos pacifistas, mas não abrimos mão de estudos e manipulações científicas que se entrelaçam, quer para fins bélicos ou pacíficos. No mundo atual, para o país ser respeitado, e estar seguro, não podem ter um simples depósito de armas obsoletas. Devemos lutar também para termos armamento atualizado, obtido com tecnologia própria; não se compreende segurança nacional com dependência estrangeira nesse setor. E segurança nacional com armas clássicas não passa, hoje, de simples passatempo de crianças grandes. Não nos convém abandonar nenhuma linha, nenhum caminho que nos conduza ao progresso que queremos deixar aos descendentes de nossa geração. Ivete Vargas Deputada Federal (MDB, S. Paulo)   NÃO A bomba atômica não é um elemento efetivo de segurança nacional. Seu emprego como argumento dissuasório, ainda que discutível, só vale no plano das suas grandes potências nucleares, que não são grandes porque têm a bomba atômica, mas têm a bomba atômica porque são grandes. Nas mãos de potências menores, a bomba atômica perde muito desse sentido e representa mais um risco de guerra do que uma garantia de paz. Sua presença no arsenal de países mal organizados e, portanto, sem a infraestrutura não só militar, como civil, que dá o sentido pleno da segurança nacional, é uma tentação perigosa de querer compensar o desequilíbrio efetivo por uma ação de surpresa. A bomba atômica adquire nesse caso um sentido de intenção ofensiva. Não vejo como qualquer razão de segurança nacional poderia levar o Brasil de hoje a uma aventura e ao mesmo tempo inútil. A bomba atômica também não é condição necessária para o desenvolvimento nuclear de um país. Apesar de certas pessoas – que deveriam demonstrar menos ignorância e mais senso – terem afirmado que o Brasil só entrará na era atômica quando fabricar a bomba, um país pode e deve realizar seu desenvolvimento no sentido de tirar da energia nuclear os inúmeros benefícios que ela pode proporcionar, sem se empolgar pelo prestígio ilusório e perigoso de sua capacidade de fazer mal. Trabalhando para utilizar ao máximo a energia nuclear em atividades pacíficas, conseguiremos com maior economia e segurança atingir o estágio de desenvolvimento que nos permitirá, se a tanto formos obrigados, a construir a bomba atômica. Nessa ocasião, o problema não será mais odesenvolvimento científico, técnico e econômico, mas simplesmente de ordem moral. E é nesse plano que está a decisão futura. Atualmente falta muita coisa ao Brasil, além da bomba atômica. Muita coisa mais simples, mais útil e menos perigosa, que nos pode ser proporcionada pela energia nuclear. E creio que, mercê de Deus, lhe falta principalmente o desejo de acrescentar aos tormentos da humanidade mais uma fonte de inquietação e desesperança. Almirante Otacílio Cunha Presidente do Centro Brasileira de Pesquisas Físicas FONTE: REVISTA REALIDADE – Número 16 – Julho de 1967     Dentre todas as opções em destaque abaixo, marque aquela que NÃO está interpretada de acordo com o seu sentido no texto:

  24. 114

    ENEM PPL 2014

    Senhora   — Mãe, noooosssa! Esse seu cabelo novo ficou lindo! Parece que você é, tipo, mais jovem! — Jura. minha filha? Obrigada! — Mas aí você vira de frente e aí a gente vê que, tipo, não é, né? — Coisa linda da mamãe!   Esse diálogo é real. Claro que achei graça, mas o fato de envelhecer já não é mais segredo para ninguém.   Um belo dia, a vendedora da loja te pergunta: “A senhora quer pagar como?” Senhora? Como assim?   Eu sempre fui a Marcinha! Agora eu sou a dona Márcia! Sim, o porteiro, o motorista de táxi, o jornaleiro, o garçom, o mundo inteiro resolveu ter um respeito comigo que eu não pedi! CABRITA, M. Disponível em: www.istoe.com.br. Acesso em: 11 ago. 2012 (fragmento).   A exploração de registros linguísticos é importante estratégia para o estabelecimento do efeito de sentido pretendido em determinados textos. No texto, o recurso a diferentes registros indica a 

  25. 115

    UTFPR 2016

    Antigamente as moças chamavam-se “mademoiselles” e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo não sendo rapagões, faziam-lhe pé de alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio. E se levavam tábua, o remédio era tirar o cavalo da chuva e ir pregar em outra freguesia. (...) Os mais idosos, depois da janta, faziam o quilo, saindo para tomar a fresca; e também tomavam cautela de não apanhar o sereno. Os mais jovens, esses iam ao animatógrafo, chupando balas de alteia. Ou sonhavam em andar de aeroplano. Estes, de pouco siso, se metiam em camisa de onze varas e até em calças pardas; não admira que dessem com os burros n’água. (Carlos Drummond de Andrade) Sobre o excerto acima, retirado da crônica “Antigamente”, assinale a alternativa correta.

  26. 116

    UEL 2015

    A cavalgada, que lenta subira a encosta, descia-a rapidamente enquanto Atanagildo, visitando os muros, exortava os guerreiros da cruz a pelejarem esforçadamente. Quando estes souberam quais eram as intenções dos árabes acerca das virgens do mosteiro, a atrocidade do sacrilégio afugentou-lhes dos corações a menor sombra de hesitação. Sobre as espadas juraram todos combater e morrer como godos. Então o quingentário, a quem parecia animar sobrenatural ousadia, correu ao templo. (HERCULANO, A. Eurico, o presbítero. 2.ed. São Paulo: Martin Claret, 2014. p.107.)     Assinale a alternativa que apresenta, correta e respectivamente, o que os verbos “exortava” e “pelejarem” (destacados no texto) indicam no texto.

  27. 117

    UNESP 2012

    Leia os dois textos.     Texto I   O livro de língua portuguesa ‘Por uma Vida Melhor’, adotado pelo Ministério da Educação (MEC), contém alguns erros gramaticais. “Nós pega o peixe” ou “os menino pega o peixe” são dois exemplos de erros. Na avaliação dos autores do livro, o uso da língua popular, ainda que contendo erros, é válido. Os escritores também ressaltam que, caso deixem a norma culta, os alunos podem sofrer “preconceito linguístico”. A autora Heloisa Ramos justifica o conteúdo da obra. “O importante é chamar a atenção para o fato de que a ideia de correto e incorreto no uso da língua deve ser substituída pela ideia de uso da língua adequado e inadequado, dependendo da situação comunicativa.” (www.opiniaoenoticia.com.br. Adaptado.)     Texto II   Ninguém de bom-senso discorda de que a expressão popular tem validade como forma de comunicação. Só que é preciso que se reconheça que a língua culta reúne infinitamente mais qualidades e valores. Ela é a única que consegue produzir e traduzir os pensamentos que circulam no mundo da filosofia, da literatura, das artes e das ciências. A linguagem popular a que alguns colegas meus se referem, por sua vez, não apresenta vocabulário nem tampouco estatura gramatical que permitam desenvolver ideias de maior complexidade – tão caras a uma sociedade que almeja evoluir. Por isso, é óbvio que não cabe às escolas ensiná-la. (Evanildo Bechara. Veja, 01.06.2011. Adaptado.)     Assinale a alternativa correta acerca da relação entre linguagem popular e norma culta.

  28. 118

    FCMMG 2008

    A raiva é uma das várias reações naturais do ser humano a uma situação de estresse, mas também pode ser a ponte para futuras preocupações, como crescentes problemas de saúde. Esse e outros desdobramentos da pesquisa que transformou no centro de sua carreira acadêmica estão sendo apresentados pelo psiquiatra norte-americano Redford Williams durante o congresso da Isma (International Stress Management Association), que termina hoje em Porto Alegre.   Autor, entre outros livros, de "Anger Kills and Lifeskills" (algo como "a raiva mata e habilidades da vida", escrito em parceria com sua mulher, Virginia Williams), o pesquisador - formado pela Universidade Yale, atualmente professor de psiquiatria e de ciências do comportamento e diretor do centro de pesquisa nessa área da Universidade Duke, na Carolina do Norte - detalha suas investigações sobre o papel de fatores de ordem psicossocial para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e outras enfermidades.   O pesquisador vem se concentrando especialmente em averiguar que variáveis genéticas tornam determinadas pessoas mais propensas a adoecer em decorrência da exposição a um excesso de estresse. "O uso de critérios genéticos deve melhorar a sensibilidade e a especificidade com que os clínicos podem identificar os indivíduos com o risco mais elevado e, portanto, com maior probabilidade de se beneficiar de intervenções comportamentais", justifica, no material do congresso.   Também na pauta de Williams estão estudos sobre mecanismos que levam a hostilidade a evoluir para a adoção de comportamentos de risco (fumo, alto consumo de álcool, descontroles emocionais etc) e a ocasionar mudanças no corpo humano (como em relação à pressão arterial, ao sistema imunológico e ao metabolizante).   "Em primeiro lugar, precisamos aumentar nossa consciência em relação ao que pensamos e sentimos quando estamos vivendo circunstâncias desgastantes no cotidiano. Depois, temos de avaliar essas reações à luz dos fatos objetivos dessa situação e então podemos tomar uma decisão racional sobre se devemos reduzir nossa raiva ou tomar medidas para modificar aquilo que está nos estressando", afirmou à Folha.   Entender é simples. Difícil, apontam os números, é fazer: de acordo com a Isma, hoje o estresse atinge 70% dos brasileiros, índice semelhante aos registrados ao redor do mundo. "O que temos identificado é que, apesar de hoje haver mais informação e milhares de estudos sobre como lidar com essa questão, os níveis de estresse estão aumentando", afirma a psicóloga Ana Maria Rossi, presidente da Isma no Brasil.   Williams propõe um passo-a-passo que inclua, além da objetividade, realismo - outra palavra-chave para que as emoções possam ser mais bem administradas e que cada um possa exercer um "controle de danos", como descreve, frente a momentos desagradáveis do dia-a-dia.   Para o pesquisador - que chega ao Brasil também com o desejo de implantar no país uma filial da Sociedade Internacional de Medicina do Comportamento, da qual é presidente-, é recomendável ter em mente sempre um plano de ação.   "Quando alguém diz que somos estúpidos por querer assistir a um filme em particular, por exemplo, podemos pedir a essa pessoa que pare de usar tais termos para designar as escolhas de lazer que fazemos. Mas, se estamos parados no meio de um engarrafamento, temos de saber que não há nada que possa ser feito e que precisamos relaxar e diminuir esses níveis de adrenalina que prejudicam a saúde", diz. "Do que estamos tratando aqui é de controle de danos: algo estressante aconteceu e você precisa administrar suas reações e às vezes mudar a situação."   Outras táticas podem ser usadas, ensina o psiquiatra, não somente para lidar melhor com momentos estressantes mas mesmo para evitar que cheguem a acontecer: "Falar claramente, ser um bom ouvinte, praticar a empatia - para entender de onde os outros estão vindo - e buscar oportunidades para injetar elementos positivos nos relacionamentos diários" são algumas delas.   Além do impacto da raiva sobre a saúde humana, o congresso da Isma, que traz como tema desta sétima edição "Trabalho, Estresse e Saúde: Gerenciamento Eficaz - Da Teoria à Ação", ainda coloca em discussão as conseqüências de um ambiente estressante para a produtividade e para as condições físicas e emocionais do trabalhador.   Dentro dessa linha, outro entre os 30 convidados a dissertar sobre os mais novos estudos em desenvolvimento na área, o psiquiatra norteamericano Richard Rahe - um dos pioneiros na formulação de testes sobre estresse - leva ao evento uma pesquisa que indica como as empresas podem diminuir seus custos com saúde e de que forma alguns estabelecimentos da Califórnia conseguiram reduzir em até 34% o número de consultas médicas por parte de seus funcionários.   A administração de fobias sociais também ganha destaque. Em apresentação que acontece no evento gaúcho e se repetirá em agosto em Budapeste, a Isma divulgará as conclusões de um trabalho de três anos, realizado junto a 150 pessoas entre 25 e 60 anos e que resultou no desenvolvimento de um tratamento cognitivo-comportamental para profissionais que têm medo de falar em público. (Denise Mota. "Equilíbrio". Folha de São Paulo, 28 de junho de 2007, p.5)   O vocabulário foi CORRETAMENTE explicado em:

  29. 119

    FGV-RJ 2013

    CAPÍTULO 73 - O Luncheon* O despropósito fez-me perder outro capítulo. Que melhor não era dizer as coisas lisamente, sem todos estes solavancos! Já comparei o meu estilo ao andar dos ébrios. Se a ideia vos parece indecorosa, direi que ele é o que eram as minhas refeições com Virgília, na casinha da Gamboa, onde às vezes fazíamos a nossa patuscada, o nosso luncheon. Vinho, frutas, compotas. Comíamos, é verdade, mas era um comer virgulado de palavrinhas doces, de olhares ternos, de criancices, uma infinidade desses apartes do coração, aliás o verdadeiro, o ininterrupto discurso do amor. Às vezes vinha o arrufo temperar o nímio adocicado da situação. Ela deixava-me, refugiava-se num canto do canapé, ou ia para o interior ouvir as denguices de Dona Plácida. Cinco ou dez minutos depois, reatávamos a palestra, como eu reato a narração, para desatá-la outra vez. Note-se que, longe de termos horror ao método, era nosso costume convidá-lo, na pessoa de Dona Plácida, a sentar-se conosco à mesa; mas Dona Plácida não aceitava nunca. Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas. (*) Luncheon (Ing.): lanche, refeição ligeira, merenda.   Uma palavra, própria da língua escrita, foi empregada figuradamente, no texto, para caracterizar uma ação não verbal. Ela aparece no seguinte trecho:

  30. 120

    UFSC 2014

    A história da Administração é recente. No decorrer da história da humanidade, a Administração se desenvolveu com uma lentidão impressionante. Somente a partir do século XX é que ela surgiu e apresentou um desenvolvimento de notável pujança e inovação. Nos dias de hoje a sociedade típica dos países desenvolvidos é uma sociedade pluralista de organizações, na qual a maior parte das obrigações sociais (como a produção de bens ou serviços em geral) é confiada a organizações (como indústrias, universidades e escolas, hospitais, comércio, comunicações, serviços públicos etc.) que são administradas por dirigentes para se tornar mais eficientes e eficazes. No final do século XIX, contudo, a sociedade era completamente diferente. As organizações eram poucas e pequenas: predominavam as pequenas oficinas, artesãos independentes, pequenas escolas, profissionais autônomos (como médicos, advogados, que trabalhavam por conta própria), o lavrador, o armazém da esquina etc. Apesar de o trabalho sempre ter existido na história da humanidade, a história das organizações e de sua administração é um capítulo que teve seu início há pouco tempo. CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à teoria geral da Administração. 6. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2000. p. 25-26.   Analise as afirmativas abaixo, a respeito dos elementos constitutivos do texto. I. O trecho “que trabalhavam por conta própria” tem sentido equivalente ao da expressão “profissionais autônomos”. II. Os três trechos entre parênteses no texto exemplificam, respectivamente, “obrigações sociais”, “organizações” e “profissionais autônomos”. III. O pronome “ela” se refere ao termo “humanidade”, ambos destacados no texto. IV. Em “que são administradas por dirigentes para se tornar mais eficientes e eficazes”, o pronome “que” se refere a “obrigações sociais”. V. O sinal de dois pontos introduz uma complementação do que é dito em “As organizações eram poucas e pequenas”.   Assinale a alternativa CORRETA.

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